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Brasil

Para Bruno Covas, aulas em SP não devem retornar em setembro

No início do mês, o governador João Doria (PSDB) anunciou que a retomada das aulas presenciais nas escolas públicas e privadas do estado só ocorreria a partir do dia 7 de outubro

Redação Jornal de Brasília

18/08/2020 16h30

Alunos saindo de escola na Estrutural, no Distrito Federal

Ana Bottallo
São Paulo, SP

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou nesta terça-feira (18) que as aulas em escolas da capital não devem retornar em setembro. O anúncio foi feito em entrevista coletiva, junto à divulgação da primeira fase de inquérito sorológico desenvolvido pela prefeitura para avaliar a parcela da população de crianças que já contraiu o vírus.

Segundo o estudo, 16,1% das crianças com idades entre 4 e 14 anos do município possuem anticorpos no sangue para o Sars-CoV-2. A prevalência é maior do que em toda a população adulta de São Paulo, cujo valor está em torno de 11%. Até o momento, a faixa etária da população paulistana que apresentou maior incidência foi a de jovens de 17 a 34 anos (17,7%).

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) visa realizar nove etapas (fases 0 até 8) do mapeamento sorológico na cidade. A pesquisa busca a soroprevalência, isto é, a presença de anticorpos específicos para o Sars-CoV-2 no sangue das pessoas, indicativo de que já houve contágio no passado.

No início do mês, o governador João Doria (PSDB) anunciou que a retomada das aulas presenciais nas escolas públicas e privadas do estado só ocorreria a partir do dia 7 de outubro, quase um mês após a data inicialmente prevista pelo chamado Plano SP, porque as condições impostas para a retomada do ensino presencial não foram cumpridas.

No entanto, as unidades seriam liberadas para reabrir para recuperação e atividades de acolhimento de alunos, de forma opcional, a partir do dia 8 de setembro. A ideia é mitigar a situação de pais que tenham voltado a trabalhar presencialmente e não têm como ficar com os filhos.

Pesquisa Datafolha divulgada nesta terça mostrou que, para 79% dos entrevistados, a reabertura das escolas no país vai agravar a pandemia e, por isso, as unidades deveriam continuar fechadas nos próximos dois meses.

O estudo da prevalência em crianças teve início junto à quarta fase do inquérito na população adulta, cujos resultados foram divulgados na última quinta-feira (13).

O desenho do estudo dividiu a população amostrada em três estratos, cada um com 2.000 participantes sorteados aleatoriamente: o primeiro de alunos do ensino infantil, de 4 a 6 anos; o segundo contou com alunos do fundamental I, de 6 a 10 anos; e o último incluiu os alunos do ensino fundamental II, de 11 a 14 anos.

A pesquisa foi feita entre 6 e 10 de agosto e colheu sangue venoso e outros dados por meio de entrevista com os alunos. Quando comparados os três estratos, a diferença da prevalência não foi estatisticamente significativa, sendo 16,5%, 16,2% e 15,4%, respectivamente.

Já as diferenças entre raça e renda mensal foram significativas. Como evidenciado no inquérito sorológico da população geral, no município de São Paulo a prevalência do Sars-CoV-2 é maior nas crianças pretas e pardas (17,8%) em relação às brancas (13,7%).

A incidência nas crianças de classes D e E (15,2%) também foi maior quando comparada às classes A e B (9,3%) e C (13,9%). Na amostra, 64,4% da população escolar na rede municipal de São Paulo está inserida nas classes D e E, enquanto 27,8% pertencem à classe C e apenas 0,4% são de alunos das classes A e B.

A pesquisa apontou ainda que 25,5% das crianças testadas moram com pessoas com 60 anos ou mais.

Do total de crianças analisadas, 64,4% responderam não ter sintomas de Covid-19 frente a 35,6% que relataram sintomas. A taxa de assintomáticos entre as crianças de 4 a 14 anos é cerca de 50% maior do que a reportada para a população geral (42,5%).

Para Covas, a taxa elevada de crianças assintomáticas foi um dos pontos que balizou a decisão de não retomada das aulas no município em setembro.

O peessedebista afirmou ser “temerário” o retorno às aulas com uma prevalência de 16,1% do coronavírus nas crianças, inclusive por ser mais difícil manter o distanciamento social dentro da sala de aula.

“Além de uma dificuldade maior de manter o distanciamento social nas escolas, a pesquisa mostra que dois terços das crianças foram assintomáticos. Isso significa que duas a cada três crianças contaminadas com o vírus não apresentarem nenhum sintoma. A escola coloca o medidor de temperatura na porta, mas essa criança não vai apresentar febre, mas está contaminada, às vezes até com a mesma carga viral de um adulto.”

O prefeito ressaltou ainda que o retorno às aulas colocaria também em risco os membros das famílias dessas crianças com 60 anos ou mais e poderia ser um grande vetor de disseminação e ampliação da doença na cidade.

A prefeitura irá aplicar mais três fases do estudo para continuar monitorando a incidência do coronavírus nas crianças. A fase divulgada nesta terça coletou dados apenas de alunos da rede municipal. Nas próximas, pretende-se também testar crianças das redes estadual e privada na capital, assim como os membros da família dessas crianças para monitorar a transmissão dentro dos domicílios.

Após análise das próximas fases dos inquéritos tanto em crianças quanto na população geral, a prefeitura irá decidir se as aulas retornarão em outubro, algo não descartado por Covas.

As informações são da FolhaPress

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