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Brasília

Em pesquisa apoiada pela FAPDF, vacina avança como alternativa contra câncer de mama agressivo

Estudo coordenado pelo professor João Paulo Longo busca estimular a resposta imunológica diretamente no tumor, com apoio da FAPDF

Redação Jornal de Brasília

27/11/2025 15h27

Foto: Arquivo Pessoal

Foto: Arquivo Pessoal

O Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado em 27 de novembro, reforça a importância de investir em ciência para prevenção, diagnóstico e tratamento da doença. Entre as iniciativas que avançam nessa direção, destaca-se uma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) que desenvolve uma vacina terapêutica in situ, aplicada diretamente no local do tumor, com potencial para fortalecer a resposta natural do organismo contra o câncer de mama.

O projeto é coordenado pelo professor João Paulo Longo, do Instituto de Ciências Biológicas da UnB, e apoiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) por meio do edital Demanda Induzida 2022. O professor Longo foi reconhecido como Pesquisador Inovador do Setor Empresarial no 4º Prêmio FAPDF de Ciência, Tecnologia e Inovação.

O estudo reúne mais de 20 anos de avanços em nanotecnologia, fototerapia e imunologia tumoral. Pesquisas anteriores do grupo demonstraram controle de metástases pulmonares em modelos agressivos de câncer de mama, com resultados publicados em periódicos internacionais como Current Pharmaceutical Design e Biomedicine & Pharmacotherapy.

A vacina terapêutica in situ baseia-se na morte celular imunogênica (MCI), um processo em que células tumorais liberam sinais que ativam o sistema imunológico, funcionando como alerta natural do organismo. Diferentemente de vacinas tradicionais, a aplicação é feita diretamente no tumor, estimulando o sistema imune no próprio corpo sem preparo prévio em laboratório.

Para isso, o grupo desenvolveu um emulgel nanoestruturado, capaz de liberar medicamentos de forma controlada. O gel incorpora fármacos como doxorrubicina, paclitaxel e mitoxantrona, além de imunoadjuvantes que reforçam a ativação imunológica. Segundo Longo, o sistema cria “um depósito artificial que libera de forma controlada as moléculas produzidas pela morte celular imunogênica”, favorecendo a ativação de células de defesa essenciais para a resposta antitumoral.

O acompanhamento do tratamento inclui tomografia computadorizada, bioluminescência e imunohistoquímica para avaliar a redução do tumor primário, controle de metástases e presença de infiltrado linfocitário. O sistema é personalizável, permitindo ajustes nos fármacos e componentes conforme o tipo de tumor, com potencial para aplicação em outras neoplasias sólidas.

Os desafios incluem garantir estabilidade da formulação, controlar a liberação dos fármacos e preservar a capacidade imunogênica nos tecidos. Após os testes pré-clínicos, a próxima etapa será avançar para estudos em pacientes veterinários, visando futuras aplicações clínicas.

O apoio da FAPDF tem sido decisivo, fornecendo equipamentos, infraestrutura e bolsas para estudantes, fortalecendo a pesquisa em nanobiotecnologia e imunologia tumoral no Distrito Federal. Para o presidente da fundação, Leonardo Reisman, projetos como este mostram que a ciência local pode gerar soluções reais para a saúde da população.

Vacinas terapêuticas baseadas em MCI representam uma das frentes mais promissoras da oncologia, oferecendo tratamentos mais personalizados, menos tóxicos e potencialmente mais eficazes, especialmente contra o câncer de mama, uma das principais causas de mortalidade no país.

Com informações da FAPDF

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