A jogadora Jaqueline Carvalho foi cortada ontem da seleção brasileira de vôlei depois de ter sido acusada de doping, com base no resultado de exames realizados após a final do Campeonato Italiano. Jaqueline, que já foi substituída por Regiane, é a nona atleta a ser afastada da disputa dos Jogos Pan-Americanos por doping. O exame feito na Itália acusou o uso de sibutramina, um estimulante proibido que modera o apetite.
Atletas de quatro nacionalidades foram excluídos da competição. Entre os brasileiros, quem estreou a lista foi o meio-fundista Magno Nazaret, 21 anos, da equipe de ciclismo. Afastado em junho, o atleta utilizou a mesma substância encontrada no teste de Jaqueline. A delegação de Cuba também perdeu um jogador de voleibol, Osmany Juantorena, neto de um dos mais famosos atletas do país, o corredor Alberto Juantorena.
O doping fez a República Dominicana chegar desfalcada em três modalidades: no beisebol, veio sem José Jimenéz; no boxe, sem Rafael Fernandéz; no voleibol, sem Evelyn Carreras. Além desses atletas, três mexicanos – do atletismo, pentatlo moderno e levantamento de peso –, cujos nomes foram preservados pelo Comitê Olímpico Mexicano, foram excluídos.
Os exames antidoping em Pan-Americanos foram intensificados em 1983, nos Jogos em Caracas (Venezuela). Com os 15 casos então descobertos, uma realidade desagradável veio à tona na discussão sobre a ética nos Jogos. Até aquela data, somente dois casos haviam sido descobertos, o primeiro em 1967 e, o outro, doze anos depois.
Segundo o Código de Justiça Desportiva, dopagem – o equivalente em português do termo inglês “doping” – é a utilização de substância, método ou outro qualquer meio proibido com o objetivo de obter modificação artificial de rendimento mental ou físico de um atleta. As substâncias proibidas se enquadram em estimulantes, narcóticos, agentes anabólicos, diuréticos, hormônios Peptide e Glycoprotein, e análogos.
O doping não é uma invenção dos Jogos Pan-americanos. No livro “Doping: aspectos penais”, a advogada Alessandra Santana brinca com uma origem muito mais remota, segundo a qual o doping “ocorreu pela primeira vez no Paraíso, quando Eva comeu a maçã, não por ter fome, tampouco por curiosidade, mas porque foi induzida a pensar que isto a tornaria tão poderosa quanto o Criador”.