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Brasil

Operação identifica esquema de compra de vagas e benefícios em presídios de MG

As pessoas presas pela operação são investigadas pelos crimes de participação em organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e concussão

Redação Jornal de Brasília

08/10/2020 14h37

Foto: Reprodução

Fernanda Canofre
Belo Horizonte, MG

Advogados e servidores públicos operaram um esquema para negociar vagas em unidades prisionais, facilitar entrada de celulares e drogas e oferecer outras vantagens a presos em Minas Gerais, por pelo menos um ano e meio, em presídios públicos do estado, em troca de pagamentos.

A organização criminosa foi identificada em uma investigação da Ficco (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado), que envolve as Polícias Federal, Civil e Penal e o Depen (Departamento Penitenciário Federal), iniciada em maio deste ano.

Nesta quinta-feira (8), foram cumpridos 29 mandados de prisão e 45 mandados de busca e apreensão, em 15 cidades mineiras, incluindo, Belo Horizonte, Uberlândia, Uberaba, Ribeirão das Neves, Contagem e Ouro Preto.

Entre os presos, estão seis advogados, um delegado da Polícia Civil de Minas Gerais, quatro policiais penais, incluindo um ex-diretor da penitenciária Nelson Hungria, detentos, ex-detentos e familiares que ajudavam no esquema.

As pessoas presas pela operação são investigadas pelos crimes de participação em organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e concussão -as penas combinadas podem chegar a 20 anos de reclusão.

“Presos de alta periculosidade, que não tinham benefícios em certos estabelecimentos prisionais, que não tinham direito de estar nestes estabelecimentos ou em certos pavilhões, mediante pagamento, eram removidos para eles”, afirma o delegado da Polícia Federal e coordenador da Ficco, Alexsander Castro.

O esquema identificado operou na penitenciária José Maria Alkimin, em Ribeirão das Neves, e no complexo penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, ambos na região metropolitana de BH, de acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais. A PF diz que foram identificadas três unidades envolvidas, mas não divulgou nomes.

Os detentos articulavam as propostas com os advogados, que faziam a ponte com a cúpula de unidades prisionais para obter vantagens como: transferência a outros locais ou pavilhões, onde poderiam sair das celas, ter comunicação facilitada com outros presos, ir para regime de trabalho ou a pavilhões com menos vigilância e acesso fácil a celulares.

A maioria dos presos beneficiados, segundo os investigadores, eram membros de facções criminosas, com condições de realizar os pagamentos fora dos presídios.

“Eu combinava que você queria ser transferido do pavilhão X para o Y, e você ia simular que estava buscando oportunidade de trabalho, a qual você não tinha direito em razão da sua condição prisional específica. Simulava-se que você tinha esse direito, havia um pedido formal, que era fantasioso, havia determinação de quem tinha o poder para gerir essa transferência e, em troca, o recebimento de vantagem ilícita”, explica o delegado da Polícia Civil, Murillo Ribeiro.

Até o momento, a investigação, que teve de ser apressada por razões externas, segundo a PF, apurou que três imóveis e alguns carros de luxo que podem ter sido obtidos graças ao esquema de corrupção. Um dos servidores públicos, estimam os investigadores, teria lucrado R$ 2 milhões.

Por meio de nota, a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) e o Depen-MG (Departamento Penitenciário de Minas Gerais) disseram que os servidores envolvidos não representam os mais de 17 mil trabalhadores da categoria, que atendem uma população prisional de cerca de 60 mil detentos.

“A Sejusp e o Depen-MG apoiam veementemente todas as operações que visam a correição de desvios de seus servidores, como a deflagrada nesta quinta-feira”, diz o texto.

A operação dessa quinta foi batizada de Alegria, devido ao apelido pelo qual os integrantes da organização criminosa se referiam à penitenciária Nelson Hungria.

As informações são da FolhaPress

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