Menu
Brasília

Associação pressionou Mesa Diretora a aprovar progressão semestral de carreira

Grupo de servidores da Câmara Legislativa tentou aprovar projeto que elevaria salário de concursados de duas a três vezes por ano, a partir do cumprimento de metas. Proposta foi rejeitada

Suzano Almeida

05/07/2024 5h00

Atualizada 04/07/2024 17h12

Foto: Agência Brasil

Um grupo de servidores da Câmara Legislativa vem pressionando a Mesa Diretora da Casa a aprovar um projeto de lei que dá progressão de carreira — e consequentemente salarial — de dois a três níveis por ano. A proposta chegou a ser entregue aos distritais nos últimos dias de trabalhos do primeiro semestre deste ano, mas foi rejeitada pela cúpula legislativa, por falta de orçamento da Casa nos próximos anos.

A proposta foi feita pela recém-criada Associação dos Analistas Legislativos da CLDF (Anacam), presidida por Múcio Botelho, servidor de carreira lotado na Secretaria Legislativa (Seleg) e segundo suplente de distrital do PSB, que propõe a alteração da lei 4.342 de 2009, que trata da progressão de carreira dos funcionários da Casa. De acordo com a minuta, a promoção anual passaria a ser, para os novos servidores, semestral, por mérito e tempo de serviço.

Entretanto, com a repercussão interna negativa, a proposta foi alterada, mas, ainda assim, com mudanças de níveis que, a depender da conquista de metas pelo servidor, poderiam variar entre duas e três promoções por ano.  

Promoção semestral

De acordo com a primeira proposta, a progressão de carreira passaria a ser a cada seis meses, automaticamente. Entretanto, havia ainda a possibilidade cumulativa de promoção por mérito e metas alcançadas. O prazo para chegar ao topo da carreira, que seria de 24 anos, variaria de oito a 12 anos. “Essa lei passa a criar uma promoção e não a progressão prevista na lei 4.342”, afirma um servidor da Casa que preferiu não se identificar.

A proposta inicial, entregue à Mesa Diretora, foi prontamente rejeitada e causou mal-estar com servidores mais antigos, que cumpriram os prazos de promoção, ao longo dos anos de serviço. Por esse motivo, uma nova proposta foi elaborada e levada para o comando da Casa.

Na nova minuta, não se fala mais em progressão a cada seis meses, mas sim no cumprimento de metas. Caso o servidor, ao longo de um ano, chegasse à marca de 60% de metas alcançadas seria promovido em um nível. A partir de quatro anos de cumprimento de metas, chegando a 80% de aproveitamento, nos últimos dois anos, o funcionário público receberia dois níveis, sendo o que estava previsto mais um excepcional.

Com cinco anos, alcançando os 90% de aproveitamento, o número de padrões alçados pelo servidor seria de três níveis.

Vencimentos

Atualmente, de acordo com a tabela de vencimento publicada em junho de 2024, um analista legislativo, em início de carreira, recebe R$ 14.207,61. Após 24 anos de progressão, o servidor receberá um salário de R$ 26.187,75.

De acordo com a justificativa da proposta, a demora na progressão dos servidores pode funcionar como uma forma de desestímulo à permanência dos mesmos na carreira no Legislativo local. Ela ainda compara a Casa Distrital a órgãos públicos da União, em que a promoção de nível ocorre a cada seis meses.

A justificativa da minuta de projeto diz, ainda, ser vantajosa para o serviço público por promover o “aprimoramento da eficiência no serviço público: A agilização (sic) da progressão visa incentivar o desempenho e o comprometimento dos servidores, culminando em maior produtividade e efetividade institucional”.

Diferença salarial

A Câmara Legislativa aponta a existência de seis categorias, divididas em três gerações: técnico legislativo; procurador legislativo; consultor técnico-legislativo; assistente técnico-legislativo; e analista legislativo. Em uma das minutas, os autores da proposta apresentam as diferenças salariais entre os funcionários de carreira da Câmara Legislativa.

Entre os analistas legislativos, a terceira geração recebe R$ 16.398,42, enquanto a primeira geração, com quase 30 anos de serviços prestados, recebe R$ 37.834,71. Na mesma toada, um assistente legislativo da segunda geração recebe R$ 17.958,52 e outro da primeira geração ganha R$ 18.657,72.

Na sequência, o comparativo mostra que os consultores legislativos, aprovados mais recentemente, recebem R$ 24.491,47 e um de primeira geração, no topo da carreira, tem vencimentos de R$ 40.715,83. Em seguida, a terceira geração de consultores técnico-legislativos tem salário mensal de R$ 24.491,47 contra R$ 39.938,50 da primeira geração.

Por sua vez, o cargo de procurador legislativo paga aos recém-aprovados R$ 25.978,32 enquanto a primeira geração chega ao teto de R$ 39.413,22. A única carreira que possui salários iguais entre as gerações é de técnico-administrativo que possui apenas uma geração e foi extinta para os próximos concursos, com ganhos de R$ 28.672,97.

Impacto

A proposta foi rejeitada pela Mesa Diretora, que não entendeu como viável a aprovação da mesma, por conta de limitações orçamentárias. Um estudo feito pela própria Anacam, com alternância de anos — ou seja, apenas anos ímpares —, aponta que, em 2025, o impacto para os cofres da Câmara Legislativa, caso a matéria alcançasse sucesso, seria de R$ 3.720.000,00. Em 2027, os valores chegariam aos R$ 4.860.000,00, em 2029, R$ 9.720.000,00 e, em 2031, de novo de R$ 9.720.000,00.

O JBr procurou Múcio Botelho, presidente da Anacam, para comentar sobre a proposta e o pleito da categoria, mas, até a publicação desta matéria, não houve retorno ao nosso contato. O espaço segue aberto para futuras declarações.

Em nota, a Câmara Legislativa informa que o pleito foi feito por uma associação e descartada pelo Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo e do Tribunal de Contas do Distrito Federal (Sindical), que é a entidade que representa os servidores da Casa. Ela continua, em sua resposta, dizendo que não havia previsão orçamentária para atender a demanda, sendo assim, foi concedida uma reposição de 5% aos servidores da CLDF, garantindo a reparação das perdas inflacionárias.

“A CLDF acredita que as associações de classe estão no papel delas de pleitear conquistas trabalhistas para seus associados”, conclui.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado