Menu
Brasília

Livro de poesias faz pré-lançamento em árvores de Brasília

O volume III do livro de poesias “A Flor Que Rompe Os Muros” teve uma divulgação prévia do lançamento presencial da obra em alguns pontos de Brasília

Redação Jornal de Brasília

26/02/2021 12h47

Com o objetivo de convidar o público para o lançamento presencial, neste sábado (27/2), às 16h, no Ernesto Café, na 108 Norte, a obra “A Flor Que Rompe Os Muros – Volume III” traz versos inéditos em árvores do Distrito Federal.

O volume III do livro de poesias “A Flor Que Rompe Os Muros” teve uma divulgação prévia do lançamento presencial da obra em alguns pontos de Brasília. Em forma de convite ao público, foi feita uma parceria com a arte de rua Poesia na Casca, que amarra poesias plastificadas com barbante em troncos de árvores do Distrito Federal. O evento ocorre neste sábado (27/2), das 16h às 19h, no Ernesto Café Especiais, na comercial da Quadra 108 Norte.

A parceria conta com uma poesia para cada seis escritores do livro, que toparam colaborar com a divulgação em amarrar um exemplar da intervenção urbana. Maria Gabrielle, 24 anos, Victoria Italiano, 24, Eduardo Matos, 26, Lucas Souza, 24, Pedro Gabriel Leite, 23, e o organizador da intervenção artística, Pedro Marra, 25, são os participantes.

“Foi uma ideia que tive para impulsionar a divulgação do projeto pelas ruas, onde podemos ganhar mais público ou simplesmente fazer as pessoas refletirem sobre si próprias e a vida delas com os nossos versos. Esse é o papel do Poesia na Casca, e da arte em si. Fiquei muito feliz com a aceitação dos meus colegas do livro. Tomara que alguém, ao passar perto de uma poesia nossa, admire como pode admirar o nosso livro no lançamento presencial”, afirma Marra.

“Mais vale beijar pelo olhar / do que dar um beijo na boca / e não se arrepiar”. Essa foi a poesia da Flor III, “Olhar-batom”, que Marra escolheu para expor na Praça Eduardo e Mônica, no Parque da Cidade Sarah Kubitschek. “É um lugar bom para as pessoas lerem com mais calma, e também tem a relação literária com a banda Legião Urbana. Além disso, essa poesia reflete um fato que ocorre com frequência por lá, que são os flertes e as trocas de olhares entre as pessoas, o que não deixa de ser poético. Por ser um local arejado e com boa circulação, é propício para ler uma Poesia na Casca”, garante.

O lançamento presencial terá um limite de 50 convidados para evitar aglomerações. Segundo Marra, que também é um dos organizadores do evento, os próprios poetas farão o controle do distanciamento social de 1,5m entre as pessoas, além de exigirem o uso de álcool em gel e máscara no espaço. “Entendemos que é necessário fazer o evento presencial para deixar registrado em nossa memória, mas também estamos preocupados em levar a maior segurança possível nesta pandemia da covid-19, que ainda não acabou, apesar da vacinação ter começado no DF”, conclui o poeta.

Setor Bancário Sul

A poetisa Maria Gabrielle, 24 anos, escolheu amarrar uma poesia na praça do Setor Bancário Sul (SBS) devido ao elo materno que o local representa. “Gostaria que a poesia ficasse próxima da minha mãe, para que todo dia ao ir trabalhar ela tivesse um pouquinho de mim pelo caminho. Segundo, é um local que eu sempre ia para respirar um pouco e dar boas risadas após uma manhã puxada na faculdade. Então a Galeria dos Estados me remete uma leve nostalgia de onde eu buscava paz. Além do mais, é um local bem aconchegante, tranquilo, onde as pessoas sentam para ler e conversar. Acredito que estes simples versos podem remeter boas reflexões ou somente uma frase leve e bonita para acrescentar o dia de quem for ler”, analisa

Gabrielle elegeu a poesia “Vida” para participar da parceria com a intervenção artística. “Se desprenda de medos e apegos, / escapando de tristezas / e florescendo para as alegrias. / Feche teus olhos, sinta o vento / e abrace a vida por mais e mais uma vez. (…)”, diz o trecho escolhido.

“Acredito que seja uma parceria construtiva, muito pelo fato de termos poesias soltas pelas árvores de Brasília. Acredito também que um simples verso possa motivar ou fazer refletir quem passa por perto. É gratificante ter nossas escritas registradas em algum canto público da cidade”, conclui a poetisa.

Poesias na UnB

Outra escritora participante é Victoria Italiano, 24. Formada em Letras pela Universidade de Brasília (UnB), ela escolheu o Instituto Central de Ciências Sul (ICC Sul), no Campus Darcy Ribeiro, para ter uma poesia da Flor III. A moradora de Ceilândia traz o verso da poesia Vermelho: “Amor de corpo para a alma toda / Para todos os fins rubricados em mim / Teu beijo declara e confirma enfim: / Nós dois somos eternos no prazer carmesim (…)”, diz um trecho.

Victoria conta o motivo de ter escolhido o ICC Sul para ser contemplada com uma poesia na casca. “É onde fica o departamento do meu curso, e é o lugar da UnB que eu mais frequentei durante minha graduação. Sei que o ICC sul é lar de muitos artistas, e queria compartilhar um pouco de mim nesse ambiente que tanto me acolheu e me ensinou. De alguma forma, a poesia nos une como uma espécie, e o Poesia na Casca traz essa noção para o dia a dia, como se a gente quisesse ser lembrado da nossa humanidade. Acho que essa parceria só fortifica a Flor, dando mais visibilidade para um projeto belíssimo”, afirma.

No outro lado do famoso Minhocão, no ICC Norte, também há uma Poesia na Casca em parceria com a Flor III. O texto é do poeta Eduardo Matos, 26 anos, que faz mestrado em Literatura na universidade. Ele teve o seguinte verso amarrado: “paisagem / as palavras das coisas apenas aparentes / enquanto ao solto alinhamento indo sob as costas / minhas como o pouso dos ombros (…)”, diz a parte de uma poesia sem título do escritor.

O jovem diz que escolheu o local pela relação acadêmica durante os últimos anos. “Acho que tenho identificação com a cultura universitária de Brasília em geral. Acredito que [essa parceria] possa ser importante para divulgar o projeto. Imagino que as pessoas possam refletir sobre as minhas poesias enquanto estiverem andando. A poesia não é só um texto que se lê para uma utilidade qualquer, como os textos que geralmente estão nos murais. Então, quem sabe, seja o tipo de escrita que atravesse o cotidiano delas naquele dia”, comenta.

Vila Planalto

Organizador da Flor III, Pedro Leite teve sua poesia amarrada na Praça Nelson Corso, localizada na Vila Planalto, onde morou aqui no DF. Ele decidiu expor os versos da poesia Exigências da sociedade para participar da parceria com a intervenção artística: “Ontem, meu amigo Fernando / foi preso por tráfico de drogas / seu pai, pedreiro, chorou como criança. / Me disse: dinheiro fácil né? (…)”, escreveu.

“A colaboração com o ‘Poesia na Casca’ é fundamental. Em tempos pandêmicos, encarna as nossas poesias, lhe dá materialidade, espaço, voz e oportunidade de ser vista e reconhecida. Pelas distâncias, o projeto nos aproxima, traz uma visualização legal aos nossos poemas. Tornando a Flor mais real e presente”, comemora Pedro.

Guará

A praça da QE 20, no Guará I, é outro local contemplado por uma poesia na casca. São os versos de Lucas Souza, 24 anos, formado em Biologia. “Caminhos, / tantos, / que caminho, / tanto, / até encontrar um / onde eu caminhe leve / ca’minha vida”, diz o verso da poesia Pedras douradas, definida para a parceria com a arte de rua.

Ele relata que começou a escrever com maior frequência aos 16 anos, e teve mudanças pessoais no processo da escrita. “Minhas primeiras escritas espontâneas se resumiam sobretudo a cartas para amigos ou familiares em datas festivas. Em 2016, com 19 anos, comecei a escrever por meio de diários como um meio de registrar meus dias, impressões e sentimentos vividos. No ano seguinte, transitei para um estilo de escrita mais reflexivo e livre. Só em 2019, com 22 anos, comecei a escrever poesias. Inicialmente, era uma forma de expressão secundária aos textos reflexivos, mas logo o gosto cresceu e a poesia ganhou a importância que hoje tem para mim. De longe, 2020 foi o ano em que mais escrevi e amadureci minha poesia, consolidando esse estilo como meu refúgio pessoal artístico”, esclarece.

Souza adianta que os leitores poderão se sentir humanos por meio de minha escrita, “tanto luz e cores quanto sombras e dores. As poesias escolhidas trazem autorreflexão, por meio de uma potencial identificação do leitor em um espaço de humanidade, e críticas de cunho ambiental e anticapitalista, pautas essas extremamente incômodas para mim”, finaliza Souza.

Em 29 de janeiro, A Flor Que Rompe Os Muros – volume III teve um lançamento virtual. A obra foi lançada no canal do YouTube do organizador do livro, Pedro Leite.

A Flor Que Rompe Os Muros – volume III
Data: sábado (27/02)
Local: Ernesto Café Especiais – 108 Norte, Conjunto D, Bloco 24
Horário: das 16h às 19h
Valor do livro: R$ 30

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado