Não é o primeiro Pan da carreira e muito menos uma estréia em torneios internacionais. A novidade, no entanto, é o clima de favoritismo que cerca o saltador brasiliense César Castro, quinto colocado no ranking mundial. Mesmo assim, o nervosismo passa longe. Hoje, na abertura dos saltos ornamentais nos Jogos do Rio, César lutará pela primeira medalha Pan-Americana.
Ao lado do paulista Cassius Duran, competirá na final do trampolim de 3m sincronizado, às 13h30.
Além deles, Juliana Veloso e Milena Sae defenderão o Brasil no primeiro dia de competição. Saltam na semifinal da plataforma de 10m. Se avançarem à decisão, cairão na piscina às 14h30.
A seleção brasileira da modalidade teve a honra de inaugurar a Vila Pan-Americana, dia 4 de julho. Ao lado dos atletas da ginástica artística. Mas César não estava lá. Desembarcou no Rio em 12 julho, um dia antes da cerimônia de abertura. Reflexo de uma calma que causa inveja. “Passei da fase de ficar deslumbrado com tudo isso. Com concentração de atletas, Vila Pan-Americana. Acho bacana, mas preferi ficar o máximo de tempo possível em casa. Cheguei no dia 12 para participar da cerimônia”, contou. Depois de uma semana treinando no novo parque aquático Maria Lenk, solicitou mudanças. César e o treinador, Ricardo Moreira, pediram para que os trampolins fossem alinhados.
“Todos os três estavam um pouco tortos. Pedimos ajuste em dois deles para ficar perfeito para os atletas estrangeiros. O da esquerda, que o César mais usou durante essa semana de treino, pedimos para deixar como está. Ele e todos os outros brasileiros já se acostumaram com ele assim. Tortinho mesmo”, explicou Ricardo. No mesmo dia, as alterações foram atendidas. Esse foi o segundo ajuste nos trampolins. Antes de César chegar, a carioca Juliana Veloso reclamou do tapete da plataforma. Disse ser escorregadio. O problema foi resolvido.
Cavaquinho e internet ajudam
A primeira experiência de César Castro em torneios continentais foi no último Pan, em Santo Domingo, em 2003. Depois de um erro no primeiro salto, teve de se contentar com um quarto lugar no trampolim de 3m individual. Mas fez história depois da final olímpica, na Olimpíada de Atenas, em 2004. Acabou como nono melhor do mundo.
“Depois disso fizemos uma preparação intensa visando ao Pan do Rio de Janeiro. Cumpri todo o calendário programado. E foi muita coisa. Participei de muitas etapas do Circuito Mundial. Nossa expectativa é sair daqui com medalha. Só não sei qual delas”, apostou o brasiliense.
Como quase tudo na vida tem lado bom e ruim, a experiência traz calma e confiança para o saltador. Mas também ajuda a aumentar a cobrança. Dessa vez, César Castro chegou ao Pan do Rio com muitos holofotes a seu favor. E em seu principal adversário, o canadense Alexandre Despatie. “Essa bagagem do César em competições acalma mesmo. Mas também aumenta a pressão. Eu tento nem falar muito sobre isso para o assunto não crescer”, finalizou o treinador Ricardo Moreira. “Mesmo com certa cobrança por resultado, eu acho o César absolutamente calmo”, opinou.
Quem sente a pontinha de ansiedade deve ser o cavaquinho. Inseparável em todas as competições. Além da internet, o instrumento ajuda a distrair nos momentos longe das piscinas. Azar, ou sorte, de quem tem de dividir quarto com ele.
Na maioria das vezes, o brasiliense Hugo Parisi é a principal vítima. “Ainda não está cem por cento. Mas pelo menos sai algum som. Antes era algo indecifrável. Hoje eu sei qual a música ele tenta tocar. É um avanço”, exagerou Parisi. O atleta representará o Brasil na plataforma de 10m, na prova individual e sincronizada. Cairá na água na sexta e no sábado. A primeira prova será ao lado de Cassius Duran. A última, sozinho.
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