Com os recentes casos de mortes provocadas por intoxicação por metanol no Brasil, cresce a preocupação da população com a procedência de bebidas alcoólicas vendidas em bares e restaurantes. A dúvida sobre a segurança no consumo de destilados e drinks preparados fora de casa tem levado consumidores a reavaliar os hábitos. O Jornal de Brasília conversou com empresários do setor e frequentadores de bares para entender como a repercussão do caso tem impactado o comportamento nas ruas.
Ao JBr, o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (“Sindhobar”), Jael Antônio da Silva, disse que até o momento não há indícios de que o mercado local tenha sido afetado pelo risco de contaminação por metanol. Segundo ele, os principais bares e restaurantes da capital já têm o hábito de adquirir bebidas apenas de fontes confiáveis, como distribuidoras reconhecidas, atacadistas e supermercados. “Não tem essa prática de comprar coisas irregulares. Tudo é comprado com nota fiscal”, afirmou. Jael orienta os consumidores a manterem o hábito de frequentar os estabelecimentos de confiança e evitar alternativas desconhecidas, principalmente aquelas que ofereçam bebidas com preços muito abaixo do normal.
De acordo com Jael, o setor também tem buscado se prevenir. Nesta semana, a entidade nacional do setor organizou videoconferências com empresários para reforçar medidas de prevenção e garantir que bebidas adulteradas não entrem no circuito comercial formal. “Foi algo mais orientativo mesmo, porque a gente já tem como prática utilizar essa rede de fornecimento devidamente consolidada e idônea no DF”, disse. Jael aproveitou para alertar para os riscos associados a estabelecimentos clandestinos e distribuidoras irregulares, como os que operam sem alvará em garagens ou pontos improvisados. “Desconfiem de preços muito baixos. Se você está acostumado a pagar um valor e vê por um quarto disso, tem alguma coisa errada”, alertou.
No bar Fausto & Manoel, no Sudoeste, o gerente Afrânio Cordeiro da Silva garante que a clientela segue confiante. “Está lotado todo dia”, afirmou. Ele explica que todas as bebidas são adquiridas por contrato com marcas certificadas. “Não existe essa sensação de insegurança. Em Brasília, bares maiores já trabalham com fornecedores fixos e confiáveis”, disse.
Carlos Eduardo Miranda, sócio do Ordinário Bar e Música, conta que a qualidade dos produtos sempre foi prioridade. “Trabalhamos exclusivamente com fornecedores reconhecidos, que operam sob rigorosos controles de qualidade e certificações”, afirmou. Segundo ele, mesmo com práticas rigorosas, o bar entrou em contato com todos os fornecedores para reforçar a segurança. “Após essa checagem, reafirmamos que não há qualquer risco de contaminação nas bebidas do nosso bar”, disse.
Carlos também não notou mudança no comportamento dos clientes. “Temos total confiança na procedência dos produtos e estamos disponíveis para esclarecer qualquer dúvida com transparência”, concluiu.
O que pensam os consumidores
Matheus Alcântara Ferraz, 31 anos, atua na área de marketing e gosta de frequentar os bares do DF para ter momentos de descontração com os amigos. Ele sabe que a situação é complexa, mas não tem problemas e não se sente inseguro nos estabelecimentos que frequenta. “Querendo ou não foram poucos os casos confirmados, apesar de resultarem em mortes”, comentou. Ele espera que as autoridades encontrem logo os responsáveis, mas ao menos que os casos aumentem, vai continuar bebendo.
A analista de comunicação Lohanna de Paula, 29 anos, também gosta de beber socialmente, principalmente com a família e amigos. Entretanto, ela está com medo de consumir bebidas alcoólicas. “Estou com medo de comprar drinks e destilados no geral, pois os casos ainda estão em investigação e eu não tenho noção do tamanho da situação toda”, disse.
Lorena Seype, 31 anos, atendente de nutrição de produção, costuma beber com os amigos e família socialmente, mas agora está cautelosa. “Ainda mais por ser mãe, tenho medo de morrer ou ficar muito doente”, acrescentou. Para ela, é melhor optar por outras opções no momento, do que beber destilados.
A secretária Nathália Caetano, 31 anos, costuma preferir beber cerveja em momentos especiais, mas isso não significa que ela não esteja preocupada com a situação dos casos de intoxicação no país. “Eu estou com muito receio e insegura em consumir bebidas destiladas em bares ou lugares que não tenho o costume de frequentar”, afirmou. Para ela, depois das mortes noticiadas, o risco é real. “O metanol pode causar intoxicação, cegueira e até morte. Por isso, é fundamental comprar apenas produtos de marcas e procedências confiáveis”, disse.
Fiscalização da SES-DF
Em nota ao JBr, a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) informou que realiza fiscalizações regulares em bares, quiosques, trailers e distribuidoras, especialmente em ações integradas com a Secretaria de Segurança Pública. A pasta ressaltou que não há casos confirmados de intoxicação por metanol no DF, mas reforçou, por meio da Vigilância Sanitária, a importância de verificar a procedência das bebidas e denunciar comércios clandestinos.