Há 121 dias sem chuva, a população do Distrito Federal sofre com os impactos do clima seco e, consequentemente, acaba utilizando mais água para poder se refrescar. Com o consumo mais alto, os órgãos da capital federal alertam para a necessidade de realizar o uso racional e consciente da água para evitar a falta de recursos hídricos e garantir o abastecimento.
As análises da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) apontam que, durante os dias de estiagem, o consumo de água em algumas regiões administrativas aumentam de 7% a 10%. Isso afeta diretamente o nível dos reservatórios de água que atendem aos serviços de distribuição de água e saneamento básico, que são responsáveis pelo abastecimento de 90% do Distrito Federal.
De acordo com os dados da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa-DF), o nível do reservatório de Santo Antônio do Descoberto está em 85,1% e o de Santa Maria está em 50,5%, contudo, esses volumes estão caindo desde o início do período da estiagem no DF. Em maio, o nível do Descoberto era de 100% e o de Santa Maria era de 62,5%.
Segundo o superintendente de recursos hídricos da Adasa, Gustavo Antonio Carneiro, o consumo racional da água é “uma regra que deve ser seguida”, seja na seca ou no período chuvoso, isso porque o DF apresenta uma baixa produção de água per capita. “Trata-se de uma população muito grande em comparação com o volume produzido pelo nosso ciclo natural hidrológico”, contou.
Em entrevista, Luciana Gomes, moradora do Riacho Fundo, contou que no período de seca o consumo de água realmente é maior na sua casa, devido à maior ingestão durante o dia e o uso para limpar a poesia que entra nos cômodos. “Percebo isso pelo valor da conta de água, que tem vindo mais alta. A gente tenta evitar alto consumo, mas o clima não tem ajudado”, relatou.
Para economizar gastos indevidos de água, Luciana sempre alerta os dois filhos, um de 10 e outro de 14 anos, sobre o tempo dos banhos e o tempo na ducha que fica no quintal. “Falo para eles que o banho é de, no máximo, 10 minutos, estourando. E quando eles vão brincar com a ducha no quintal, em dias de sol, é só para molhar o corpo e depois desligar”, explicou.
Os dados da Adasa mostram que as regiões que mais consomem água são Lago Sul, Park Way, Plano Piloto, Lago Norte e Jardim Botânico. As que têm o menor consumo são Itapoã, São Sebastião, Varjão, Paranoá e Riacho Fundo II. Já aquelas que mais se aproximam da média de consumo são Sudoeste/Octogonal, Taguatinga, Guará, Sobradinho e SCIA/Estrutural.
O DF permanece em alerta vermelho, que indica perigo, devido à baixa umidade do ar, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Na segunda-feira (19), a cidade registrou o dia mais seco do ano, quando a umidade chegou a 10%. O índice foi registrado nas estações meteorológicas do Gama e de Brazlândia. Na terça-feira (20), a umidade ficou em 12% e ontem, em 15%.
Para os próximos dias, o Inmet mantém a previsão de baixa umidade. De hoje (22) até domingo (25) a umidade continuará por volta de 15%. O índice que é considerado saudável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é entre 40% e 60%. A previsão do Inmet é que a chuva chegue ao DF ainda no final deste mês, com maior intensidade ao longo de setembro.
Como economizar
A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) recomenda que algumas medidas sejam tomadas para um consumo de água mais consciente. Entre elas, é importante que a população sempre verifique a existência de vazamentos no encanamento da casa. Para isso, o cidadão deve fechar todas as torneiras da casa e depois conferir o hidrômetro: se ele continuar girando, existe algum vazamento.
Ao fechar alguma torneira, é preciso certificar de que ela não ficou pingando. Segundo a Caesb, uma torneira com gotejamento representa um desperdício de 48 litros por dia e uma torneira fluindo em forma de filete representa um desperdício de 180 a 750 litros por dia. Aplicar redutores de vazão nas torneiras, como aerador, arejadores e peneiras, ajuda a reduzir o consumo.
Enquanto estiver realizando atividades rotineiras, como lavar louças e escovar os dentes, não deixe a água correndo o tempo todo. Durante o banho, a dica é desligar o chuveiro quando for se ensaboar. Evitar ficar muito tempo debaixo da água também é importante, já que um banho de apenas 5 minutos gasta, em média, 30 litros de água.
A companhia recomenda que as lavagens de roupas sejam planejadas, priorizando o acúmulo de uma quantidade significativa de roupas antes de ligar a máquina ou a torneira do tanque. Para lavar o carro e áreas externas de casas ou estabelecimentos, é recomendável usar um balde cheio ao invés de uma mangueira, pois desta forma se evita o desperdício de grandes volumes de água.
Na hora de regar as plantas, mantenha a preferência por um regador ao invés da mangueira e para lavar frutas, legumes e vegetais utilize uma vasilha com água, ao invés de água corrente. Reutilize água sempre que possível. Por exemplo, a própria água de enxague das máquinas de lavar roupa pode servir para lavar cômodos e quintais.
Saiba Mais
A adoção de medidas para reduzir as perdas de água no Distrito Federal é tratada como prioridade pela Caesb, que planeja investir mais de R$ 250 milhões em obras de saneamento e distribuição de recursos hídricos. Desde 2019, os investimentos nessa área já somam mais de R$ 1 bilhão, voltados ao atendimento de 2,8 milhões de usuários. Desde então, houve reforço nos sistemas de captação do Bananal, Lago Norte, Gama e Corumbá.