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Brasília

DF: 581 contaminados pelo vírus HIV em 2021

Médico Infectologista do Hospital Anchieta de Brasília comenta sobre auto-teste e novidade de comprimido em meio ao Dezembro Vermelho

Redação Jornal de Brasília

03/12/2021 12h11

Instituída em 2017, a campanha nacional do mês de dezembro é focada na luta contra o vírus HIV (Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis). O Dezembro Vermelho mobiliza instituições privadas e públicas em prol da informação, prevenção, diagnóstico precoce, assistência e proteção dos direitos das pessoas infectadas com o HIV.

O lema do GDF deste ano é: Diga não ao preconceito. Previna-se! Faça o teste! HIV tem tratamento e a Aids pode ser evitada.

Segundo dados recém publicados pela Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), em 2020 foram 690 novos casos registrados no Distrito Federal, além de 96 óbitos. Em 2021, até o momento, foram 581 contaminações confirmadas e 76 óbitos – número que ainda pode sofrer alteração. Em dado mais alarmante, segundo o Sistema de Informação de Agravos e Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, a maioria das pessoas vivendo com o vírus tem entre 20 e 29 anos.

Victor Bertollo, médico infectologista do Hospital Anchieta de Brasília, explica que a detecção precoce é fundamental, pois pode evitar que o paciente evolua para o estágio de imunodeficiência, ou seja, para a Aids propriamente dita. “Descobrir o HIV cedo muda muito a perspectiva e a qualidade de vida desses indivíduos”, pontua. Ele complementa: “aqueles infectados pelo HIV podem não desenvolver aids (imunodeficiência) caso sejam tratados de maneira precoce”.

A síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) denomina o conjunto de sintomas e infecções resultantes dos danos causados no sistema imunológico pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Bertollo acrescenta que o tratamento para o HIV é muito eficaz. “É possível tornar a carga viral no sangue indetectável e, dessa forma, preservar a imunidade do indivíduo, mantendo uma qualidade de vida compatível com o restante da população”, diz.

“Outra grande vantagem do tratamento é que uma pessoa com carga viral indetectável deixa de transmitir o vírus para outras, então ele não só protege o indivíduo HIV positivo de complicações e infecções oportunistas, como também evita a transmissão da doença, sendo parte de um conjunto de intervenções capaz de reduzir a ocorrência da Aids no país e no mundo”, conclui o médico especialista.

Novo tratamento por comprimido

Na última segunda-feira (29), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a autorização do registro de um novo medicamento contra o HIV. O Dr. Victor Bertollo, explica que esse novo medicamento que foi aprovado é a combinação do Dolutegravir com Lamivudina. “No Brasil já utilizamos essas duas medicações em combinação com outras, mas o Ministério da Saúde preconizou recentemente um esquema simplificado de apenas duas drogas e que teria menos efeitos colaterais”, explica.

“A vantagem agora é que a medicação vem coformulada num único comprimido. É claro que pra isso ser implementado na prática ainda tem que ser adquirido e distribuído pelo Ministério da Saúde. Mas uma vez que ele seja adotado, isso facilita a posologia porque as pessoas deixam de precisar tomar dois comprimidos por apenas um ao dia”, esclarece o médico infectologista.

Ele explica também que esse esquema não é para todo mundo, e é preciso avaliar caso a caso com pessoas que tiveram boa resposta e não apresentaram falha de tratamento prévio, nem mutações de resistência importantes. “Apesar do esquema principal hoje utilizado no Ministério da Saúde ser de alta eficácia e baixa taxa de efeitos adversos, com um perfil de segurança bom, a nova coformulação traz essa eficácia a longo prazo e menor risco de osteoporose, por exemplo”, conclui.

Auto-teste chega ao Brasil

No dia 1º de dezembro, chegou às farmácias brasileiras o auto-teste rápido para detecção dos anticorpos contra HIV-1/2 por punção digital. Aprovado pela Anvisa, o produto também é pré-qualificado pela OMS.O teste funciona com o menor volume de sangue do mundo, 2,5uL (microlitros), e o resultado sai em 15 minutos.

“Para a gente conseguir seguir avançando no controle do HIV no mundo e evitar mortes e complicações pelo HIV, o diagnóstico precoce é primordial, fundamental. Então quanto menos barreiras de acesso a teste e diagnóstico que a gente tiver de maneira geral é melhor, porque o diagnóstico precoce permite tratamento em tempo oportuno e evita a progressão para complicações pelo vírus HIV. Então é uma excelente notícia”, comemora Dr. Victor.

Hoje já é disponibilizado o teste rápido pelo SUS, disponibilizando que qualquer pessoa possa fazer o exame de graça nos diferentes postos de saúde e centros de testagem. “Quando o acesso é ampliado, sem dúvida nenhuma isso é muito importante, até do ponto de vista de saúde pública, porque muitas pessoas têm uma barreira psicológica de procurar um médico e às vezes até barreiras práticas de acesso. Então ampliar a testagem faz com que mais pessoas possam se diagnosticar e iniciar o tratamento e com isso reduzir a transmissão do HIV.”, conclui.

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