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Brasil

Vírus politizado?

Covid-19 gerou troca de ministro, programa social, desperdício de dinheiro público e crises institucionais no governo federal

Aline Rocha

30/12/2020 10h25

O coronavírus desembarcou no Brasil no dia 26 de fevereiro, quando o primeiro caso foi confirmado em São Paulo, e com ele o dia a dia político brasileiro virou uma verdadeira bagunça. Por conta do vírus teve troca de ministro, programa social, desperdício de dinheiro público e crises institucionais aconteceram dentro do governo. Tudo isso em pouco mais de 8 meses.

E para começar a contar essa história a gente volta lá no dia 12 de março, quando o presidente Jair Bolsonaro fez seu primeiro, de três discursos, que tratavam da pandemia e do vírus. Se hoje sabemos pouco sobre o vírus, à época, tínhamos ainda menos informações. No discurso, o presidente já deixou claro que o país viveria momentos ruins, quando disse “é provável que o número de infectados aumente nos próximos dias”. Ele ainda disse ser importante “evitar concentrações populares” e encerrou falando “jamais podemos colocar em risco a saúde da nossa gente”, este não é o mesmo Bolsonaro que se apresentaria dali pra frente.

Na época estavam marcadas manifestações de apoio ao presidente Brasil afora. No discurso, Bolsonaro caracterizou a organização dos atos como “espontâneos e legítimos”, mas desencorajou as ações, que aconteceram assim mesmo. Bolsonaro disse que os atos precisavam “ser repensados” diante dos fatos recentes.

“O vírus chegou, nossa vida tem que continuar, os empregos devem ser mantidos”, disse Bolsonaro, defendendo que o isolamento social não era necessário. Foi nesse discurso que ele falou sobre seu “histórico de atleta” defendendo que caso se contaminasse, não sentiria nada. Foi também nele que Bolsonaro chama a doença de “gripezinha” e “resfriadinho”.

No fim do segundo comunicado, a população ainda se empenha em encorajar os infectados a se tratar com a cloroquina, que até ali não tinha eficácia comprovada. Posteriormente, seria descartada por médicos infectologistas.

Se no segundo discurso Bolsonaro já mudou o tom, no terceiro a pandemia foi plano de fundo para uma fala política. Após classificar a pandemia como “maior desafio de nossa geração”, o presidente afirmou que sua maior preocupação era salvar vidas. Tanto as que poderiam perder pela pandemia, como as que seriam atingidas por desemprego, violência e fome.

Testes expirados

Foto: Agência Brasil

No fim de novembro, mais uma crise para o governo de Jair Bolsonaro. A mídia revelou que cerca de 6,86 milhões de testes para diagnosticar o coronavírus estavam parados em um galpão no aeroporto de Guarulhos e perderiam a validade entre dezembro deste ano e janeiro do ano que vem.

Até então o SUS tinha aplicado 5 milhões de testes do tipo, ou seja, jogaria fora mais testes do que fez. Isso tudo a um custo de 290 milhões de reais. Bolsonaro se pronunciou em uma rede social respondendo uma seguidora, afirmando que os testes foram enviados a estados e municípios que devem fazer as testagens.

Contradizendo o presidente, o Ministério de Saúde disse, por meio de nota, que avaliaria a data de vencimento dos testes e decidir o que seria feito com o material. Por conta do caso, o Ministério Público entrou com representação, junto ao Tribunal de Contas da União, para a investigação e a adoção de medidas por suposto prejuízo de R$ 290 milhões, em decorrência da validade dos testes.

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