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Brasil

Quatro em cada dez denúncias a conselho médico apontam falta de equipamentos de proteção

Faltam também equipes suficientes de enfermagem e de médicos e informações no serviço de triagem de pacientes

Redação Jornal de Brasília

14/05/2020 19h01

MASCARA CORONAVIRUS

Uso de máscara é obrigatório no DF. Foto: Divulgação

Natália Cancian
Brasília, DF

Para quem está na linha de frente do combate ao novo coronavírus faltam de equipamentos para proteção individual, como máscaras e luvas, álcool em gel para higienização, kits para exames e outros insumos básicos.

Faltam também equipes suficientes de enfermagem e de médicos e informações no serviço de triagem de pacientes.

Os relatos fazem parte de um balanço elaborado pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) a partir de dados de denúncias de médicos que atuam na linha de frente do combate a Covid-19.

Uma plataforma foi lançada no fim de março para receber as denúncias. Desde então, 1.563 médicos cadastrados em sistemas de conselhos regionais enviaram informações.

Ao todo, foram apontadas 17 mil irregularidades, distribuídas em cerca de 2.160 serviços de saúde, entre hospitais, unidades básicas de saúde e de pronto-atendimento.

Do total de serviços, 85% são da rede pública e 10% da rede privada. Os demais são filantrópicos ou não foram identificados.

A queixa mais recorrente dos médicos foi a falta de equipamentos de proteção individual, ausente em 38,2% dos casos.

Em seguida, os profissionais apontam falta de kits para exames e insumos (citados em 18,9% dos relatos), de recursos humanos (13,7%) e de material para higienização, como álcool em gel (13,5%).

Entre os equipamentos de proteção individual, chama a atenção principalmente a ausência de máscaras N95, indicadas para uso específico por profissionais de saúde. Elas respondem por 24,6% das denúncias de falta de EPIs. A lista também abrange aventais, óculos de proteção, máscaras cirúrgicas, entre outros.

Já entre os materiais de higienização, o principal item ausente é o álcool em gel ou álcool 70%. O produto costuma ser usado para desinfecção do ambiente, das mãos e de roupas de proteção.

“É uma situação muito séria. A vulnerabilidade é total. Se acontecer uma baixa no número desses profissionais, não tem sistema que aguente”, diz Emmanuel Fortes, diretor de fiscalização do CFM. “O alto número de denúncias também mostra que os médicos estão preocupados.”

No balanço, médicos apontaram ainda falhas na organização do processo de triagem, como falta de orientação específica que pudesse ser disponibilizada a pacientes, acompanhantes e aos próprios profissionais e também a falta de equipes pata atender a demanda.

Fortes diz que o conselho repassará as denúncias a equipes regionais para fiscalização e para buscar respostas junto a cada secretaria de saúde.

As cidades com maior volume de registros de queixas foram São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza, locais que também somam atualmente o maior volume de casos de Covid-19 já confirmados no país. O balanço, porém, envolve ao todo serviços de 546 cidades.

A reportagem procurou o Ministério da Saúde e os conselhos que representam secretários estaduais e municipais de saúde para comentar os dados, mas não recebeu resposta até o momento.

As informações são da FolhaPress

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