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Brasília

Censo populacional de 1959 revela quem eram os candangos que construíram Brasília

Arquivo Geral

21/04/2010 21h00

O livro Veredas de Brasília: As Expedições Geográficas em Busca de um Sonho, publicado na última segunda-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traz um achado histórico: os dados censitários da população que participava da construção da nova capital. Os dados foram coletados pelo censo experimental feito no futuro Distrito Federal (DF) no ano de 1959 pelo IBGE, uma especie de pré-teste feito na futura capital para o censo demográfico decenal que foi realizado no ano seguinte no país.

 

De acordo com o IBGE, haviam na época cerca de 64 mil pessoas ocupando a área demarcada para o DF. A maioria da população, arregimentada para trabalhar na construção civil, era de 42 mil homens. Segundo Luiz Antônio Pinto de Oliveira, que assina o capítulo do livro que trata do assunto, o censo experimental no início da construção de Brasília levantou também que existiam192 homens para cada grupo de 100 mulheres; enquanto no Brasil a relação era de 99,3 homens para cada 100 mulheres.

 

Além do povoamento predominantemente masculino, Luiz Antônio chama a atenção para a velocidade e o tamanho do crescimento populacional. A migração começa em 1956 com a chegada de 256 trabalhadores, os primeiros candangos, como eram chamados os operários que construíram Brasília.

 

Em janeiro de 1957, a estimativa era de 2.500 trabalhadores. Uma contagem populacional feita em julho do mesmo ano indicava precisos 12.283 candangos. O livro do IBGE revela ainda que esse número atinge 28 mil trabalhadores em março de 1958. Entre esse ano e a aplicação do censo experimental (maio de 1959), o cálculo é de um crescimento mensal médio de 2,1 mil pessoas.

 

Grande parte dessa população vivia em acampamentos da construção dos primeiros prédios de Brasília e a maioria na faixa etária de 20 a 40 anos. A origem predominante dos candangos era dos estados mais próximos: Goiás (23,3%), Minas Gerais (20,3%) e Bahia (13,5%). Em termos regionais, os nordestinos eram os principais candangos (44%). O IBGE também contou 1.216 estrangeiros morando em Brasília em 1959.

 

No total, a população migrante era de 55.737 pessoas; mas já havia 7.361 nascidos no território da futura capital. “Era um momento que ainda não era uma cidade, ainda não estava instalada, mas a ocupação já vinha ocorrendo em várias áreas do que veio a representar depois a capital federal”, disse Luiz Antônio Pinto de Oliveira citando as cidades de Planaltina, Luziânia e Formosa, basicamente formada por áreas rurais, de pecuária extensiva e de agricultura de subsistência.

 

O técnico do IBGE aponta que apesar do rápido crescimento populacional ocorrido no Planalto Central, por força da construção de Brasília, esse não foi o único fator determinante da ocupação da Região Centro-Oeste. “Desde os anos de 1940 as frentes agrícolas já estavam subindo do sul do hoje estado de Mato Grosso do Sul. Já havia um movimento de ocupação do espaço agrícola, porque tinha se esgotado a ocupação de São Paulo, Minas Gerais e do norte do Paraná”, afirmou.

 

Fonte: Agência Brasil

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