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Brasil

Mandetta diz que Bolsonaro queria trocar bula da hidroxicloroquina

O ex-ministro classificou que discussão como essa não “é séria” e se colocou contra a medida

Redação Jornal de Brasília

21/05/2020 15h22

Na última quarta-feira (20), o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, revelou que o presidente da República, Jair Bolsonaro, tinha a intenção de trocar a bula da cloroquina e incluir a recomendação do remédio para tratamento de coronavírus.  

Em entrevista concedida a GloboNews Mandetta explicou a situação. “O presidente se assessorava ou se cercava de outros profissionais médicos. Eu me lembro de quando, no final de um dia de reunião de conselho ministerial, me pediram para entrar numa sala e estavam lá um médico anestesista e uma médica imunologista, que estavam com a redação de um provável ou futuro, ou alguma coisa do gênero, um decreto presidencial… E a ideia que eles tinham era de alterar a bula do medicamento na Anvisa, colocando na bula indicação para Covid-19”, afirmou. 

O ex-ministro classificou que discussão como essa não “é séria” e se colocou contra a medida.  “O próprio presidente da Anvisa se assustou com aquele caminho, disse que não poderia concordar. Eu simplesmente disse que aquilo não era uma coisa séria e que eu não iria continuar naquilo dali, que o palco daquela discussão tem que ser no Conselho Federal de Medicina”, disse. 

Mandetta reforçou que não é o Governo Federal que deve tomar atitudes como essa. “Não adianta fazer um debate de uma pessoa que seja especialista na área que for, com um presidente da República que não é médico. A disparidade de armas, já que a frase está tão em voga, é muito difícil”, afirmou. 

Em meio a incertezas sobre a eficácia do remédio no combate a Covid-19 e a revelação de que o princípio ativo pode gerar taquicardia e infarte em pacientes, o Ministério da Saúde publicou, ontem (20) novo protocolo orientando o uso da hidroxicloroquina como tratamento em casos leves da doença. Antes o remédio só podia ser usado em casos graves, de pacientes internados na UTI, com a chancela do médico e do paciente. 

De acordo com o protocolo a cloroquina e a hidroxicloroquina podem ser usadas já a partir do primeiro dia de tratamento de pacientes com sintomas leves, que incluem coriza, diarreia, dor abdominal, febre, tosse, fadiga e dor de cabeça, sempre em combinação com a azitromicina, usada contra infecções respiratórias.

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