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Brasília

Entrequadra 205/206 Norte é a única de Brasília a seguir a proposta original

Arquivo Geral

26/09/2009 0h00


Imagine uma comercial do Plano Piloto onde as lojas são viradas para dentro da superquadra. Tem, ainda, a decoração composta por janelas arqueadas e jardins suspensos. Imagine rampas construídas para facilitar o acesso ao andar superior e uma passagem subterrânea que liga os dois lados da entrequadra e faz com que a clientela não tenha que esperar o sinal fechar para atravessar a rua.  Esse lugar existe e fica na 205 e a 206 Norte. Mas, o que na teoria pode parecer uma boa ideia, na prática, é motivo de transtorno para a comunidade.


A comercial, apontada por vários brasilienses como “a mais diferente de todas”, possui vários problemas que dificultam o funcionamento. Com as lojas longe dos olhos daqueles que passam de carro entre as quadras, a baixa circulação de compradores resultou no sucateamento do local. Poucos são os que se mantêm por lá e conseguem sobreviver no ramo comercial.
Escritórios
Hoje, as salas que eram originalmente destinadas à venda de produtos de primeira necessidade, como padarias e farmácias, são quase todas ocupadas por escritórios, igrejas e até quitinetes. Grande parte das pessoas que vive nos arredores do local, que lembra um palácio árabe, reclama que são os únicos no Plano Piloto sem um comércio que atenda às necessidades imediatas. 


Instalado no local há 18 anos, o antigo armazém, onde eram vendidos produtos agrícolas, resolveu se tornar pet shop e conquistou os moradores das quadras. “Fomos um dos únicos que sobrevivemos”, conta a gerente Nilza Ribeiro dos Santos.  Ela ainda ressalta que a falta de variedade do local também incomoda os lojistas. “Aqui não tem nenhum lugar onde possamos comprar comida. Passamos fome com dinheiro no bolso”.


Como começou


Edificado em 1970 pela Novacap, o projeto da comercial diferente tinha por objetivo facilitar a vida da população com a criação de um sistema novo. As 71 lojas de costas para a pista são bem maiores do que as tradicionais no resto do Plano Piloto. O ponto também dispõe de quantidade maior de vagas para veículos – com estacionamentos internos e nas laterais. 


A baixa circulação de compradores degradou o ambiente. Nos anos 1990, a comercial era famosa por abrigar casas de massagem e bares. “Com toda a estrutura que temos, podíamos ser a melhor quadra da cidade”, conta o comerciante Adolfo Mendes.


Há oito anos na comercial, o empresário é dono de seis estabelecimentos na região. Apesar do baixo lucro, ele continua a apostar no empreendimento e quer que os dois edifícios que compõem a entrequadra sejam reformados.

Ramo alimentício

Por causa do amplo espaço que as salas dispõem, ele tem a ideia de partir para o ramo alimentício. “Esse lugar é perfeito para restaurantes, tem salas enormes e um ótimo estacionamento”.


O arquiteto Tony Malheiros não vê muito futuro para a edificação. Para ele, o local foi mal planejado e, para atender devidamente os anseios dos moradores, o melhor recurso seria a demolição da estrutura para que possa ser construída outra nos moldes tradicionais do comércio da Asa Norte. “Pensamento quase unânime no meio dos profissionais de arquitetura de Brasília”, afirma.  

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