A ponta Jaqueline, de 23 anos, está fora do Pan após o resultado positivo em exame antidoping realizado na Itália. O teste detectou sibutramina, substância estimulante comumente utilizada para inibir o apetite. Para o lugar da ponteira, foi inscrita Regiane, três anos mais nova.
A atleta negou que tivesse problema com peso. Na temporada na Itália, ela era acompanhada pela comissão técnica da seleção. A preparação física no país europeu é considerada inferior à realizada no Brasil.
O exame foi feito no dia 10 de junho, após a última partida das finais do Campeonato Italiano, entre o Jesi, de Jaqueline, e o Perugia, de Fofão e Walewska, que acabou campeão.
O teste foi analisado pelo laboratório alemão de Colônia. O Comitê Olímpico da Itália divulgou ontem em seu site o resultado positivo do antidoping. Até as 21h de ontem, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) garantiu não ter sido comunicada oficialmente do caso da jogadora brasileira.
Numa medida preventiva, para não correr o risco de a seleção ficar com 11 jogadoras durante o Pan, a CBV decidiu trocar Jaqueline por Regiane.
A jogadora suspeita que a substância estivesse presente em um chá comprado em uma farmácia. “Durante as finais, fui à farmácia comprar o remédio que sempre tomo (para tireóide).
Vi um chá verde para celulite, uma ampola”, relembrou. “Era um produto natural, achei interessante, falei com a moça da farmácia e ela me disse que não tinha problema algum. Tinha gosto ruim, mas tomei por três dias. No quarto, fiz o exame”, revelou.
A jogadora afirmou não ter avisado ao médico de seu time nem o da seleção sobre o consumo do produto. “Jamais imaginei que aconteceria isso (doping). O chá tinha informação em italiano e não sei bem a língua, sou leiga”, argumentou.
Segundo o médico da seleção brasileira, Júlio Nardelli, há duas semanas, Jaqueline passou por teste antidoping. O resultado, segundo Nardelli, foi negativo.
A CBV vai analisar o chá para montar a defesa da atleta, suspensa preventivamente por 60 dias. Com isso, ela também está fora do Grand Prix. “Errei por não ter informado os médicos, mas isso será uma lição não só para mim, mas para todas as jogadoras, para não ingerir nada por conta própria”.
O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, revelou que “como a comunicação foi feita pela CBV, a questão é exclusiva da CBV”. “Não tenho conhecimento (do caso)”, desconversou o dirigente.
Substância está na moda
Jaqueline não está sozinha. Neste ano, outros cinco atletas brasileiros foram flagrados em exames antidoping por uso de sibutramina, estimulante comumente utilizado para emagrecer. “A sibutramina virou a substância da moda. Vários casos recentes de doping passaram a detectar essa substância”, alega Júlio Nardelli, médico da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).
Em abril, a substância foi detectada em exames de vários jogadores de futebol do Veranópolis-RS e do Juventude-RS. A coincidência levantou suspeitas em relação ao GF-1 Body Size, suplemento ingerido pelos atletas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária descobriu que o produto estava contaminado por sibutramina e interditou a sua fabricante, a empresa Integralmédica S.A., de Embu-Guaçu (SP).
Dois dias depois da interdição, exames realizados pelo COB detectaram a mesma substância no ciclista Magno Nazaret, que, assim como Jaqueline, foi cortado do Pan.
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