Por Caroline Purificação
Brasília recebe a quarta edição anual do tradicional bazar beneficente organizado pelo Instituto Missionário Rosa Mística Associação Padre Júlio Negrizzolo (APJN). O evento, realizado no Centro Gilberto Salomão, no Lago Sul, teve início nesta terça-feira (11) e vai até a próxima sexta-feira (14). O intuito da ação é arrecadar fundos para apoiar os projetos sociais da instituição que presta assistência às pessoas em situação de vulnerabilidade social, como dependentes químicos, famílias e crianças carentes.

Durante os quatro dias do evento, o bazar contará com roupas, calçados, acessórios, brinquedos, itens para casa, decoração de natal e até vestidos de noiva. Os valores começam na faixa de R$ 5,00 reais e vão até os R$ 200,00 – como é o caso dos vestidos para casamento. O espaço é cedido pela administração do Gilberto Salomão e recebe quatro edições anuais.

Curadoria e transformação de vidas
A respeito da curadoria das peças, Nardeci Castro, vice-presidente da APNJ, comenta: “É feita uma triagem, e aquilo que não é colocado no bazar é enviado para outras comunidades carentes que também realizam bazares. Além deles, os acolhidos pelos nossos projetos sociais também recebem as doações”.

Segundo ela, as doações são recebidas na sede da Associação, no São Sebastião. No entanto, muitas também são recebidas na Igreja Perpétuo Socorro, no Lago Sul. E a curadoria, limpeza e restauração dos itens são feitas por voluntários do projeto.
“A gente procura transformar aqueles que a gente acolhe. Nós temos histórias de dependentes que chegaram sem conseguir segurar um garfo e hoje possui família. E isso para nós é o que faz a diferença: criar condições para que as pessoas tenham dignidade. Às vezes quando o evento acaba, já tem doações para a próxima edição”, relata Nardeci a respeito do projeto.
Além das doações e do bazar, a instituição também conta com o auxílio financeiro da marca própria “De boa” com a comercialização de café, pochetes e camisetas. Também há uma horta na sede, que vende verduras, hortaliças e ovos caipiras, nas quintas-feiras e domingos. E a venda de lanches e marmitas nos encontros.
A comunidade também se beneficia
Inaugurado às 8h da manhã desta terça-feira, o local já contava com uma fila de mais de 40 pessoas antes mesmo de abrir. Segundo a vice-presidente, o lugar permanece bem frequentado durante todos os dias.
Marcela Souza, assistente executiva, chegou cedo para aproveitar as melhores peças. “É a segunda vez que eu venho (para o bazar). Na edição anterior eu vim no último dia e eu peguei apenas algumas coisas. Dessa vez eu vi a publicação no jornal antes e resolvi vir cedo para garantir em primeira mão. Os garimpos estão ótimos, sempre tem uns achados”, comenta a assiste.
Com opções para todos os gostos, o público estava bem variado. Tânia Maria, autônoma e fã de bazares, também aproveitou a oportunidade para ir às compras: “É a primeira vez que eu venho no Rosa Mística (bazar). Já teve em outros anos, mas eu nunca tinha vindo. Acabei de chegar e ainda estou dando uma voltinha por aí. Até agora não encontrei nada do meu gosto, mas as peças estão muito boas”, relata Tânia.
Como tudo começou
O projeto teve início em 2014 com o Padre Vanilson Silva, fundador e presidente da ANPJ. Exorcista e vigário na Igreja Perpétuo Socorro, no Lago Sul, o Padre é natural de Soure, município localizado na Ilha do Marajó, no Pará. Ele teve uma experiência no Tocantins com uma família que sofria com um membro dependente químico, então surgiu a missão de acolher pessoas na mesma situação.
A ANPJ possui atualmente três obras sociais que atendem a população em situação de vulnerabilidade: A Casa Betânia, no São Sebastião, que acolhe pessoas que sofrem com vícios em drogas; A Casa Madre Tereza de Calcutá, também em São Sebastião, que apoia famílias e crianças em situação de rua. E entre o final de 2024 e início de 2025, a Casa Madre Tereza ganhou uma unidade na Ilha de Marajó.
O objetivo dessa segunda unidade é fomentar a profissionalização de crianças e adolescentes residentes da ilha, além de oferecer alimentação, reforço escolar e aulas de informática básica. A região enfrenta sérios problemas com questões de abuso sexual e exploração sexual infantil.
O Pará apresenta uma taxa de 174,8 casos a cada cem mil crianças e adolescentes, segundo o estudo “Violência contra crianças e adolescentes na Amazônia”, realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com o Fórum de Segurança Pública.
“Nós ganhamos alguns computadores e estamos tentando levar qualificação profissional. Estamos ensinando a pescar e não apenas dar o peixe. Queremos que eles ganhem dinheiro com dignidade. Ganhamos uma padaria artesanal, que já foi instalada e está sendo utilizada para a realização de cursos profissionalizantes na área de panificação”, informa a vice-presidente sobre o projeto na ilha.
Serviço:
Bazar Beneficente de Natal da Associação Padre Júlio Negrizzolo
Local: Centro Gilberto Salomão – Lago Sul
Data: de terça-feira (11) até sexta-feira (14)