Sinal de alerta. O Brasil está em treinamento de segurança para a Copa do Mundo 2014. A pouco mais de um ano para a competição, o risco de acontecer um atentado terrorista no evento deve ser seriamente considerado, avaliam os órgãos de inteligência. A ação está no grau máximo de alerta do Plano de Segurança para a Copa: nível IV. De acordo com a análise do documento, uma explosão à bomba, por exemplo, é um desastre que pode comprometer a continuidade dos jogos. O motivo está na visibilidade procurada por grupos extremistas. No ano que vem, todos os olhos do globo estarão voltados para o País do futebol.
Antes de 2014, porém, vale que lembrar que o Brasil receberá a Copa das Confederações, uma prévia do Mundial. Faltam pouco mais de 40 dias para o evento. Seis capitais sediarão os jogos das oito seleções participantes, de 15 a 30 de junho.
Equipes
Mais de 50 mil homens das Forças Armadas e da segurança pública atuarão nessas cidades. Porém, o número não garante que estamos preparados. O atentado na Maratona de Boston, nos Estados Unidos, provou que tudo é possível, mesmo com forte esquema de segurança.
Na tentativa de garantir a segurança do País, equipes do Exército e da Polícia Federal (PF) têm a missão de planejar estratégias. E o que está sendo elaborado? Em fevereiro deste ano, um acordo entre os ministérios da Justiça e da Defesa definiu quais seriam as responsabilidades dos órgãos durante os eventos esportivos até 2016. O documento aponta que a coordenação de medidas ligadas ao terrorismo ficará com o militares, que também serão responsáveis pelo contraterrorismo. Já os agentes da PF, com apoio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), ficarão por conta de detectar possíveis grupos extremistas.
“Há uma ameaça latente no mundo que pode baixar em qualquer lugar. Então, nós temos que estar preparados para enfrentá-la”, afirmou o ministro da Defesa, Celso Amorim. Em sintonia, a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge) estabelece a necessidade de o Estado brasileiro munir-se de meios necessários para fazer frente a esse enorme desafio.
Pense Nisso
Quase R$ 2 bilhões foram investidos para equipar as Forças Armadas e a segurança pública. Contudo, ainda há obstáculos a serem transpostos para que o Plano de Segurança se concretize até a Copa das Confederações. No DF, a missão é evitar a ameaça de vírus e hackers. Entretanto, atrasou a entrega dos equipamentos para o Centro de Controle. Hoje, só três de seis caminhões equipados com um sofisticado sistema de comunicação estão prontos. O professor da Universidade Federal Fluminense Marcial Suarez avalia que falta comando. “Quando você não tem essa estrutura montada significa que não pode oferecer uma real capacidade de resposta a uma ameaça”, explicou.
Estratégias para todas as situações
Na contramão dos atrasos e dos imprevistos, outros pontos do Plano de Segurança já começam a ser encaminhados. Doze helicópteros de combate poderão interceptar aviões que voarem em áreas proibidas durante os eventos. Em Goiânia, uma unidade especial do Exército se prepara para enfrentar outra situação extrema: o risco de uma contaminação radioativa. O que pode parecer estranho, já que em 1987 a cidade foi vítima de um dos maiores desastres radioativos da história do País, com a propagação do Césio-137.
“O Plano está completo. Dentro do que foi feito, com base nas análises de risco, podemos dizer que estamos preparados para enfrentar e, até mesmo, prevenir situações negativas”, afirmou o porta-voz da Secretaria da Copa no DF, coronel Lima Filho. Questionado acerca da revisão do Planejamento de Segurança após o atentado em Boston, ele disse ainda que “não houve nenhuma mudança radical no projeto”. “Já estávamos pensando nos riscos máximos antes do ocorrido”, salientou.
Prontidão
Para a Copa do Mundo, o efetivo da Força Nacional será composto por policiais militares, bombeiros, policiais civis e peritos policiais disponibilizados pelos estados da Federação. O Plano de Segurança prevê ainda a manutenção de equipes de segurança em prontidão para deslocamento e atuação em qualquer uma das cidades-sede do Mundial.
O material operacional da Força Nacional será colocado, conforme estudo prévio, em pontos estratégicos de todas as regiões do País. O objetivo é facilitar o deslocamento em tempo hábil para a pronta resposta em qualquer espécie de ataque. “Eu acredito que nós não estamos vulneráveis. Agora temos que nos prevenir. Não podemos ficar confiantes no fato de que no Brasil nunca aconteceu nada e que, portanto, nunca vai acontecer”, disse o ministro Celso Amorim.
Ligação com órgãos internacionais
“Embora a responsabilidade seja de um órgão, responsável pela coordenação de todo o esforço, as atividades de inteligência e segurança precisam ser desenvolvidas também de forma desconcentrada. Por isso, a ligação com órgãos de inteligência estrangeiros é de extrema importância”, apontou Carlos Alberto Camargo, especialista em segurança.
No que diz respeito às articulações, o Planejamento para a Copa afirma que a Polícia Federal já tem acesso ao sistema I24/7 da Polícia Criminal Internacional (Interpol), que centraliza difusões de informações criminais emitidas por 188 países. “Esses dados são úteis para a identificação de procurados internacionais, desaparecidos, veículos subtraídos ou de pessoas cuja presença no território brasileiro seja indesejável”, explica o documento.
Ferramenta
Atualmente, esses dados estão restritos ao âmbito da Interpol Brasil, representada pela Polícia Federal. A conexão desse aparelho aos bancos de dados do Brasil permitirá ao Ministério das Relações Exteriores utilizá-lo como ferramenta de consulta para a análise dos pedidos de concessão de vistos de entrada.
Confira a matéria completa clicando
aqui.