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Brasília

Escolas se preparam para voltar às aulas

Em Planaltina, os protocolos não fazem os professores se sentirem mais seguros para receber todos os seus estudantes nesta segunda-feira (14)

Redação Jornal de Brasília

11/02/2022 17h30

Centro Educacional 01 de Planaltina, que irá retornar às atividades nesta segunda-feira (14). Foto: Gabriel de Sousa / Jornal de Brasília

Gabriel de Sousa
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Pela primeira vez desde 2020, as escolas públicas do Distrito Federal irão começar o ano letivo de forma totalmente presencial, e com cinco horas diárias de itinerário. Após a experiência do ensino a distância e das aulas em modelo híbrido, o sistema educacional da capital federal terá um novo desafio: voltar às rotinas tradicionais de funcionamento, mas com a adoção de protocolos de segurança rigorosos para proteger seus frequentadores.

Em Planaltina, 61 escolas públicas que atendem as crianças e adolescentes da cidade voltarão às aulas nesta segunda-feira (14). Uma dessas unidades é o Centro Educacional 01 de Planaltina, mais conhecido como “Centrão”, que realizou diversas reformas durante a pandemia de covid-19, a fim de abrigar seus estudantes quando o retorno presencial se tornasse uma realidade possível.

Segundo o professor Ivan Silva, que dá aulas de português na instituição, as reformas foram possíveis graças a verbas parlamentares vindas da Câmara Legislativa. Foram construídos na escola novos laboratórios e uma biblioteca, além de reformas nos banheiros e implantação de espaços de limpeza espalhados pelos espaços, a fim de valorizar a higiene dos estudantes e protegê-los da covid.“Dava para fazer uma lista enorme com o nome de quem ajudou e colocar na porta da escola”, disse o docente.

Foto: Gabriel de Sousa / Jornal de Brasília

Vigiar os adolescentes é o maior desafio

Um dos protocolos que deverão ser seguidos pelas escolas públicas do DF, trata da obrigatoriedade do uso de máscaras por parte dos alunos e professores. Porém, para a professora Andréia Neves, coordenadora do Centrão de Planaltina, obrigar os estudantes a utilizar os protetores faciais é um grande desafio.

A coordenadora conta que agora, ela e outros professores possuem uma nova tarefa diária, que se torna desgastante e muitas vezes, sem grandes resultados: a de andar pelos corredores da escola para investigar quem não está usando a sua máscara. “O mais difícil pra gente é o adolescente. Ele acha que sabe tudo, as normas para eles não existem porque é a fase da rebeldia. Então é complicado”, afirma Andréia.

A profissional conta que este acaba sendo o maior obstáculo para um retorno com segurança das aulas na sua escola, que está lotada e que receberá o máximo de alunos permitidos pela regional de ensino: “O nosso maior desafio chama-se máscara. Porque só quando eles vêem a gente que eles colocam. É questão de virar para o outro lado que eles já tiram”

Em setembro do ano passado, mesmo com as instalações proporcionando uma alta qualidade em segurança, a regional de ensino de Planaltina paralisou a atividade presencial do Centro Educacional 01 de Planaltina durante 15 dias, por conta de um “surto” de infecções entre estudantes e professores da instituição.

Foto: Gabriel de Sousa / Jornal de Brasília

Professores não se sentem seguros, mas apoiam presencialidade

Com o surgimento da pandemia, o ensino público do Distrito Federal teve que se adaptar a um sistema virtual para fazer a educação funcionar. Não houve tempo de aprendizado, apoio financeiro, período de testes e nem um longo planejamento, mas o ensino remoto foi a alternativa escolhida para que mais de 600 mil estudantes não ficassem sem poder aprender.

Educar por câmeras e por plataformas de computadores foi a rotina dos profissionais da rede pública durante quase um ano, entre março de 2020 e agosto de 2021. O professor de português Ivan Silva, comenta que as aulas ficavam sem a participação dos alunos, que não interagiam com a educação virtual: “Tinha quarenta e oito alunos na sala de aula, oito estavam assistindo e quarenta não”.

O ensino presencial se tornou indispensável para a melhor educação das crianças e adolescentes do DF, que com o ensino remoto, se tornaram nas palavras do docente, uma “geração perdida”que não aprendeu a quantidade de conteúdos que deveria durante o período pandêmico.

Por isso, mesmo com os altos números diários da pandemia no DF, Ivan diz que as aulas totalmente presenciais são a melhor opção, visando o melhor aprendizado dos estudantes. “Não tem segurança nenhuma desde quando começou a pandemia, quando surge algo assim não se tem segurança para nada. Eu não prefiro o presencial por conta de risco ou facilidade, mas sim porque o aluno aprende mais quando está dentro da sala de aula”, explica o docente.

Vacina não é obrigatória, mas deve ser orientada

Uma das decisões formalizadas pelo Governo do Distrito Federal (GDF) para a realização do retorno foi a de não instituir o passaporte vacinal. Os professores de Planaltina comentam que além de estudantes não-vacinados nas salas de aula, haverá também professores que optaram por não se imunizar. “Teve professores que decidiram não se vacinar, adoeceram e chegaram até a ficar entubados”, comenta o professor Ivan Silva.

A coordenadora Andréia Neves relata também que já viu casos de filhos que não se vacinaram mesmo com o apoio dos pais à imunização: “Tem situações em que os filhos que parecem os pais e que mandam neles”.

Ela comenta que o dia-a-dia dos profissionais do Centro 01 de Planaltina será a de orientação, mas nunca terá a adoção de uma posição de obrigatoriedade para os estudantes se vacinem. “A vacina é individual, a gente não pode se intrometer. Seria bom se fosse obrigatório, mas não é a nossa realidade. Eu o oriento, mas a decisão de ir lá e tomar a vacina é dele”, diz a coordenadora da escola planaltinense.

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