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Brasília

Celebração aos povos originários na Olimpíada Internacional de Linguística

Na reta final do torneio, os competidores foram conhecer o Memorial dos Povos Indígenas

Amanda Karolyne

28/07/2024 18h26

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Foto: Jornal de Brasília/Amanda Karolyne

Um dos pontos altos desta 21ª Olimpíada Internacional de Linguística (IOL) aconteceu neste domingo (28) no Memorial dos Povos Indígenas. As 53 delegações que fazem parte da competição se encontraram com as lideranças indígenas e participaram de oficinas. A IOL vai até o dia 31 de julho. 

Pedro Rocha, 18 anos, é um dos participantes da delegação brasileira. Ele é de Recife, mas atualmente mora em São Paulo, onde estuda História na Universidade de São Paulo e considera a visita ao Memorial muito importante. Para ele, é muito legal ter os estrangeiros vindo neste espaço para conhecer a história indígena do Brasil. “A gente fez algumas outras visitas por Brasília, mas acho que o Memorial é o mais importante, porque traz uma face do Brasil que não existe no exterior e sai um pouco desse olhar colonizado”. 

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Pedro Rocha, estudante brasileiro. – Foto: Jornal de Brasília/Amanda Karolyne

Não é a primeira vez dele na capital, pois participou outras vezes das edições nacionais da Olimpíada. “Gosto bastante de Brasília, é minha terceira vez visitando e a segunda no Memorial”. Mas este ano é sua estreia na edição internacional do torneio. “Tem sido muito interessante, tanto a parte acadêmica, a competição em si, quanto a interação cultural e é muito legal ter isso no Brasil”. 

A estudante da delegação Ucraniana, Oleksandra Gol’dina, gostou do fato do Memorial ser localizado no centro de Brasília. “Onde muitas pessoas podem ver e prestar atenção e é muito importante que as pessoas estejam fazendo tanto para respeitar a cultura dos povos indígenas”. Oleksandra frisa principalmente, os esforços feitos para manter essas tradições preservadas e seguras.

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Estudante da Ucrânia, Oleksandra Gol’dina. – Foto: Jornal de Brasília/Amanda Karolyne

Oleksandra está encantada com a confraternização entre as equipes nesta IOL. “Nós temos jogos de integração e atividades para nos conhecermos melhor”, adicionou. Ela descreve que além das provas, as delegações costumam trocar experiências e falar sobre a cultura de cada país. “E os brasileiros têm feito muito para que a gente se sinta familiarizado com o Brasil. Eu estou amando”. Para a ucraniana, esta Olimpíada é muito mais do que uma competição, pois ali é formada uma comunidade. “E no final, nós saímos daqui com muitos amigos”. 

A estudante colombiana Margarita Carranza, 18 anos, também está participando do IOL. Para ela, aprender a cultura do país em que ela está é uma parte valiosa da visita. “Aprender as tradições especialmente das comunidades indígenas, porque formam a maior parte da cultura de muitos lugares, não só do Brasil. 

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Estudante colombiana Margarita Carranza. – Foto: Jornal de Brasília/Amanda Karolyne 

A equipe de Margarita é formada por quatro mulheres. “Somos a única equipe que só tem mulheres. Me sinto muito apoiada por elas e a comunidade também nos apoia muito”. É a segunda vez dela no evento. “Esta edição está incrível, temos muitas atividades divertidas e as pessoas são muito amaveis”. Ela espera aprender mais sobre o Brasil e quer conhecer mais pessoas de lugares diferentes. “Estou emocionada pois está chegando ao final e quero continuar desfrutando de todos os momentos”. 

Década das línguas indígenas

A coordenadora geral de Articulação de Políticas Educacionais Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Altaci Kokama, acredita que a IOL promove um movimento de encontro mundial de estudantes indígenas. “E a partir da parceria com o MPI, os participantes da competição podem ouvir os próprios indígenas falarem de suas línguas”. Ela conta que o MPI está empenhado na caminhada mundial de fortalecer as culturas indígenas. “Uma vez que fortalecendo os saberes contidos dentro dessas línguas, significa manter a floresta em pé e manter nossos rios limpos, os nossos territórios protegidos para frear o aquecimento global”. 

No domingo, foram promovidas atividades como uma palestra sobre a concepção de línguas a partir dos povos indígenas, oficinas de cantos dos povos Guarani e Kaiowá, com o professor Eliel Benites, além de uma oficina dada por Altaci de como retomar, vitalizar e revitalizar uma língua. Karina Cambeba, uma das representantes do GT nacional da década das línguas indígenas também esteve presente para ministrar uma oficina. Para Altaci, este foi um momento em que os estudantes entraram em contato com um pouco da diversidade linguística do Brasil. 

Bruno L’Astorina, coordenador da organização da IOL, o Instituto Vertere, destacou que todo ano na Olimpíada Internacional e nas Olimpíadas de cada país, os alunos resolvem problemas envolvendo línguas variadas, inclusive questões em línguas indígenas do mundo todo. “Eles já têm um contato um pouco íntimo com essas línguas através desses textos. Mas é uma coisa completamente diferente, ter o contato direto com as lideranças indigenas”, complementou. Ele acredita que por já terem um conhecimento mais estudioso sobre os dialetos, esses estudantes têm uma sensibilidade de que cada língua é uma porta para uma maneira diferente de ver o mundo. 

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