Uma modalidade aquática tem levado os brasilienses ao céu em três pontos do Lago Paranoá. Com a força de jatos de água do chamado flyboard, as pessoas literalmente voam sobre o espelho d‘água e chegam a oito metros de altura. A intensidade e a altura são controladas de fora, e quase qualquer pessoa pode se arriscar. Mas não é uma diversão barata e, por menos de meia hora, é preciso desembolsar quase ou mais de R$ 100.
“Se o sonho do homem sempre foi voar, aqui a gente pode”, afirmou o empresário Luiz da Mata, 27 anos, prestes a encarar o desafio pela segunda vez. “É muito bacana. Você está em um espaço diferente do habitual, em cima da água. É realmente voar. É instável, tem que se equilibrar a todo o momento”, explica. No entanto, garante que o esforço é menor do que parece: “É mais jeito que força”.
Sobre ir pela segunda vez, Luiz brincou: “Eu já desentupi o ouvido”. Para ele, o importante é saber mergulhar para não ter impactos errados quando chegar à água. “É como se tivesse em cima de uma mangueira de bombeiro. Então, tem que saber controlar a pressão sobre os pés. Mas é surpreendentemente fácil”, afirma.
EQUILÍBRIO E DIVERSÃO
Funciona assim: uma prancha, igual à de wakeboard, é acoplada a um jet ski por uma mangueira capaz de suportar altas pressões. Os jatos de água vertidos pelo tubo proporcionam manobras. Dois propulsores nos pés ajudam a controlar a direção e a manter a estabilidade. Depois de alguns minutos grátis de aula para aprender a se equilibrar, a diversão começa.
Guilherme Gonçalves, 30 anos, é instrutor da empresa Flyboard Bsb. Ele conta que trouxe a ideia do exterior, onde experimentou a modalidade, e iniciou o trabalho em outubro do ano passado. Hoje, recebe de dez a 15 pessoas por fim de semana.
“A procura está grande, bem legal. Superou as expectativas de quando começamos. Ainda não é mais procurado que os equipamentos tradicionais, como stand up peadle e caiaque. O valor é bem mais elevado”, explica o instrutor Guilherme.
Saiba mais
Qualquer pessoa pode voar. É importante não ter problema na coluna e nos joelhos e não ser gestante. Menores de 18 anos podem participar acompanhados dos pais, e a recomendação é pesar mais de 50 kg. Menos que isso há dificuldade pelo peso do equipamento.
Há seis anos no mercado mundial, não há notícias de acidentes. Segundo os instrutores, o que pode acontecer é a pele arder pelo impacto com a água. Chuvas e raios impedem o voo, mas não há problemas quanto à intensidade do vento.
Brincadeira salgada: entre R$ 90 e R$ 120
No Lago Paranoá, há três pontos para praticar o flyboard. Em dois, próximo à ponte Honestino Guimarães, e um, sobre a Ponte JK. Uma quarta opção, na altura do Pier 21, está prevista para ser inaugurada. Em cada ponto, o preço é diferente. Na JK, é preciso desembolsar R$ 90 para ficar 20 minutos com o equipamento. Na Honestino Guimarães, são R$ 120 pelo mesmo tempo.
“Se formos comparar com o resto do Brasil, está muito barato. No Rio de Janeiro, a média é de R$ 250 por dez minutos. Em Manaus, o mesmo preço por 20 minutos. Querendo ou não, o investimento é alto. O jet ski fica o tempo todo com rotação alta, tem manutenção, gasolina aditivada”, justifica Lucas Graça, sócio da empresa Atan Flyboard Bsb. Ele estima um investimento de R$ 70 mil e garante que ainda não conseguiu retorno. Lá, a média é de quatro voos diários.
A Diretoria de Portos e Costas do Comando do 7º Distrito Naval da Marinha recomenda oito metros de profundidade mínima e de 200 metros de distância da costa. Mas a Marinha não certifica a utilização do equipamento e nem da empresa, e a fiscalização fica a cargo da Capitania Fluvial de Brasília (CFB). Há restrição do emprego do flyboard para eventos de exibição e competição, segregando a área para realização. “Em nenhuma hipótese, poderá existir interação com banhistas, outras embarcações e qualquer outra atividade esportiva aquática ou náutica”, alerta em nota.
O equipamento ainda não está descrito nas Normas da Autoridade Marítima, mas, apesar disso, a diretoria recomenda a prática restrita a maiores de idade e o uso obrigatórios de colete, capacete de wakeboard e roupa de proteção.
Convencidos a experimentar a prática
O empresário Luiz da Mata (colete preto) gostou tanto da experiência no flyboard que convenceu amigos e parentes a se arriscarem no Lago Paranoá. Educadora física, Caroline Coite (camiseta preta), de 30 anos, gostou da ideia de experimentar o novo, e a geógrafa Clarisse Mata, 31 anos, colocou a culpa no primo. “Ele disse que era bom. Viemos comprovar”, justificou.
Serviço
Flyboard Bsb
Sábados e domingos, próximo à Ponte JK
Agendamento: 8101-2744
Atan Flyboard Bsb
De quinta-feira a domingo, na Praia do Cerrado, próximo à ponte Honestino Guimarães
Agendamento: 8362-3827