Menu
Brasília

Natal movimenta o comércio do DF, mas vendas crescem em ritmo mais cauteloso

Shoppings registram corredores lotados na véspera da data, enquanto feiras populares sentem consumo mais contido

Camila Coimbra

24/12/2025 7h00

natal vendas

Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

O Jornal de Brasília percorreu alguns dos principais centros comerciais da capital e ouviu consumidores na véspera de Natal para retratar a corrida às compras que tomou conta do Distrito Federal. Shoppings lotados, corredores cheios e filas nas lojas marcaram o ritmo acelerado do comércio, impulsionado por quem deixou a escolha dos presentes para a última hora ou aproveitou os dias finais antes da data para concluir as compras de fim de ano.

A expectativa é de que pelo menos 150 mil pessoas circulem pelo comércio do Distrito Federal nesta quarta-feira (24), véspera de Natal. Conforme a Convenção Coletiva de Trabalho firmada entre o Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista) e o Sindicato dos Empregados no Comércio, as lojas podem funcionar até as 19h. Caso ainda haja clientes dentro dos estabelecimentos após esse horário, o atendimento deve ser mantido até a conclusão das compras.

Segundo Sebastião Abritta, presidente do Sindivarejista-DF, os itens mais procurados neste Natal seguem concentrados em roupas, calçados, brinquedos e objetos para o lar, repetindo o padrão observado em anos anteriores. Apesar da forte circulação de consumidores, a expectativa do setor é de um crescimento mais moderado nas vendas. A projeção é de alta de 2,3% em relação ao mesmo período do ano passado, abaixo dos 4,7% registrados no Natal anterior.

De acordo com Abritta, o comportamento mais cauteloso do consumidor reflete compromissos financeiros típicos do fim de ano, como viagens de férias, pagamento de condomínio e despesas com matrícula e material escolar. “O consumidor está mais cuidadoso com o orçamento e priorizando gastos fixos antes de ampliar as compras de Natal”, afirma. Ainda assim, destaca o impacto positivo do pagamento de fim de ano. “O 13º injetou cerca de R$11 bilhões na economia do DF em 2025, frente aos R$10 bilhões do ano passado. Esse recurso ajuda a sustentar o consumo e garante um fluxo importante de clientes nas lojas”, ressalta.

Entre os consumidores que estão na corrida às compras está Henrique, de 21 anos, estudante de dança, que concilia a faculdade com o trabalho e mora na Ceilândia Norte. Ele avalia de forma positiva a movimentação observada nos últimos dias antes do Natal. “Eu estava meio desconfiado, porque o pós-pandemia foi bem complicado, mas achei o comércio até bem movimentado”, relata. Na busca pelo presente do amigo oculto, Henrique conseguiu encontrar o que procurava, embora tenha sentido os preços mais elevados. “O valor está um pouco salgado, mas faz parte”, comenta.

Já Stephanie, de 33 anos, enfermeira e moradora de Taguatinga, percorreu vários shoppings antes de chegar ao Conjunto Nacional. ParkShopping, Taguatinga Shopping e JK Shopping fizeram parte do trajeto dela em buscas dos presentes com bom custo benefício, todos com o mesmo cenário de corredores cheios e lojas lotadas. “Todos os shoppings que eu passei estão com o mesmo cenário, tudo muito cheio e bastante movimentado, seja nos corredores, nas lojas, nas filas dos caixas. É uma verdadeira competição”, relata. Para ela, as compras vão além do consumo. “É uma forma de agradecer e reconhecer as pessoas pelo ano que passou. Não vou participar de amigo oculto, mas optei por presentear os familiares, seja com presentes ou chocolates”, afirma.

Outro exemplo da intensa circulação de consumidores é Carla Gabriela, de 25 anos, moradora de Sobradinho I. Acompanhada da mãe, Sônia Machado, de 64 anos, e da filha Eloíse, de seis, ela esteve no Conjunto Nacional para garantir os últimos itens antes do Natal. “Está bem cheio, mas os valores estão até em conta, comparado a outros anos. Nossas compras são para nossa família, roupas e calçados para participar do Natal, que será fora de casa, com os parentes no Lago Sul”, comenta.

Comércio local

Se nos shoppings o movimento é intenso, nas feiras populares o cenário é mais cauteloso. Na Feira do Guará, o comerciante Elpídio Coelho dos Santos, de 61 anos, observa um desempenho abaixo do esperado. Há nove anos no local, ele estima que o faturamento deste Natal deve ficar entre 20% e 30% abaixo do registrado no ano passado. Segundo o feirante, atrasos no pagamento de salários de servidores públicos podem ter influenciado o consumo. “Muita gente ainda não recebeu, e isso interfere diretamente na decisão de compra”, afirma.

O contraste entre shoppings lotados e a cautela de parte do comércio popular revela um Natal marcado por forte movimentação, mas também por escolhas mais ponderadas do consumidor brasiliense na reta final do ano.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado