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Brasília

Familiares prestam as últimas homenagens a João Miguel

O menino foi encontrado em uma fossa em área de mata na última sexta-feira (13), no setor Lúcio Costa

Amanda Karolyne

16/09/2024 19h10

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Amanda Karolyne/Jornal de Brasília

Familiares e amigos se reuniram nesta segunda-feira (16), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, para se despedir de João Miguel da Silva Souza, de 10 anos. O menino foi encontrado em uma fossa em área de mata na última sexta-feira (13), no setor Lúcio Costa. Ele estava desaparecido desde o dia 30 de agosto.

Quando o corpo de João Miguel foi descoberto, ele estava de cabeça para baixo com as mãos amarradas, um tecido preso ao pescoço e envolto em pedaços de pano. Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, ao lado do cadáver estava uma correntinha dourada que a família reconheceu como um pertence da criança.

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Divulgação/PCDF

A 8⁠ª Delegacia de Polícia está investigando as circunstâncias que levaram a morte da criança. Mas segundo a PCDF, não há atualizações do caso, que comoveu e chamou a atenção até de alguns curiosos, que se juntaram aos entes queridos de João no enterro, se compadecendo com a morte da criança.

A família e amigos presentes usavam uma camisa com imagens de Miguel ao longo da breve vida dele, como uma homenagem a ele. Orações e declarações emocionadas foram feitas com o caixão branco fechado, por se tratar de uma criança cujo corpo estava em decomposição. Gritos de “João Presente” eram desbravados pelos parentes e amigos.

João Francisco da Silva, o pai da vítima, não pode comparecer ao enterro. Ele está preso desde fevereiro deste ano, segundo a advogada de defesa Cecília Cardoso. Na época, foi solicitada a prisão domiciliar de João Francisco, com a alegação de que ele cuidava do filho, mas o pedido foi negado.“Ele está muito mal com a morte. Ficou sabendo só hoje do falecimento, mas não pode comparecer ao velório porque o Centro de Detenção Provisória não tinha equipe para fazer a escolta”, informou. A defesa dele havia conseguido anteriormente a decisão da autorização de saída para que ele pudesse se despedir do filho, mas não teve como ir.

De acordo com a advogada, ele não tem nenhum envolvimento com a prisão da mãe de João Miguel, e nenhum conhecimento sobre o envolvimento dela com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A mãe de João Miguel, Daniele Soares, foi presa na sexta-feira (13) e também não foi ao enterro.

Comoção das crianças

Solange Paz contou que os netos dela eram primos de João Miguel. Eles brincavam juntos e participavam de um projeto social na comunidade em que moravam. “Eu o conhecia desde pequeno, ele jogava bola com os meninos. Ele era um menino alegre, muito brincalhão”, contou. Solange lembra que a última vez que o viu, brincou com ele e falou para ele. “Eu fui lá no Galpão de Reciclagem, tinha um lugar cheio de vidro e eu falei para ele não subir. Ele ficou no meio dos meus dois meninos”. Ela se arrepende de não ter tirado foto do momento. “Toda vez que ele olhava para a gente, ele estava sorrindo. Não tinha tempo ruim para o João MIguel”.

Ela contou que a neta brincava com João todo dia; “Ela chorou tanto essa semana falando que está com saudades dele. Ela não sabe o que aconteceu, e não vou falar por agora”. Preocupada com as crianças que o conheciam e moram na mesma comunidade em que João morava, Solange apontou para as outras crianças que estavam presentes no enterro, e não quer ver a neta sofrer também.

Sepultamento realizado com a ajuda de voluntários

O sepultamento foi realizado com a ajuda de uma organização não governamental chamada Turma da Sopa. Kenia Garcia, uma das representantes do grupo, afirma que eles são de Águas Claras, mas eles são um grupo de voluntários de Brasília inteira. “Nós levamos tanto comida para as pessoas em situação de rua, quanto ajudamos várias comunidades. O Buracão era um deles”, disse Kenia, se referindo ao Lúcio Costa.

Como o grupo atuava na comunidade, Kenia conhecia João Miguel de perto. “Nós sempre fazemos as festinhas para eles e tínhamos contato com João. Ele era um menino bem arteiro e levado. Era uma criança feliz, de bem com a vida, mas bem arteiro”, reforçou. Ela acrescentou que ele era o único que subia na caminhonete do grupo, sempre curioso para saber o que tinha dentro. “Ele estava sempre pedindo mais. Se a gente dava uma caixa, ele falava: ‘tia me dá mais duas”.

O grupo se comoveu com a situação e resolveu ajudar.”Ele precisava ser reconhecido, já que a mãe e o pai estão presos”. Então elas foram atrás dos documentos necessários, para que a tia de João Miguel pudesse fazer o reconhecimento e o corpo pudesse ser velado nesta segunda-feira.

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