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Brasília

Médico alerta que hospitais podem estar se enchendo por casos leves

Segundo diz, além de congestionar a saúde do DF, ir para o hospital por um motivo brando pode colocar o paciente em risco

Guilherme Pontes

10/05/2024 23h59

Atualizada 11/05/2024 0h02

Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília

Hospitais podem estar se enchendo por problemas respiratórios que não exigem cuidado intensivo. Segundo aponta Stenio Ponte, médico otorrinolaringologista, diretor da Otorrino DF, e membro da associação brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia (ABOC), um período de maior ocorrência de doenças respiratórias estaria ajudando a encher os hospitais de DF, sobrecarregando o sistema de saúde desnecessariamente e expondo pacientes com casos leves a doenças potencialmente graves.

Segundo afirma o médico, o motivo de as doenças respiratórias estarem aumentando se deve a um evento respiratório anual, que ocorreu de ser adiantado alguns meses. “Sazonalmente falando, em junho aumenta 30% na busca de hospital por doenças respiratórias. O fato é que se antecipou para abril esse movimento, ou seja, esse 30% de aumento que já era esperado está gerando um caos porque está somando com o número de dengue que não tinha antes”, afirma.

A maior parte das pessoas que estariam procurando tratamento em hospitais, mediante algum sintoma gripal ou de natureza respiratória, o estariam fazendo sem a necessidade de atendimento em dependências como essas, segundo afirma o profissional. De acordo com Stênio, ambientes hospitalares são voltados a casos graves como asma grave, pneumonia, falta de ar, ou a própria dengue. Sintomas respiratórios simples podem, dessa forma, ser tratados em ambientes de atendimento clínico, como UBSs ou clínicas particulares.

Segundo afirma  o médico, as consequências de ir a hospitais sem a devida necessidade é, não apenas sobrecarregar esses ambientes, mas se expor a doenças mais graves. “A população normal que adoece uma vez por ano, que tem imunidade boa, que não tomam nenhum medicamento que comprometa a imunidade, não precisa estar dentro do hospital porque, se pensar por outro ângulo, hospital é lugar de gente doente. Se uma pessoa vai para o hospital com uma virose pode sair de lá com uma pneumonia, ou com uma meningite. Meningite em criança é uma doença grave”, afirma.

Dito isso, existe uma parcela do público que pode se encaminhar para o ambiente hospitalar ao primeiro sinal de um mal respiratório. Pessoas com condições que exigem um cuidado mais próximo e que podem evoluir facilmente para uma condição grave. Seriam elas as crianças com histórico de asma e de bronquite, que já tiveram internação por falta de ar, pneumopatas, pessoas que têm doenças crônicas, doenças reumatológicas, doenças autoimunes, doenças oncológicas que deixam a imunidade muito baixa. “Para esse tipo de público a gripe vira uma pneumonia”, afirma o médico.

“O público grave tem que obviamente continuar indo para o hospital, mas é importante desafogar esses ambientes com essas doenças respiratórias, que podem ser perfeitamente conduzidas no consultório. E aí se a gente avaliar que tem que ir para o hospital, que é um risco , a gente mesmo encaminha para o hospital. Hoje eu mando 2% dos nossos pacientes para o hospital e o hospital manda 50% para o consultório”, afirma. Segundo diz, o principal motivo das pessoas se encaminharem primeiro a um hospital ao invés de um ambiente clínico se dá pelo trauma de dois anos de pandemia. “Todo mundo teve alguém próximo que teve um caso grave. É outro fator que está levando a aglomeração nos hospitais”.

O médico diretor do consultório Otorrino DF termina com uma recomendação. “A seca já chegou e nada melhor do que a prevenção, e a hidratação para prevenir que a doença se instale de fato. A gente percebe que muita pneumonia, muita asma, muita bronquite advém de uma simples rinite. Um estado gripal quando não bem tratado evolui para isso”, finaliza.

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