Há 23 anos, a jogadora Janeth Arcain contou com uma torcedora muito especial na arquibancada de sua primeira atuação em uma equipe de basquete. Sua mãe estava na platéia, assistindo a estréia daquela que viria a ser um dos principais nomes da modalidade no país. Nesta terça-feira, dona Rita viverá uma emoção bastante semelhante, mas marcando o fim da carreira da atleta na seleção brasileira.
Quando Janeth entrar em quadra, na Arena Olímpica do Rio, em busca do ouro nos Jogos Pan-americanos, a partir das 15h30, Rita promete não chorar. “Sou chorona, mas não vou chorar, porque ela já jogou muito”, garante.
Apoiar a filha em todas as suas decisões sempre foi uma constante na relação entre as duas. Foi assim quando a menina demonstrou talento e uma professora veio pedir que a deixasse ser jogadora. “Fui, gostei do povo e deixei ficar”, recorda.
O dia da estréia, a mãe lembra muito bem. “Foi em um jogo do Catanduva (primeira equipe de Janeth) contra o Jundiaí e ela foi cestinha”. Desde então, o hábito de seguir a jogadora em seus momentos mais importantes foi mantido.
Rita assistiu todos os jogos do Mundial de 2006 e estava presente na conquista dos quatro títulos da atleta na WNBA (1997 – 2000) com o Houston Comets. A decisão da atleta de trocar o Brasil pelos Estados Unidos foi sofrida para a mãe, mas novamente apoiada.
“Ela me disse: mãe, quero ir jogar nos Estados Unidos, e eu apoiei. Mas sofri nos primeiros meses”, lembra sem arrependimento. A cumplicidade nos projetos da filha inclui sua colaboração com o Centro de Treinamento. Dona de uma oficina de costura, Rita é a responsável pela confecção das roupas usadas pelas crianças.
Na hora de definir o local para colocar um ponto final em sua trajetória na seleção, novamente o apoio da mãe foi um diferencial. “Ela disse que seria uma emoção muito grande se despedir no Pan”, afirma a mulher que nunca imaginou a filha ganhando a vida como jogadora profissional.
Quando criança, Rita acreditava que Janeth seria médica. Isso porque a menina costumava chegar em casa com o avental da escola e usar a mesa de costura da mãe para brincar de médica com o irmão.
O destino acabou sendo diferente, mas Rita tem certeza que tudo valeu a pena. “Foi emoção em cima de emoção”, garante. A maior delas, afirma, foi a conquista do título nos Jogos Pan-americanos de Havana-91.
Prestes a acompanhar a atuação final de Janeth com a camisa da seleção, a mãe garante não ficar nervosa. “Não pensei nisso. Ontem, vendo aquele jogo (contra o Canadá) só queria que ela tivesse 18 anos novamente”.
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