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Brasília

Gary Hall, o marrento

Arquivo Geral

13/07/2007 0h00


Foi com andar lento, rosto despreocupado, vestindo calça jeans, camisa preta, tênis e ostentando um bigodinho, que Gary Hall Jr. chegou ontem ao Parque Aquático Maria Lenk. Nem parecia integrar a equipe norte-americana de natação. Fazia muitos não acreditarem que ali estava o bicampeão olímpico dos 50m livre, que já subiu mais outras oito vezes a um dos degraus do pódio nos Jogos continentais.

Enquanto seus companheiros de seleção treinavam, ele se concentrava nos exercícios de alongamento. Uma longa sessão. Piscina mesmo, só por uns 15 minutinhos e no tanque de saltos.

Em alguns períodos na carreira, abriu mão de um técnico. Depois, atendeu a um pedido de foto e cumprimentou César Cielo, que o procurava. “Cadê o meu rival?”, ria o jovem velocista que já venceu Hall numa competição nos EUA e foi avisado lá mesmo de que a história aqui poderia ter outro fim.

Hall seguiu para o vestiário e pediu desculpas, mas só falaria com a imprensa hoje, porque tem diabetes e a viagem o desgastou. Ele descobriu o problema em 1999, ficou desorientado e pensou em se aposentar. Os patrocinadores sumiram. Vendeu o carro para tentar ir à Olimpíada de Sydney-2000. Não só foi. Venceu!

Quem conhece bem a estrela americana de 32 anos, totalmente fora dos padrões, sabe que esconder o jogo é uma de suas armas. Fernando Scherer, rival e amigo, perdeu a conta de quantas vezes duelou com o também irreverente e carismático Gary Hall. Na Olimpíada de Atlanta-96, Scherer foi bronze nos 50m livre e o americano ficou com a prata na prova vencida por Aleksandr Popov. No Pan de Santo Domingo, o americano perdeu para Scherer.

“Ele treina e compete quando quer. Passa tempos sem nadar, só surfando, e volta perto dos Jogos Olímpicos. Sempre diz que seu objetivo é a Olimpíada, mas sempre vem bem. Eu me aposentei e não vou dar o gostinho da revanche para ele. Mas acho que o Cielo pode vencê-lo, sim”, disse Sherer, que está fazendo matérias para a televisão e procurava por Hall para uma entrevista.

O jeitão provocador de beijar os bíceps, dar dois socos no ar vestido com um roupão de lutadores de boxe, é intimidação antes da prova: “Aquilo incomoda. Ele está brincando, mas o olhar dele é outro. No Pan de 2003 eu ia dar os dois soquinhos no ar, mas ele ficou longe da minha raia”, lamenta Scherer.

Cielo ignora. “Natação é um jogo e vale provocação psicológica. Desde que ele não quebre meu braço, tudo vale na regra”, brinca o brasileiro.





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