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Brasil

O exemplo de Mauricio de Souza

Criador da Turma da Mônica é homenageado no Senado por abordar a inclusão em suas HQs

Marcus Eduardo Pereira

18/09/2019 5h26

Vitor Mendonça
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No Brasil, é quase impossível encontrar alguém que não conheça os quadrinhos do cartunista e criador da Turma da Mônica Mauricio de Souza. O autor do gibi brasileiro de maior sucesso e alcance nacional foi homenageado em sessão solene no Senado Federal na tarde de ontem, por seus trabalhos de inclusão nas revistinhas.

Organizada pelo senador Eduardo Gomes (MDB-TO), a cerimônia contou com a presença, além de Mauricio de Souza, do ex-jogador de futebol Romário (Podemos-RJ); do presidente da Comissão de Assuntos Sociais do Senado, que aprovou o requerimento para a homenagem na semana passada; e dos senadores Flávio Arns (Rede-PR) e Elmano Férrer (Podemos-PI).

Cidadania

Mauricio de Souza lembrou a importância das representações de sua equipe em promover a cidadania. “Pretendemos sempre, com o nosso trabalho, levar mensagens positivas, alegres, divertidas, e às vezes também com propostas comportamentais. É esse que acho ser o motivo da homenagem que recebo”, disse o cartunista.

Em seu discurso, o senador Eduardo Gomes honrou a vida e a obra do criador da Turma da Mônica. “Mauricio de Souza é nosso Walt Disney, pois criou mais de 400 personagens que chegaram a todo o país e também ao exterior”, disse. Ele ressaltou que qualquer órgão que se proponha a regular a atividade artística não deve receber nenhum tipo de apoio.

O senador Romário, que tem uma filha portadora da Síndrome de Down, declarou que é importante entender que “na nossa sociedade, cabe todo mundo”. Ele acredita que os quadrinhos transmitem a mensagem necessária. “Os personagens do Mauricio de Souza são um exemplo, porque convivem muito bem com os demais da Turma da Mônica que apresentam alguma deficiência”, completou.

Na cerimônia também estavam presentes 200 alunos com algum tipo de deficiência da rede educacional e de apoio a pessoas especiais do DF. Marcaram presença a Escola Classe 102 Sul, a Associação Pestalozzi, a rede Ampare do DF, a Casa do Caminho, o Lar Infantil Chico Xavier e a escola Pedacinho do Céu.

Inclusão inspirou novos personagens da turma

Inspirados em pessoas com deficiências físicas, Luca e Dorinha tomam a frente de personagens de Mauricio de Souza com a temática inclusiva. Com base em atletas paralímpicos, Luca é personagem cadeirante que ama jogar basquete. Dorinha, por sua vez, é inspirada na vida da educadora deficiente visual Dorina Nowill, que, até morrer, enfrentou preconceitos e barreiras na defesa da inclusão de pessoas como ela.

“Eu tinha medo de fazer histórias com algum tipo de preconceito, que podem entrar sem perceber”, conta Mauricio. “Conversei com os atletas paralímpicos e pude constatar que são alegres, corajosos, guerreiros, que passam por cima de qualquer dificuldade […]. No caso da Dorina, ela me orientou muito em como deveria tratar a personagem.”

Nos quadrinhos, com as clássicas figuras dos gibis da Turma da Mônica, os personagens com deficiência encontram dificuldades de acessibilidade e aceitação na sociedade, que parece insistir em não aceitá-los.
As imagens colocadas nas páginas das revistinhas ilustram situações pelas quais passa um dos servidores do Senado Federal que, há dois meses, encontrou no órgão a tão sonhada acessibilidade.

“Em outras empresas em que trabalhei, houve algumas barreiras, porque não tinha mobiliário apropriado para mim. Aqui no Senado, rapidamente fizeram as adaptações. Já sofri muito preconceito e falta de inclusão nas ruas e calçadas”, disse o servidor Sérgio Pompeu Barreira, de 32 anos, no gabinete do senador Eduardo Gomes.

Ele se sentiu acolhido pela inclusão do novo personagem Edu nas revistinhas da Turma da Mônica no mês passado. “O personagem tem a mesma deficiência que eu, que é a distrofia muscular de Duchenne. A representação é muito boa, porque um pedaço da população está sendo vista pelos senadores”, afirmou o servidor, que não costuma ver a si mesmo representado.

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