O sonho era conquistar a primeira colocação, mas garantir a primeira medalha brasileira feminina na luta olímpica também não deixou de ser um grande resultado para Rosângela Conceição. Nesta quinta-feira, ela venceu a dominicana Sulmira Brea na repescagem da categoria 72kg, garantindo a medalha de bronze.
“Fico feliz porque foi um resultado bom para a luta, mas claro que eu preferia que fosse a de ouro”, conformou-se a ex-judoca. Reserva de Edinanci Silva na categoria meio-pesado nos Jogos Olímpicos de Atlanta-96, a paulista migrou para a luta olímpica em 2004, depois de ficar sem vaga para os Jogos de Atenas.
Principal esperança de medalha na modalidade no Rio, ela foi superada apenas pela campeã do torneio, a norte-americana Kristie Marano. “Queria ter dado mais”, confessa a brasileira. No duelo que lhe tirou a chance de estar no topo do pódio, ela acredita que poderia ter feito um trabalho tático mais elaborado.
Mesmo sem a primeira colocação, o técnico Jefferson Oliveira não conseguia disfarçar a emoção pelo resultado da atleta. “Ela merece porque é uma batalhadora”, afirma, vendo em Rosângela um espelho da mulher brasileira. “A Rosângela representou todas as brasileiras, conseguindo com garra e coragem superar todas as dificuldades”.
E dificuldades não faltaram no caminho da atleta até o Pan. Uma delas foi a falta de recursos para treinar no Canadá. O auxílio veio de amigos, que bancaram parte da despesa. “Ela provou que as mulheres que têm esta garra podem chegar a qualquer lugar. Este é um bronze com valor de ouro”.
Sempre sorridente e com o cabelo caprichosamente trançado – a cabelereira Eunice fez um penteado especial para os Jogos -, Rosângela só lamentou que outras companheiras de equipe também não tivessem subido no pódio.
Definida a situação nos Jogos, a lutadora se prepara para o próximo desafio: reunir recursos para mais um período de treinamento no Canadá. O objetivo é fazer uma boa preparação para o Campeonato Mundial, em setembro, no Azerbaijão.
“Ainda preciso conseguir o dinheiro”, confessa sem perder o sorriso do rosto. Para o técnico Oliveira, só o que falta para Rosângela figurar entre as melhores do mundo é mais intercâmbio internacional. “Ela só precisa acompanhar o Circuito lá fora. Se conseguir isso, pode ficar entre as cinco melhores do mundo”.
O objetivo da dupla é levar a atleta de 33 anos aos Jogos Olímpicos de Pequim-2008. Segundo o treinador, a classificação fica assegurada caso ela esteja entre as oito primeiras do ranking internacional.