A alegria brasileira vai invadir as piscinas do Parque Aquático Maria Lenk, em Jacarepaguá. Hoje, a partir das 19h, começam as primeiras seletivas do esporte nos Jogos Pan-Americanos Rio-2007. A expectativa – não só da torcida, mas também dos atletas – é que muitas das medalhas nacionais saiam da água. Ontem, no último treino da delegação, os brasileiros esbanjavam euforia e, de última hora, improvisaram uma música para servir de incentivo durante o Pan-Americano: “É hoje o dia / da alegria / e a tristeza / nem pode pensar em chegar. / Diga espelho meu, / se há na avenida alguém mais feliz que eu”, bradavam, a plenos pulmões.
O samba-enredo da União da Ilha, de 1982, acabou virando uma espécie de grito de guerra da delegação brasileira. “A gente tava querendo fazer um grito, e aí um dos treinadores sugeriu que a gente cantasse essa música. Ainda não sei a letra toda, mas diz umas coisas bem legais”, contou a brasiliense Manuella Lyrio, que ainda nem tinha nascido quando a música foi lançada. “Já tinha ouvido minha mãe cantar”, lembrou a garota de 18 anos. Manu, como é chamada pelo grupo, disputa hoje os 400m livre e é uma das quatro brasilienses da seleção brasileira de natação.
Além dela, Rebeca Gusmão, Larissa Cieslak e Fernanda Alvarenga também nasceram no DF. “Brasília é um celeiro de talentos da natação e acho que sempre vai ser”, opinou Rebeca, a mais experiente do quarteto. No Rio, Rebeca disputa cinco provas. A primeira abre hoje as seletivas da natação: os 50m nado livre. “Estou bem tranqüila, treinei bem e vou me poupar amanhã (hoje), para entrar melhor na final”, revelou a brasiliense.
Novatas em Pan
Diferente de Rebeca, que já disputou três Pan-Americanos, Manuella e Larissa são estreantes e debutam logo na frente da torcida brasileira. “É a competição mais importante que eu já disputei”, afirmou Manu. A brasiliense está na Vila Pan-Americana em um apartamento com mais sete meninas da natação. O quarto ela divide com a carioca Monique Ferreira, que também disputa os 400m livre. “A energia entre o grupo está superpositiva. Toda noite, os técnicos fazem uma reunião para motivar a gente”, conta.
Mas a jovem nadadora passou por dificuldades para controlar a ansiedade. No treino de ontem, saiu da piscina insatisfeita com o tempo que fez. “Não consegui me concentrar, mas estou tentando não me preocupar com isso. O problema é que não dormi bem, acordei toda hora durante a noite”, explicou. Mesmo assim, ela está confiante para a prova: “A gente treinou bem. Espero melhorar meu tempo e tentar conseguir uma final.”
Para ser finalista, Manu diz que também conta com o apoio da torcida. “Só de dar uma olhada para as arquibancadas na hora de respirar a gente já fica mais motivada”, lembra.
Com a família toda na torcida
Quando entrar na piscina, para disputar os 400m medley, a brasiliense Larissa Cieslak terá uma torcida muito especial nas arquibancadas do Parque Aquático Maria Lenk. “Vieram meus pais, minha irmã, meu cunhado. Até a tia do meu cunhado, que eu nem conheço, veio para o Rio”, diverte-se a garota, que nasceu em Sobradinho há 19 anos. Apesar de ter saído da capital cedo, aos sete anos, Larissa faz questão de dizer que vai representar o DF no Pan. “Comecei a nadar lá, aos três anos, e ainda vou muito a Brasília”, conta.
Estreante em Pan-Americanos, a garota, que hoje treina em Santos (SP), já entrou no clima de integração esportiva que se espalhou pelo Rio de Janeiro. “Tudo está muito legal, tem muita gente. É bom que dá para ter contato com outras culturas. Tem gente que come ovo e salsicha no café da manhã!”, espanta-se Larissa.
Além dos 400m medley, ela também vai competir os 200m medley e nos 200m borboleta. O objetivo é melhorar o tempo pessoal. “Também quero chegar em uma final. Ficar entre as oito melhores. Só quero uma vaguinha”, brinca.
Depois do Pan, vem o sonho de participar de uma Olimpíada. “O próximo passo é conquistar o índice olímpico, mas sei que tenho que melhorar muito para chegar lá”, explica Larissa. (M.B.)