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Brasil

Oxímetro vira arma de cidades e estados contra o coronavírus

Promovido pelo Instituto Estáter e pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o Projeto Alert(ar) pretende disseminar a oximetria proativa nessa fase da epidemia, sobretudo entre os idosos

Marcus Eduardo Pereira

23/08/2020 11h56

FERNANDO CANZIAN
SÃO PAULO, SP

Cerca de 20% da população de Campinas e de Curitiba vem sendo monitorada em uma campanha para identificar precocemente a falta de oxigênio que a infecção pelo novo coronavírus muitas vezes provoca, levando os doentes a precisarem de tratamento intensivo ou à morte.

Cidades como Porto Alegre e Sorocaba, também preparam-se para adotar o programa, assim como o Paraná, que servirá de piloto para levar a campanha a outros estados.

Promovido pelo Instituto Estáter e pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o Projeto Alert(ar) pretende disseminar a oximetria proativa nessa fase da epidemia, sobretudo entre os idosos.

A campanha surgiu da constatação de que as chances de recuperação são muito maiores quando os doentes são tratados antes de terem os pulmões severamente comprometidos pela Covid-19 –daí a necessidade de medir frequentemente, com oxímetros, a taxa de oxigênio no sangue.

Apesar de não sentirem dificuldade para respirar, muitos infectados apresentam queda perigosa no nível de oxigenação. No jargão médico, a chamada hipóxia silenciosa pode tornar irreversível, e em pouco tempo, o quadro pulmonar.

Em Campinas, no interior de São Paulo, toda a região de Ouro Verde, com cerca de 230 mil habitantes, foi incluída no programa, com o engajamento dos agentes comunitários e a disponibilização de centenas de novos oxímetros.
Segundo o secretário de Saúde de Campinas, Cármino Antonio de Souza, a partir dos resultados da iniciativa, a ideia será ampliar seu alcance para todo o município.

Além das parcerias com secretarias de saúde municipais e estaduais, a campanha tem o engajamento da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), que representa médicos que atuam em 47,7 mil equipes de atenção básica no Brasil.

De acordo com Marco Tulio Ribeiro, vice-presidente da SBMFC, o objetivo é dar capilaridade à distribuição dos oxímetros e estimular outros médicos voltados à atenção básica das redes municipais e estaduais a usar os aparelhos.
Segundo Percio de Souza, presidente do Instituto Estáter, outra frente do projeto será a parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) para enraizar a campanha pelos estados.

“Há indícios de que a hipóxia silenciosa seja responsável por grande parte da mortalidade. A campanha visa apoiar os municípios a implementar a oximetria proativa nos idosos das comunidades vulneráveis”, diz Percio de Souza.

O Conass e o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) receberam do Todos pela Saúde, iniciativa do Itaú Unibanco no combate ao coronavírus, 110 mil oxímetros que serão entregues em cerca de 60 mil pontos do país.

Segundo Eugênio Vilaça, do Todos pela Saúde, a entrega de parte dos equipamentos, que custaram R$ 11,4 milhões, foi feita com estrutura logística do próprio Itaú Unibanco. “O objetivo é dotar todas as equipes de atenção primária com os oxímetros”, diz Vilaça.

O Paraná vem sendo o primeiro estado a adotar a oximetria proativa em grande escala e na elaboração, com a Sociedade Brasileira de Infectologia, de um protocolo para o monitoramento e encaminhamento de pacientes.

O diretor-geral da Secretaria de Saúde do Paraná, Nestor Werner Junior, afirma que a ideia é disseminar o protocolo e o uso dos oxímetros pelos municípios paranaenses.

Dados monitorados pelo projeto revelam que cerca de 40% dos doentes vitimados pela Covid-19 morrem em casa ou nas primeiras 24 horas após a internação –e que outros 40% vão direto às UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), sem que tenham passado por outro tipo de atendimento em unidades de saúde.

Já entre os pacientes atendidos em enfermarias (com oxigênio, corticoides e anticoagulantes), apenas 20% acabam precisando de internação em UTI. Na maioria das vezes, não necessitam de ventilação mecânica e ficam internados por um tempo menor.

“Além de salvar vidas, a iniciativa pode diminuir o impacto nas UTIs, uma vez que muitos dos pacientes tratados precocemente podem se recuperar nas enfermarias”, diz Souza, do Instituto Estáter.

As informações são da FolhaPress

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