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Brasil

Um a cada cinco estudantes não teve atividade escolar em julho, diz IBGE

Por outro lado, no Sul, 91,7% dos que estavam no fundamental e quase 90% das do ensino médio realizaram atividades escolares

Redação Jornal de Brasília

20/08/2020 15h14

Diego Garcia
Rio de Janeiro, RJ

Um em cada cinco (19,1%) estudantes de 6 a 29 anos não teve nenhum tipo de atividade escolar no mês de julho, em meio à pandemia da Covid-19 no país, informou nesta quinta-feira (20) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em números absolutos, foram 8,7 milhões sem estudos em julho. O mês é tradicionalmente de férias no calendário escolar do Brasil, que acabou bagunçado pelo distanciamento social causado pelo avanço do novo coronavírus.

Tanto que a Pnad Covid-19 -edição extraordinária da pesquisa do IBGE criada para medir os efeitos do novo coronavírus sobre a população e o mercado de trabalho- apontou que apenas 8,9% dos estudantes brasileiros estavam efetivamente de férias em julho.

Os demais 72%, ou 32,6 milhões de brasileiros de 6 a 29 anos, disseram que tiveram atividades escolares no período. A maioria (60,5%) dos 45,3 milhões de estudantes frequenta o ensino fundamental. Estão no médio 21,1% e, no superior, 18,4%.

De acordo com Maria Lúcia Vieira, coordenadora da pesquisa do IBGE, a pesquisa mostra grandes diferenças entre as regiões do país. No Norte, quase 40% dos estudantes do ensino fundamental e quase metade das do ensino médio ficaram sem atividades escolares em julho.

Por outro lado, no Sul, 91,7% dos que estavam no fundamental e quase 90% das do ensino médio realizaram atividades escolares.

“Quanto menor a renda da família, maior o percentual de estudantes que não tiveram atividades escolares durante a pandemia”, disse a pesquisadora.

A baixa frequência escolar dos estudantes brasileiros acontece em meio a discussões sobre a reabertura das escolas após a suspensão das atividades presenciais com a pandemia do novo coronavírus.

No último dia 10 de agosto, o jornal Folha de S.Paulo mostrou que, das 27 unidades da federação, apenas 4 definiram uma data. Entre as capitais, só 2 têm data proposta para o retorno.

A ausência de coordenação e orientação do governo federal sobre parâmetros seguros de saúde dificulta o planejamento para a volta às aulas presenciais. O Ministério da Educação não criou até o momento nenhum protocolo de retorno ou anunciou apoio financeiro às redes de ensino.

O levantamento feito pela Folha de S.Paulo indicou que, na ocasião, apenas o Amazonas, Distrito Federal, São Paulo e Paraná já haviam definido uma data de retorno, ainda que as autoridades afirmem ser apenas uma previsão. Nos três estados, contudo, as redes municipais das capitais não seguiram a definição de data e ainda afirmam estudar o retorno.

A frequência escolar foi um dos seis novos temas abordados em julho pela Pnad Covid-19, que divulgou nesta quinta-feira sua terceira edição mensal. Outros itens foram comorbidades, comportamento no isolamento social, solicitação e aquisição de empréstimos e de itens de higiene e proteção.

A Pnad indica que cerca de 13,3 milhões de pessoas, ou 6,3% da população brasileira, já fizeram algum teste de Covid-19. Até agora, segundo aferição do consórcio formado por Folha de S.Paulo, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 com dados das secretarias estaduais da Saúde, o país tinha, até a manhã desta quinta, quase 3,5 milhões de registros positivos para a doença desde fevereiro.

A proporção maior de testes positivos foi na camada mais pobre da população, com renda domiciliar per capita de R$ 295, onde 24,6% tiveram o diagnóstico de Covid-19. Entre os mais ricos, com remuneração de R$ 4.884, a média foi de 17,1%.

A quantidade de testes também foi muito maior entre os que ganham mais, com 14,2% deles sendo testados. Entre os mais pobres, a proporção foi de 3,5% de testes realizados. Na população com ganhos de até R$ 403, essa faixa ficou em 2,9%.

Aproximadamente 47,2 milhões de pessoas (22,4% da população) afirmaram ter alguma comorbidade em julho, o que pode agravar a condição clínica de quem contrair a Covid-19.

As principais comorbidades apontadas pelos entrevistados foram hipertensão (12,8%), asma, bronquite ou enfisema (5,7%), diabetes (5,3%), depressão (3%), doenças do coração (2,7%) e câncer (1,1%).

A pesquisa mostrou queda no número de brasileiros com sintomas de Covid-19. Eram 4,2 milhões em maio, mais do dobro dos 2 milhões registrados em julho.

O IBGE considerou os seguintes conjuntos de sintomas: perda de cheiro ou de sabor; tosse, febre e dificuldade para respirar; tosse, febre e dor no peito. Segundo o instituto, são sintomas que vão de acordo com estudos da área de saúde e que podem ser associados à Covid-19.

De acordo com o diretor-adjunto de pesquisas do IBGE Cimar Azeredo, os sintomas considerados são aqueles relacionados à síndrome gripal.

Cerca de 1,3 milhão de pessoas que apresentaram algum dos sintomas conjugados procuraram atendimento em estabelecimento de saúde, 200 mil a mais que o mês anterior. A maioria dessas pessoas (75,7%) recorreu ao Sistema Único de Saúde (SUS). No total, 71 mil ficaram internadas em hospitais.

A Pnad Covid ainda mostrou que quase todos os 68,5 milhões de domicílios do país tinham itens básicos de higiene e proteção contra a Covid-19. O sabão ou detergente para higienizar as mãos aparecia em 99,6% das casas, a máscara em 99,3% e a água sanitária ou desinfetante em 98,1%.

Apesar de o álcool 70% em gel estar presente em 95,8% das casas, o IBGE apontou que era menos comum nas residências de menor renda e nas regiões Norte e Nordeste.

Para realizar a Pnad Covid, o IBGE utilizou uma amostra de 193 mil domicílios espalhados pelo país, distribuídos entre as quatro semanas do mês de julho.

As informações são da FolhaPress

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