Carlos Carone
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Um hospital particular e três médicos do Distrito Federal serão investigados pela Polícia Civil, por suposto envolvimento na morte do fisiculturista Manoel de Alencar, 31 anos. Ele foi encontrado morto dentro seu apartamento, na Octogonal, na sexta-feira última. Um bloco timbrado com o nome do hospital e o carimbo com o nome dos três profissionais de saúde foram localizados pela polícia em meio a dezenas de ampolas de anabolizantes e caixas de suplementos alimentares na casa do homem.
O inquérito, instaurado pela 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro), ainda está no início, pois aguarda o resultado do laudo cadavérico do atleta, campeão brasiliense de fisiculturismo em 2008, 2009 e 2010. Enquanto o exame que irá apontar a causa mortis não é concluído pelo Instituto Médico Legal (IML), os investigadores pretendem descobrir como o bloco usado para a prescrição de medicamentos controlados chegou às mãos do nutricionista.
“Apesar de trabalhar com nutrição esportiva, a vítima não tinha autorização para utilizar o bloco para prescrever e muito menos se automedicar. Nosso objetivo é saber desse hospital como é o protocolo de controle de emissão desses blocos”, explicou o delegado-adjunto da 3ª DP, André Sala.
O delegado não descartou a hipótese de o bloco ter sido desviado da instituição médica, uma vez que existe um mercado paralelo de compra e venda de receituários, muitas vezes usados para a compra ilegal de medicamentos controlados, tanto para o ganho de massa muscular – como os esteróides anabolizantes – ou perda de peso, como os inibidores de apetite. Geralmente, o comércio desses remédios é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A polícia também já começou a aprofundar as investigações para descobrir como o nutricionista possuia o carimbo de três médicos. Todos eram usados para autenticar as receitas médicas para a aquisição de medicamentos controlados. De acordo com o delegado que investiga o caso, os médicos poderão ser intimados a prestar depoimento.
“O primeiro passo foi entrar em contato com o Conselho Regional de Medicina (CRM) para confirmar se os profissionais estavam cadastrados e trabalhando. Tivemos a resposta positiva da entidade e poderemos ouvi-los para saber se os carimbos foram adulterados ou repassados de forma irregular”, disse André Sala.
suposta venda
Os policiais desconfiam que a grande quantidade de medicamentos encontrada no apartamento do fisiculturista não seria, apenas, para consumo próprio. Havia uma gama imensa de anabolizantes, termogênicos (substâncias para acelerar a queima de gorduras) e outros suplementos alimentares.
“A quantidade era muito grande, mas não tivemos, ainda, uma confirmação precisa sobre uma suposta comercialização ilegal por parte da vítima”, explicou o delegado.
Um dos itens encontrados era o Durateston, um dos anabolizantes mais eficazes para o ganho de força e massa muscular magra, livre de gordura. No entanto, o medicamento pode provocar danos ao fígado.