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Brasília

Alunos e professores da UnB promovem experiência artística para pessoas com deficiência visual

Arquivo Geral

10/11/2017 20h35

Foto: John Stan

Larissa Galli
cultura@grupojbr.com

Encerrou-se hoje (10) a exposição Desdobramentos, uma mostra que traz obras de 16 artistas-professores da Universidade de Brasília (UnB). Para fechar a temporada, alunos e professores se uniram para oferecer uma experiência artística para pessoas com deficiência visual. Para isso, eles planejaram uma visita guiada com apoio de audiodescritores especializados para que os cegos possam fruir e refletir sobre artes visuais.

A responsável pelo grupo de audiodescrição é a professora Soraya Ferreira Alves, do departamento de Letras. Ela é especialista em audiodescrição e coordena um grupo de extensão da UnB, formado por alunos e professores, que faz ações voltadas à comunidade desde 2010. Eles fazem audiodescrição para cegos e legendagem para surdos. Ano passado, por exemplo, eles levaram para a exposição Frida Khalo, na Caixa Cultural, 11 pessoas cegas do instituto Blind Brasil.

Na galeria Espaço Piloto, é a primeira vez que o grupo faz a visita guiada com audiodescrição. Essa ação inaugura o Programa de Acessibilidade da Galeria e é uma atividade da pesquisa de Iniciação Científica (PIBIC-CNPq) da estudante Hoana Gonçalves. “A ideia é implantar o programa de acessibilidade com mais visitas mediadas, guiadas e acessíveis para o público cego aqui na galeria”, declara a coordenadora da galeria, Denise Carvalho. Na mostra, ela também tem uma fotografia exposta.

Um grupo de nove pessoas com deficiência visual participou da visita guiada com audiodescrição nesta sexta-feira (10). Eles são da Biblioteca Braille Dorina Nowill, em Taguatinga e estão sempre em busca de maneiras de se sentirem mais incluídos na sociedade. Adma Figueredo Lima Oliveira tem 51 anos e baixa visão há três. Ela perdeu a visão primeiro no olho esquerdo devido a uma doença chamada retinose, que provoca o deslocamento da retina.

Antes, Adma trabalhava como recepcionista em um hospital. Agora, ela se preocupa em “colocar sorrisos nos rostos das pessoas”, como ela mesma diz. Adma faz dança de roda e está trabalhando para se tornar humorista. “É uma forma de me sentir mais incluída na sociedade”, conta. “Eu procuro sempre aproveitar as oportunidades de inclusão que eu encontro”, completa.

Segundo ela, o preconceito existe, sim. “O preconceituoso é aquele que aponta o dedo para você, mas ele é que não está bem, quem precisa de ajuda é ele mesmo”, revela. “A gente sofre muito com isso, dentro do ônibus, na rua… Mas todos somos iguais, então por que ter preconceito?”, indaga.

Sobre a exposição, Adma diz ter gostado de conhecer coisas novas e achou a experiência enriquecedora. “A exposição está muito legal, gostei muito dos trabalhos dos artistas, de como eles conseguem passar as coisas que acontecem no mundo de hoje pra gente. São muitas ideias legais”, pontua Adma. “E a audiodescrição é legal pra gente ter a ideia da obra. Quando a gente ouve, já percebemos que tem uma ideia ali por trás. É uma coisa muito rica e que enriquece a gente também”, finaliza.

Audiodescrição

Fotografias, esculturas, filmes, obras teatrais… Segundo Maíra Veigas, integrante do grupo de audiodescritores, todo tipo de obra pode ser audiodescrita. “A gente recebe o material, temos nossas primeiras impressões e depois seguimos para uma discussão em grupo, na qual discutimos a estética, o tema central e objetivo da obra e depois fazemos a audiodescrição e apresentamos para o grupo”. Depois disso, eles fazem a audiodescrição para Viviane Santos Queiroz, a Vivi, estudante de Letras-tradução, deficiente visual e consultora do grupo de extensão.

“Eu avalio como está a audiodescrição e se ela está passando a ideia do que há na imagem. Ela tem que passar o que está sendo transmitido. Sempre que eles têm que me transmitir alguma sensação, se a audiodescrição me provocar algo, então é porque ela está boa e eu consigo desenhar na minha cabeça o que está sendo audiodescrito”, explica Vivi.

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