Centenas de pessoas se reuniam na Avenida Central do município de Cidade Ocidental, em Goiás. Eram aproximadamente 8h40 de quinta-feira (26/9) e a agitação, por conta das eleições, dava a tônica do clima da região do Entorno do Distrito Federal, a pouco mais de uma semana da votação que decidirá quem será o novo prefeito. Apesar de estar no local, o candidato não era a atração principal, mas sim a presença do governador do estado de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).
Do caminhão de som, o locutor observa a aproximação de um comboio com três carros de luxo pretos, e anuncia a chegada do chefe do Executivo goiano. A multidão passa a se aglomerar entre os carros e a via. Dezenas de policiais militares, incluindo de forças táticas especiais do Estado, juntamente com a guarda pessoal de Caiado, fazem um cordão para que eleitores e cabos eleitorais não fiquem à frente dos políticos e candidatos para não atrapalharem a captação de imagens. Em meio a gritos pelo nome do veterano político, começa a caminhada.
Por pelo menos 20 a 30 minutos ou mais, os locutores chamam pelo nome de Antônio Lima (União Brasil). Com mais de 30 anos de carreira partidária, ele foi o primeiro prefeito de Cidade Ocidental, em 1992, mas se afastou das urnas para voltar somente agora. De dentro da casa do governador Ronaldo Caiado, ele anda sorridente pelas ruas de comércio e muito bem cuidadas, ao menos na parte central.
Do chão, os locutores narram promessas de campanha, todas com, segundo eles, as bênçãos do governador, que foi reeleito na região com mais de 70% dos votos. Serão construídos hospitais, uma universidade, escolas técnicas, maternidade, e muitas outras promessas. É essa popularidade que o candidato apoiado por Caiado quer que se converta em votos na eleição de turno único.
“Eu faço política com o governador desde sempre, começamos nossa militância política juntos, no nosso estado de Goiás. Então, eu sou assim com o governador”, afirma Antônio, esfregando os dedos indicadores de cada mão. “O governador é candidato a presidente da República. Quando ele foi candidato pela primeira vez, nós só tínhamos 11 prefeituras. Hoje, ele fará, pelo União Brasil, a maioria das prefeituras do estado de Goiás, e pelos partidos coligados, muitas outras prefeituras no Estado. Por isso é tão importante a participação dele nas campanhas.”
O peso do nome
Ronaldo Caiado sabe da sua importância para o pleito deste ano. Com uma agenda apertada e a preocupação de que o atraso entre elas não seja grande, ele se desloca entre os municípios mais próximos de carro, mas não é incomum que o chefe do Executivo goiano viagem de helicóptero. Ao todo ele apoia candidatos a prefeito em Luziânia, Novo Gama, Valparaíso, Águas Lindas, Cristalina, Planaltina de Goiás e Abadiânia. Outros municípios do Entorno, por terem candidatos tanto do União quanto de partidos aliados, acabam sendo neutros para Caiado, mas não são perdidos de vista para o governador, que ainda apoia siglas como o MDB e o PP.
“Vocês sabem, eu ainda tenho que percorrer muitas cidades hoje. Tenho que caminhar muito por esse estado, até o dia 6, mas, como um homem temente a Deus, eu peço que Ele continue nos protegendo e iluminando, e que no dia 6 de outubro, possamos eleger 44 (número dos candidatos do União Brasil)”, encerra seu discurso.
Antes de seguir rumo a Cristalina, porém, ele resume sua relevância eleitoral para o Jornal de Brasília. “Minha importância para as campanhas é por conta do trabalho prestado para o estado de Goiás. Depois que passamos a governar, o Entorno é outro”, garante o veterano, que já ocupou as cadeiras de senador e deputado federal por Goiás, antes do Palácio das Esmeraldas.
De olho no padrinho
Mas não são apenas os candidatos a prefeitos que podem ter benefícios na corrida eleitoral. Com a popularidade do governador Caiado, candidatos a vereadores, como a enfermeira Ellen (União Brasil) também participam de eventos como o desta quinta-feira em busca de votos do maior cabo eleitoral do estado de Goiás.
“Sou candidata pela primeira vez e sou enfermeira. O governador Caiado é bastante participativo e comunicativo. Ele nos dá todo o apoio, inclusive, para futuros projetos nossos, desde a saúde à educação, lazer”, afirma a candidata à Câmara Municipal de Cidade Ocidental.
Para o bem e para o mal
Fora da aglomeração de apoiadores, olhares de comerciantes, moradores e curiosos também segue o governador Ronaldo Caiado. Uns têm a presença do chefe do Executivo local como decisiva para que o candidato da chapa governista se eleja e outros não são influenciados pela agitação de bandeiras.
“Para mim, a presença dele não faz diferença. Da outra vez que ele esteve aqui não fez discurso e acabou virando um meme, que apelidaram de ‘Ronaldo Calado’. Essa é uma semana decisiva para a eleição daqui, porque o marketing das campanhas está muito ruim”, avalia o motorista por aplicativo André Luiz.
Morador de Cidade Ocidental desde 1979, o técnico de saneamento Francisco de Assis Silva, 62 anos, viu a cidade se modificar ao longo das décadas. Para ele, a presença do governador, ao passo que pode ser bom para os candidatos, pode, na direção contrária, ser ruim para o próprio Caiado. “A presença dele é importante, mas depende de quem ele está apoiando. Muitas vezes pode atrapalhar, até mesmo, a imagem do governador, pois na política tem que se ciscar para dentro.”
As eleições para a prefeitura da maior parte dos municípios do Entorno do Distrito Federal será em turno único, por conta do quantitativo de eleitores ou pelo número de candidatos. Entretanto, até 6 de outubro a expectativa é que as ruas ainda sim tenham tempo para a atuação de pesados cabos eleitorais, como é o caso de Ronaldo Caiado.
