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Brasil

Pacientes denunciam médico e prefeito do Ceará que abusa de mulheres há décadas

Além do abuso, ele filmava as ações. Vídeos mostram o médico colocando a boca nos seios das pacientes, entre outros atos

Willian Matos

15/07/2019 7h50

médico

Foto: Divulgação

Willian Matos
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O médico ginecologista e prefeito de Uruburetama-CE, José Hilson Paiva, de 70 anos, é suspeito de abusar sexualmente de pacientes há décadas. Vídeos mostram o médico com 23 mulheres. Nas gravações, ele é visto com a boca nos seios e penetrando as vítimas.

Segundo o médico, os procedimentos eram para tirar secreção e “desvirar” o útero delas, respectivamente. Por conter nudez e cenas explícitas de abuso sexual, os vídeos não podem ser divulgadas.

O Ministério Público do Ceará ouviu seis mulheres que disseram ter sido vítimas de José Hilson. Algumas delas alegaram ter medo de denunciá-lo por depender do emprego no serviço público.

Relatos

Em reportagem do Fantástico no domingo (14/7), onze mulheres ouvidas afirmaram que buscaram atendimento com o Doutor Hilson, como gosta de ser chamado, pela boa reputação que ele tinha na cidade. “Todo mundo tem ele como uma pessoa boa, sem saber o que ele faz”, afirma outra vítima.

No entanto, quando chegavam para os procedimentos, o comportamento parecia ser outro. Uma das vítimas foi abusada ainda quando menor de idade. “Ele sempre trancava a porta, mandava a gente entrar e mandava a gente tirar a roupa. Pegava no seio, ficava pegando no corpo da gente, colocava o pênis dele na gente.” Ela diz que teria que voltar a se consultar com o prefeito caso quisesse ir a um ginecologista, por ele ser o único na cidade.

Outra vítima conta que procurou o doutor Hilson em 2012 porque não conseguia engravidar. No vídeo, ela já aparece nua, no consultório particular do médico, onde ele atende até hoje. A mulher nunca havia feito exame ginecológico.

“Ele pegava nos seios e pediu pra fazer sexo oral com ele”, lembra a paciente. “Fazer uma aplicação oral porque é muita secreção mesmo. Muita, muita, muita”, argumentava o médico. “Perguntei a ele por quê. Ele pegou e disse que não, que era o procedimento. Que era o que o médico fazia. Que ele tinha que ver a minha sensibilidade. Eu disse pra ele que não, que eu não queria.”

O vídeo mostra que, em seguida, o médico coloca a paciente em pé, de costas, apoiada na maca. “Pode virar. Isso, bem devagar”, comenta Hilson no vídeo. “Ele começou a mexer detrás de mim. Ele dizia: ‘Você tem que me ver como médico. Você não pode me ver como um homem. Eu sou seu médico’.”

Médico nega

José Hilson nega as acusações. Ele diz que nunca fez “nada forçado” e que isso é “jogada da oposição”. “Querem me derrubar”, se defende. O médico nasceu no Ceará, se formou no Rio de Janeiro em 1976 e voltou ao Nordeste em seguida. Entre 1989 e 1992, assumiu a Prefeitura de Uruburetama pela primeira vez, quando virou notícia no Brasil por fazer a primeira prestação de contas do município em praça pública.

Antes disso, as primeiras denúncias contra ele já aconteciam. O primeiro relato é de 1986, há 33 anos. Em 1994, outra denúncia. Os casos foram arquivados.

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