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Brasília

Confira os detalhes do depoimento de Wanderson

O autor do triplo homicídio se entregou após ser convencido por moradora de uma fazenda que ele teria invadido para roubar

Redação Jornal de Brasília

05/12/2021 12h47

Tereza Neuberger
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Após quase uma semana, a caçada a Wanderson Mota Protácio, caseiro de 21 anos, teve um desfecho pacífico. O criminoso decidiu se entregar à polícia na manhã deste sábado (04). Wanderson foi convencido por uma moradora de uma propriedade na zona rural do município de Gameleira (GO), que fica a cerca de 100 quilômetros de onde Wanderson cometeu os crimes há seis dias.


Wanderson estava com fome, com frio e com medo de ser morto pela polícia. De acordo com a proprietária da fazenda, Cindra Mara, o marido dela havia saído para tirar leite logo pela manhã, e ela ainda estava dormindo quando ouviu alguém bater no vidro da janela do seu quarto. Era Wanderson, que em seguida teria apontado o revólver para Cindra, anunciado um assalto e dito que iria matá-la.


“Calma, fica tranquilo que eu vou te ajudar, não fica nervoso que eu vou te ajudar”, foi a frase dita por Cindra, no momento em que Wanderson anunciou o assalto. Em seguida, Wanderson abaixou a arma e pediu a ela café e bolacha, Cindra pegou uma blusa de frio para o criminoso que estaria, segundo ela, tremendo de frio. “Eu fui tentando acalmar ele, aí teve um momento que ele tentou se desvencilhar de mim, ele estava com revólver, tava carregado”, relata Cindra Mara.


A fazendeira contou ainda que precisou manter a calma durante todo o tempo. “Ele tomou café, aí ele contou pra mim que ele estava arrependido do que ele tinha feito, mas que ele estava com medo de morrer porque ele sabia que a polícia estava muito perto dele”, acrescentou Cindra. Após o diálogo, Wanderson ouviu o barulho do carro do marido da fazendeira retornando, e teria tentado sair, porém logo o marido tentou conversar com Wanderson e explicou que era melhor que ele se entregasse.


Ao se convencer, Wanderson pediu ao marido de Cindra que o levasse para Corumbá de Goiás, onde ele teria cometido os três crimes, porém o homem disse para Wanderson que o levaria para a delegacia de Gameleira, região em que eles estavam. “Meu marido colocou ele no carro, ele foi na frente, e ele entregou a arma para o meu marido”, explica Cindra.


A fazendeira chegou a tirar uma foto com Wanderson, para que a polícia acreditasse que ele estaria com ela, pois segundo eles acreditavam que seria uma espécie de trote.


O criminoso foi encaminhado para a Delegacia de Investigação de Homicídios em Anápolis, onde prestou depoimento durante 4 horas, e seguiu para o Instituto Médico Legal (IML) da região, para seguir para o Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia para cumprir mandado de prisão preventiva, pelos homicídios e pelo latrocínio.


“Ele se entregou porque viu que o cerco estava se fechando”, afirma o Secretário de Segurança Pública do Estado de Goiás, Rodney Miranda, que esteve na delegacia durante a prisão do foragido.


De acordo com o delegado Cleiton Lobo, da Delegacia de Investigação de Homicídios de Anápolis, o criminoso tentou justificar os crimes pelo uso de drogas, especialmente contra a esposa e a enteada, ele disse estar sob algum tipo de alucinação quando cometeu os crimes. Ele não teria demonstrado arrependimento durante o depoimento. “Ele já agiu com extrema frieza”, relata o delegado.

Depoimento de Wanderson

O caseiro confessou friamente ser o autor do triplo homicídio. Durante o depoimento quando perguntado pelo delegado, o por quê de ter assassinado a enteada de apenas 2 anos e 9 meses, Wanderson abaixava a cabeça e ficava calado.


Wanderson disse em depoimento à polícia que pouco antes do crime, a sua companheira Raniere Aranha, teria iniciado uma briga motivada por ciúmes de uma prima com quem ela não gostava que Wanderson tivesse contato. Ele conta que Raniere teria pego uma faca e ido para cima dele após a discussão, em seguida Wanderson teria entrado em luta corporal com ela até que conseguiu tomar a faca e golpea-la no pescoço, logo após a enteada apareceu e ele teria feito o mesmo com a criança.


Segundo Wanderson, ele tentou roubar a caminhonete do vizinho Roberto Clemente e só atirou porque o vizinho teria reagido, em seguida a esposa também teria ido em sua direção, ele teria empurrado ela e atirado em seguida.

Wanderson negou a acusação de abuso sexual contra Cristina e disse que a roupa dela teria rasgado sozinha.
O criminoso conta que se alimentou enquanto esteve foragido, com alguns pacotes de bolacha que comprou na rodoviária de Abadiânia(GO), no dia seguinte aos crimes,e também comeu algumas laranjas na região de mata fechada em que haviam árvores frutíferas.

Os crimes de Wanderson

Há uma semana o caseiro Wanderson Mota Protácio, de 21 anos, chocou a população de Corumbá de Goiás, localizada a cerca de 124 km de distância de Brasília. Ele assassinou e degolou a facadas a própria companheira grávida de 4 meses Raniere, de 19 anos, e a enteada Geysa Aranha, de apenas 2 anos e 9 meses, no dia 28 de novembro.


Wanderson teria ligado para o patrão que residia na mesma propriedade e informou que a esposa havia passado mal. Assim que o patrão se dirigiu até a casa de Wanderson para socorrê-lo, Wanderson foi até a casa do patrão e roubou um revólver com seis munições.


Em seguida, Wanderson foi até uma propriedade vizinha e pediu um refrigerante ao fazendeiro, Roberto Clemente de Matos, de 73 anos. Ao dar um gole no refrigerante, Wanderson efetuou um disparo na cabeça de Roberto. A esposa de Roberto, Cristina Nascimento da Silva, tentou fugir, mas Wanderson a agrediu e tentou estuprá-la, ao resistir Cristina foi baleada por Wanderson no ombro, e fingiu-se de morta para sobreviver.


O criminoso fugiu do local na caminhonete de Roberto e abandonou o veículo com a faca usada nos crimes, próximo a uma mata na GO-225, distante apenas alguns quilômetros do local do crime.


Após os crimes, na manhã do dia 29 de novembro, Wanderson foi visto na rodoviária de Abadiânia (GO), onde teria comprado uma passagem para Goianápolis (GO) e feito um lanche, porém fugiu ao avistar viaturas policiais imaginando que elas pudessem fazer alguma barreira para capturá-lo.


As buscas se intensificaram na região, uma força tarefa atuou com cerca de 70 policiais, incluindo forças especiais da Polícia Militar do Goiás (PMGO) e da Polícia Civil do estado de Goiás (PCGO) com policiais à paisana, helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e até drones.


Ao longo da semana as buscas se expandiram para as regiões de Gameleira de Goiás, onde Wanderson teria sido avistado por duas vezes, uma em que pegou carona na moto de um trabalhador rural, e outra em que apareceu em uma fazenda da região buscando trabalho.


Raniere Aranha e Wanderson estavam juntos há cerca de 5 meses. O relacionamento começou, logo após Wanderson receber o direito de responder em liberdade por um crime cometido em 2019. Wanderson teria sido preso por tentativa de homicídio, também com golpes de facadas, contra uma mulher na cidade de Goianápolis (GO).


A melhor amiga de Raniere, Camila Ferreira, conta que os familiares de Raniere comentavam que Wanderson tinha um comportamento estranho, porém a vítima nunca demonstrou que havia algo de errado em sua relação com o criminoso. “Nós tínhamos contato direto e ela sempre falava que estava feliz”, conta Camila.


Vídeos divulgados nas redes sociais na última semana mostram imagens em que Wanderson, a companheira Raniere, e a enteada Geysa aparecem no dia do crime levando uma vida aparentemente normal em família.


De acordo com informações da Polícia Civil, Wanderson teria assassinado um homem a sangue frio quando tinha 13 anos de idade.

Admiração por Lázaro Barbosa

O caso chamou a atenção pela semelhança com o caso de Lázaro Barbosa de Souza, ocorrido em junho deste ano. Wanderson também se escondeu, após cometer assassinatos cruéis, na área rural do interior do Goiás, por seis dias, para fugir da polícia. De acordo com pessoas próximas a Wanderson Mota Protácio, durante as coberturas do caso Wanderson acompanhava e demonstrava admiração pelo criminoso que foi morto ao ser capturado pela polícia após semanas intensas de busca.

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