O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que aceita uma investigação sobre os gastos dos Jogos Pan-Americanos e acusou de “chantagem” as categorias que lançaram ameaças de greve às vésperas do evento.
» Confira a galeria de fotos do Pan-2007
Lula sempre defendeu os gastos com a competição, que saltaram de um orçamento inicial de R$ 414 milhões em 2002 para R$ 3,7 bilhões. “Os companheiros que são responsáveis pelo Pan gastaram o que precisavam gastar, fizeram as licitações que precisavam fazer. Agora, quem achar que gastou demais peça para fazer uma fiscalização”, disse.
O petista se eximiu de culpa na discrepância entre os valores, dizendo que “em 2002 nem estava no governo ainda”. Ainda admitiu que algumas obras, como as reformas do Maracanã e do Maracanãzinho, foram tocadas “às pressas, pois estavam atrasadas”. Atribuiu isso ao péssimo relacionamento com o casal Garotinho, que governava o Rio. “Melhorou 1.000% depois que entrou o Sérgio Cabral.”
O ministro do Esporte, Orlando Silva, que acompanhou a entrevista ao lado de Lula, reconheceu erros de planejamento, mas disse que só vai falar sobre isso após o Pan.
A partir de agora, segundo Lula, “o Brasil precisa competir todas as vezes em que tiver competição para uma Olimpíada e dizer que tem capacidade.”
Lula também insistiu na qualidade dos equipamentos como explicação para os gastos. “Para mim, o que importa é o resultado da qualidade da seriedade com que o governo tem trabalhado os seus investimentos no Pan, acompanhado pelo Tribunal de Contas da União. Se, apesar disso, alguém achar que houve gasto, que proponha a investigação. O Tribunal de Contas está lá para isso.”
Chantagem
Hoje Lula fez o mais duro ataque até agora aos servidores públicos que ameaçaram entrar em greve a poucos dias do Pan, como a Polícia Civil do Rio, a Polícia Rodoviária Federal e a Infraero. “O que acho ruim é as pessoas esperarem um evento internacional para fazer chantagem”, disse, e avisou: “O governo vai tomar todas as atitudes para evitar prejuízo aos Jogos.”