A segunda-feira (17) foi de debate no Senado Federal em audiência sobre a assistolia fetal como método legal de aborto. Na ocasião, crianças de escola pública do Distrito Federal presenciaram cena ‘macabra’, na qual uma contadora de histórias interpretou texto contrário ao método.
Convidada pelo Senador Eduardo Girão, a contadora de histórias Nyedja Gennari encenou a voz de um feto em protesto contra a interrupção legal da gravidez.

A performance no plenário do Senado Federal durou cerca de cinco minutos, com cenas classificadas por alguns como ‘palco de teatro macabro e de má qualidade’.
Com a presença de crianças de escola pública do Distrito Federal, a contadora de histórias gritou:

“Nããããão! Não acredito! Essa injeção! Essa agulha! Não! Quero continuar vivo!”. Nyedja Gennari, que se apresenta nas redes sociais como escritora, professora e arte educadora, recitou um conto fictício sobre um feto hipotético no momento em que seria submetido ao procedimento de assistolia fetal.
A sessão desta segunda-feira começou às 9h23 e durou por mais de seis horas com transmissão na TV Senado.
Repercussão
Antes de mais nada, vale ressaltar que esta não foi a primeira vez que Nyedja foi convidada por Girão para narrar histórias. Anteriormente, entre 2019 e 2022, ela havia colaborado com o senador Izalci Lucas (PL-DF), realizando apresentações semelhantes em eventos do parlamentar.
O pedido para a realização da audiência mencionava o objetivo de “discutir o procedimento de assistolia fetal previamente aos procedimentos de interrupção da gravidez, nos casos de aborto previsto em lei, quando houver probabilidade de sobrevida do feto em idade gestacional acima de 22 semanas, e a Resolução nº 2.378/24, do Conselho Federal de Medicina (CFM)”.
Participaram do evento, entre outros convidados, o presidente do CFM, José Hiran da Silva Gallo, e representantes do movimento pró-vida, como a presidente do Movimento Brasil sem Aborto, Lenise Garcia.
Entenda o tema
O debate ocorre em meio à polêmica em torno do PL 1094/24, atualmente em discussão na Câmara dos Deputados, que propõe equiparar o aborto realizado após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio simples.
“Faz umas duas semanas que nós aprovamos essa sessão e no remanejamento de datas, por providência, não existe o acaso, essa sessão está ocorrendo após um final de semana intenso de manifestações na sociedade, matérias jornalísticas, nas redes sociais, que causa comoção”, comentou o senador sobre o tema.
O procedimento médico em questão consiste na injeção de substâncias no feto para interromper seus batimentos cardíacos, antes da interrupção da gravidez. A assistolia fetal é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para abortos nos quais a idade gestacional ultrapassa 20 semanas.