Por Luís Nova
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“Minha vida acabou. Não sei como será amanhã”, desabafa o proprietário da loja de arma de fogo Delta Guns, Tiago Henrique, após contabilizar o enorme prejuízo em seu comércio em Ceilândia. Criminosos quebraram a parede do comércio vizinho para acessar a empresa de Tiago, cortaram a internet, desativaram os sistemas de monitoramento, arrombaram os cofres e levaram aproximadamente 100 armas de fogo, com valor aproximado de R$500 mil. O Exército Brasileiro (EB) informou que a loja está regular e pode comercializar armamento.
O crime aconteceu no último fim de semana. De acordo com Tiago, ele só tomou ciência do furto na segunda-feira pelo proprietário da imobiliária.

“O dono do prédio me ligou falando que invadiram minha loja. Corri até lá e me deparei com essa situação, nunca imaginei que iriam conseguir acessar o cofre”, conta Tiago.
De acordo com o empresário, toda a segurança da loja era reforçada, inclusive colocou mais equipamentos de proteção do que o exigido em lei. “Tinha R$ 120 mil de equipamentos de segurança. O vidro é blindado, o cofre é todo concretado. Temos 16 câmeras de segurança”, explica.

“Para acessar o cofre a gente fez além do que a legislação pedida. Enquanto ela pedia uma restrição apenas na sala cofre a gente fez na loja toda. Colocamos três portas a mais. A parede que eles quebraram ainda tinha grade e os bandidos tiraram”, relata o empresário.
A quantidade de arma furtadas, munições, prejuízos com os aparelhos de segurança e o dinheiro, que tinha no cofre, ainda estão sendo contabilizados. De acordo com o proprietário, o prejuízo deve chegar a mais de R$ 500 mil, com o furto das armas.
O Jornal de Brasília entrou no estabelecimento furtado acompanhado com o empresário. É notável que o arrombamento foi feito por especialistas, pois nem as ferramentas do crime estavam na loja e o recorte na parede era visivelmente linear. Tiago ainda revelou que os peritos da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) falaram, informalmente, que os criminosos possivelmente estavam usando luvas, pois não havia vestígios de digitais.
Os bandidos acessaram a loja de armamento pelo comércio vizinho e também entendiam a rotina do estabelecimento. Durante a madrugada, quebram uma parede para desativar o sistema de segurança e outra para acessar dentro da loja. Em seguida, arrombaram os cofres e fizeram a limpa nos estoques, inclusive levaram o sistema de monitoramento.

Sonho despedaçado
O sonho de empreender virou um pesadelo com o arrombamento do comércio, que funcionava há 2 anos no local. O empresário agora busca força para se reerguer e busca uma solução para conseguir honrar os clientes, que tiveram as armas furtas.
“Minha esposa está em choque. Eu estou em choque e com medo. Não sei o que fazer. O difícil agora é de onde a gente vai conseguir dinheiro para pagar a prestação da casa, para compra comida. Levaram tudo. É a mesma coisa de começar do zero. A primeira coisa que farei será fechar a loja”, desabafa Tiago.
Loja não vendia fuzil
Diferente do que alguns veículos de comunicação veicularam de forma equivocada, a Loja Delta Guns não comercializa fuzis, armamentos de grosso calibre. A especialidade da loja são revólveres, pistolas e escopetas de uso permitido na legislação vigente.
Loja regular

De acordo com o Comando Militar do Planalto do Exército Brasileiro (CMP/EB) a loja tem autorização para o funcionamento. “Informamos que a loja Delta Guns opera regularmente e possui todas as licenças necessárias para a comercialização de armamentos e demais produtos controlados”, explica o Comando Militar do Planalto.
“Ressaltamos que a loja foi alvo de uma fiscalização durante a Operação Controle II, realizada no período de 3 a 7 de junho de 2024, e nenhuma irregularidade foi encontrada na ocasião. Nesta terça-feira (11), uma nova equipe de fiscalização foi enviada ao local para realizar uma nova inspeção adicional e demais diligências”, conclui a Pasta.
Investigação

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) disse que não pode dar detalhes do caso e que a ocorrência do arrombamento está aos cuidados da delegacia especializada da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri). “O fato está sendo apurado. Não serão divulgadas informações para não prejudicar as investigações”, informou a PCDF.
Arrombamentos de comércios
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) informou que os crimes contra o patrimônio do DF diminuíram em relação ao mesmo período do ano anterior. “No comparativo do primeiro quadrimestre, o DF apresentou redução de 17,7% nos Crimes Contra o Patrimônio (C.C.P.), que engloba os roubos a transeunte, em residência, de veículo, em transporte coletivo, em comércio e o furto em veículo, monitorados prioritariamente pela pasta. Isso representa 1.422 roubos e furtos a menos no DF”, informa a SSP.
A Secretaria também informou que a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) remaneja a tropa para locais mais sensíveis da cidade. “A corporação atua na implementação de medidas que visam aumentar a segurança nas regiões administrativas, direcionando o efetivo policial em áreas consideradas críticas, intensificando o patrulhamento ostensivo, e realizando operações específicas de combate à criminalidade”, conclui a SSP.