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Brasil

Outubro Rosa: alguns mitos por trás do câncer de mama

Médica especialista alerta que, apesar de recomendado, o autoexame não é o mais indicado para diagnóstico da doença

Willian Matos

01/10/2019 13h45

Atualizada 02/10/2019 13h49

Lucas Neiva
[email protected]

Hoje, dia 1º de outubro, começa o Outubro Rosa, campanha internacional anual de conscientização ao câncer de mama que tem por objetivo alertar mulheres e homens sobre a importância de se realizar o diagnóstico precoce da doença para impedir a proliferação.

A campanha chegou ao Brasil em outubro de 2002, mas a doença permanece cercada de mitos mais de uma década depois.

As pesquisas mais recentes relativas ao câncer de mama demonstram índices preocupantes no Brasil e em Brasília. O último levantamento realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê que o ano de 2019 termine com um total de 60 mil novos casos de câncer de mama no Brasil — número que representa 28% dos diagnósticos de câncer no país. No ano de 2018, um índice parecido: o ano foi encerrado com 59,7 mil casos, sendo 1020 destes no Distrito Federal.

Além dos índices elevados de vítimas da doença, o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) descobriu haver também um alto grau de desinformação no Brasil sobre as medidas preventivas ao câncer de mama. A pesquisa “Câncer de mama hoje: como o Brasil enxerga a paciente e sua doença?”, em conjunto com a Pfizer, empresa multinacional do ramo farmacêutico, foi realizada com uma amostra de 2000 brasileiros de diversas capitais. Ela aponta que quase 80% dos entrevistados estão convencidos de que a principal medida para identificar o câncer de mama é o autoexame, método que apesar de válido, não é considerado pelos profissionais como o mais confiável.

Para entender melhor a prevenção e o combate ao câncer de mama e esclarecer os mitos a respeito, o Jornal de Brasília procurou a médica radiologista do laboratório Sabin, Nara Fabiana da Cunha. Especialista em câncer de mama, Nara explica que a complexidade da doença começa ainda nos fatores de risco.

A especialista compara com os fatores de risco do câncer de pele: “No caso do câncer de pele, temos fatores bem definidos: não tomar sol e usar filtro solar. Já no caso do câncer de mama, a situação é bem mais complexa: são fatores relacionados ao surgimento de doenças de forma múltipla. Fatores como perda de peso corporal, falta de atividade física, uso de bebidas alcoólicas, terapias de reposição hormonal e diversos outros podem influenciar o diagnóstico”.

Justamente pela dificuldade de se estabelecer fatores de risco bem delimitados é que o diagnóstico precoce se mostra como a principal ferramenta de prevenção, sendo a mamografia considerada pela especialista como o “exame padrão ouro”. A médica alerta também que muitas vezes o câncer é assintomático, não sendo detectável pelo autoexame e tornando necessária a realização de exames constantes, principalmente a partir dos 50 anos. Os principais sintomas são edema na pele das mamas, retração da pele, inversão recente dos mamilos, descarga papilar, vermelhidão, coceira no mamilo e/ou endurecimento de parte da mama.

Um alerta importante da médica radiologista é o de não temer o exame por medo do tratamento. “Antigamente, todos os cânceres de mama eram tratados com os mesmos quimioterápicos e com a mastectomia (remoção da mama). Hoje o exame já é feito a nível molecular, o que permite com que cada tipo de câncer receba um tratamento específico”. Os novos tratamentos aplicam remédios específicos para cada caso, que podem vir ou não a necessitar de uma cirurgia que não necessariamente é a mastectomia. Nara ainda aponta que quanto mais cedo o câncer for detectado, mais bem localizado vai ser o tratamento.

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