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Brasília

Escolas do Gama ficam com as melhores pontuações no Ideb 2023

CEMI e CEF 03 ficaram em primeiro lugar entre os colégios administrados pela Secretaria de Educação do DF, dos anos finais do ensino fundamental e médio. Já a EC 304 Norte levou a melhor entre os anos iniciais

Carolina Freitas

19/08/2024 18h27

Atualizada 21/08/2024 17h38

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Diretor do CEMI, Carlos Lafaiete / professora de informática do CEMI, Lidiane Alice da Rocha / estudante do CEMI, João Paulo da Silva / ex-aluna do CEMI, Maria Eduarda de Jesus Foto: Carolina Freita/Jornal de Brasília

Duas escolas do Gama ficaram com as melhores notas entre os colégios da rede pública no Índice de Desenvolvimento da Escola Básica (Ideb) 2023, no qual foi divulgado na última quarta-feira (14). O Centro de Ensino Médio Integrado (CEMI) e o Centro de Ensino Fundamental (CEF) 03 ficaram em primeiro lugar entre todas as unidades administradas pela Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF), e atingiram média 5,9. Além delas, a Escola Classe 304 Norte, atingiu a melhor pontuação nos anos iniciais, sendo 7,5.

O CEMI do Gama funciona em tempo integral e é um dos colégios piloto do novo ensino médio, sendo a quarta vez seguida que a escola fica na primeira posição no Ideb: “É uma satisfação muito grande ver o reconhecimento do nosso trabalho, dos gestores, coordenadores e professores. O pessoal veste, realmente, a camisa da escola. Aqui, buscamos sempre inovações. O diferencial do CEMI é que trabalhamos a parte de iniciação científica, prova disso é possível ver o tanto de premiações que temos, de feiras nacionais e internacionais”, comentou o diretor da unidade, Carlos Lafaiete.

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Foto: Carolina Freitas / jornal de Brasília

O diretor lembra que a pandemia foi um momento difícil, mas que a escola buscou se reinventar: “Nós conseguimos colocar na pandemia 100% dos alunos nas plataformas onlines, não perdemos o foco com os nossos estudantes. Prova disso é que em 2021 teve a nota do Saeb [Sistema de Avaliação da Educação Básica] e pensamos que a nota iria cair, mas para a nossa felicidade nos mantemos com a mesma média. O nosso diferencial também é que de seis em seis meses é feito uma avaliação diagnóstica dos nossos estudantes. Somos também uma escola técnica, então o aluno já vai sair com uma profissão, sendo um diferencial a mais para eles”.

Na avaliação geral, o DF ficou abaixo da meta do Ministério da Educação (MEC) para o ensino médio. A meta determinada era de 5,2, mas a capital federal atingiu apenas 4,2. Para Lafaiete, os outros estados estão investindo cada vez mais na educação, mas a capital federal está deixando um pouco a desejar: “Eu acabei de vir de um congresso em Goiânia, no qual fui representando Brasília, e vi que o investimento dos outros estados na educação está pesado. O DF está um pouco atrás de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, na área desses investimentos na educação. Tem que voltar um olhar melhor nesses investimentos”.

Para a professora de informática, Lidiane Alice da Rocha, 49 anos, que está há 14 anos no CEMI, o diferencial do colégio é a busca pelo melhor ensino possível: “É gratificante, tendo em vista que também enfrentamos muitos desafios, pessoais e de aprendizagem. Ter essa nota é muito bom. O mérito é de todos. No CEMI, trabalhamos sempre um dando suporte ao outro e trocando conhecimento. Buscamos sempre fazer o nosso melhor, independente das condições, para motivar os alunos também para fazer o melhor. Nas disciplinas da área técnica é desenvolvido muito nos alunos o raciocínio lógico, o que pode influenciar a nota deles no Ideb”.

Ao Jornal de Brasília, o estudante do 3º ano do CEMI, João Paulo da Silva, disse que um ponto forte da escola são os professores: “Eu vejo como um privilégio estudar nessa escola porque é um colégio que demonstra muito se preocupar com os alunos. Os professores se esforçam bastante para trazer o melhor conteúdo para a gente, da melhor maneira possível. Isso acaba mostrando o resultado do Ideb, não é à toa que conseguimos ficar no topo porque os professores fazem com que seja possível. O CEMI preza muito pelo protagonismo juvenil, e presta atenção nas demandas dos alunos”.

Atualmente, o ingresso na escola se dá por sorteio, mas antes era por meio de prova de seleção. A estudante de pedagogia da Universidade de Brasília (UnB) e ex-aluna do CEMI, Maria Eduarda de Jesus, 18 anos, lembra como foi difícil ser uma das primeiras alunas a entrar no colégio pelo sorteio com a missão de manter o bom rendimento da unidade: “Infelizmente, a escola pública no Brasil não é tão valorizada, mas o CEMI é uma exceção. Ele tem se destacado ao longo dos anos, e eu desde muito nova sempre tive o desejo de estudar no CEMI por ser uma escola de bom rendimento, e por ter um ensino de qualidade. Eu sou da primeira turma de sorteio, e pensavam que essa forma de ingresso ia diminuir a qualidade da escola, mas isso foi desmentido porque o nosso índice não elevou, mas se manteve”.

Anos finais do ensino fundamental

Para o diretor do CEF 03 do Gama, Júlio César Cerqueira, a escola que ficou com a melhor pontuação nos anos finais do ensino fundamental, a nota é uma coroação do trabalho em conjunto desempenhado na unidade, com a direção, professores, alunos e pais: “Já é a terceira vez que ficamos nessa posição, mas dessa vez tem uma questão especial porque foi pós-pandemia. Confesso que fiquei surpreso porque o trabalho que fizemos todo se perdeu na pandemia, depois de dois anos de aula online tivemos que recomeçar. Tentamos fazer o nosso melhor, com um trabalho árduo. Aqui temos a consciência, felizmente, que o trabalho coletivo que vai dar o fruto”.

A escola conta com projetos sensacionais, que trabalham o desenvolvimento dos alunos, em várias áreas. São feitas atividades com foco na redação dos estudantes, inclusive, com elaboração de um livro com os melhores textos, que já conta com quatro volumes, e terá uma nova edição lançada no fim deste ano. Além da produção de texto, o CEF 03 conta com projetos de mentoria e teatro para os alunos. O objetivo da unidade é trazer um ambiente agradável para os estudantes, para que eles sintam cada vez mais prazer em aprender.

Na média geral, nos anos finais do ensino fundamental, o DF ficou abaixo da média traçada pelo MEC. A capital federal atingiu 5,0, e o mínimo que deveria alcançar era 5,5. Para o diretor do CEF 03, há uma alegria pelo desempenho da escola, mas uma tristeza pelo índice geral, e por isso é necessário mais investimento na educação: “O desafio das escolas ultimamente é a geração que chegou. Os professores vieram da formação sem a era digital, e os meninos todos chegaram nesse novo mundo digital. Nós temos uma necessidade de formação dos professores voltado para a área digital. Precisamos trazer para o aluno uma aula atrativa, e precisamos de equipamentos de tecnologia para que isso seja possível. Aquela aula que você escrevia somente no quadro não chama mais atenção, precisamos de investimentos”.

Trabalho reconhecido

Ter o trabalho de anos reconhecido é gratificante para a professora de língua portuguesa, do CEF 03, Telma Andrade, 54 anos: “É uma satisfação muito grande ter o nosso trabalho reconhecido, nós como professores de língua portuguesa temos um papel muito importante porque trabalhamos a leitura e a interpretação. Apesar da gente querer sempre melhorar, ver este resultado é muito bom. Dentro da minha disciplina focamos muito na leitura. Temos uma biblioteca, e os meninos costumam usar ela. Sempre estamos cobrando a leitura e a interpretação deles. Trabalhamos muito gêneros textuais e tipologias, além do mais, no decorrer do bimestre fazemos simulados e trabalho de revisão de conteúdo”.

A professora de história Maria Goreti de Aragão, 50 anos, lembra que existe um trabalho contínuo do CEF 03 para nunca cair o rendimento: “A escola foca muito, desde a base, do sexto ano até o nono ano. Nós procuramos realmente fazer um trabalho para atingir bons resultados e dar aos alunos um bom alicerce para o ensino médio e para as provas. Nos orgulhamos da escola estar em primeiro lugar, mas ao mesmo tempo sabemos que temos muito a percorrer. As escolas do DF, como um todo, têm muito o que crescer comparado a outras unidades da federação. Uma coisa importante é oferecer oportunidades para o professor se aperfeiçoar, nós precisamos de treinamento e de formação. A Secretaria de Educação falha um pouco nisso, e também na liberação de mais recursos para ministração das aulas”.

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Foto: Carolina Freitas / jornal de Brasília

Ensino de qualidade

Para a estudante Manuela Santos, 13 anos, do 6º ano, que estuda no CEF 03, a escola tem excelentes professores, e o ensino no DF, como um todo, é melhor do que o do Rio de Janeiro, em Petrópolis, onde ela nasceu e estudou até os 10 anos: “Pra mim é um sentimento muito bom saber que a minha escola ensina bem, tem ótimos professores, e é um ótimo colégio para estudar. Tem escola aqui no DF que não tem laboratório, e a nossa é uma das poucas que tem. Eu já estudei no Rio de Janeiro, e os colégios de lá poderiam melhorar muito. Aqui tá muito melhor que as escolas do Rio. Aqui aprendemos mais rápido”.

Isabella de Souza, 11 anos, do 6º ano, disse que fica feliz em fazer parte de uma das escolas que têm o melhor ensino no DF: “É um sentimento de alegria por saber que a dedicação da escola se destacou bastante. Estou muito feliz”. Jhemine Paola e Maria Clara, ambas do 7º ano, compartilham da mesma alegria: “É bom saber que eu tenho a oportunidade de estudar em uma escola boa, com um ensino bom”, comentou Jhamine. “Eu fico feliz em ter a oportunidade de estudar aqui, e saber que a escola tem um bom encaminhamento nos estudos. Temos um bom suporte nos estudos, e tem professores que nos dão bastante apoio”, completou Maria Clara.

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Alunas do cef 03 do gama isabella de souza, 11 anos, (a esquerda); maria clara, 13 anos (no meio) e Jhemine Paola, 13 anos, (a direita) 

Anos iniciais do ensino fundamental

Na média geral do Ideb, os anos iniciais do ensino fundamental, foi o único que ficou acima da meta definida pelo MEC, com 6,4, sendo que o mínimo que deveria atingir era 6,0. Para a diretora da EC 304 Norte, Juliana Ribeiro, – escola que ficou com a melhor pontuação da rede pública -, a nota do colégio e de todo o DF é um reconhecimento do trabalho de todas as pedagogas: “Esse resultado é bom porque o nosso nível aumentando os próximos Idebs no ensino fundamental dois e médico vão crescer também. Para a nossa escola, em especial, é um reconhecimento de um trabalho”.

A reportagem, Juliana explicou que a escola conta com diversos projetos para desenvolver cada vez mais o aprendizados dos alunos, mas tudo ocorre de uma forma natural: “Eu estava até conversando com as professoras que esse resultado ocorreu de uma forma orgânica, tenho colegas que na época da provinha já começa a fazer simulados com as crianças e competição entre uma turma e outra, mas nós nunca fizemos. Nós temos o projeto da horta, além do contato com a terra, também trabalhamos o texto depois com tudo que eles fizeram. Na festa junina, com a gincana, também trabalhamos multiplicação, pesos e medidas, divisão. Ou seja, as nossas situações problemas ficam inseridas em todos os projetos da escola”.

Para a professora Roberta Kelly Andrade, 46 anos, a EC 304 Norte se diferencia por conta da proposta pedagógica e por valorizar os educadores e alunos: “O sentimento é de alegria e de honra a um trabalho em equipe que eu encontrei logo na minha chegada. Eu encontrei uma escola que é fiel a proposta pedagógica construída coletivamente. É uma escola que valoriza os profissionais, que oportuniza o protagonismo dos estudantes e que tem um apoio da comunidade escolar. Tem um conselho escolar forte e atuante, os pais são bem participativos na escola”.

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Diretora da EC 304 Norte, Juliana Ribeiro (a esquerda) e professora Roberta Kelly Andrade

Saiba mais

O Ideb avalia, a cada dois anos, o desempenho das escolas de todo o Brasil através da taxa de aprovação dos colégios e das médias dos alunos em uma avaliação de matemática e português, conhecido como Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). São traçados os dados gerais da educação no país, e separados por estados e o Distrito Federal. De forma separada, o índice avalia as escolas nos anos iniciais do ensino fundamental, através do desempenho dos alunos do 5º ano, dos anos finais, com as notas do 9º ano, e do ensino médio, com a 3ª série – último ano de formação.

São avaliadas escolas públicas, privadas e militares – consideradas também públicas, mas não são administradas pela SEEDF. No índice geral do DF da rede pública no ensino médio, o Colégio Militar Dom Pedro II ficou na primeira colocação, com 6,4, e o Colégio Militar Tiradentes em segundo, com 6,2. Já o CEMI do Gama ficou em terceiro com 5,9. Nos anos finais do ensino fundamental, a primeira colocação ficou com o Colégio Militar de Brasília (7,1), em segundo aparece o Colégio Militar Dom Pedro II (6,7), na sequência o de Tiradentes (6,5), e depois o CEF 03 do Gama (5,9). O primeiro lugar nos anos iniciais ficou com o Colégio Militar Dom Pedro II (8,0) e o segundo com a EC 304 Norte (7,5).

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