Menu
Brasil

Justiça manda rever 5 anos de financiamentos da Universidade Brasil

A PF indicou que ‘assessorias educacionais’, com o apoio dos donos e da estrutura administrativa da universidade, negociaram centenas de vagas para alunos

Redação Jornal de Brasília

15/02/2020 13h26

A União e Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fnde) terão de rever todos os todos os financiamentos estudantis – Fies e bolsas do ProUni – concedidos nos últimos cinco anos a alunos e ex-alunos da Universidade Brasil com o objetivo de apurar supostas irregularidades relacionadas à Operação Vagatomia – investigação sobre venda de vagas no curso de Medicina e fraudes no Fies e no ProUni de até R$ 500 milhões

A determinação foi proferida em caráter liminar na quarta, 12, pelo juiz Bruno Valentim Barbosa, da 1.ª Vara Federal de Jales (SP). O magistrado deferiu ainda outras medidas no âmbito de uma ação civil pública interposta pelo Ministério Público Federal, entre elas a reiteração da intervenção do Ministério da Educação na Universidade Brasil.

No mérito da ACP, a Procuradoria pede que a Justiça condene a União ‘a realizar o completo descredenciamento da Universidade Brasil, com a cessação imediata da admissão de novos estudantes para quaisquer de seus cursos, em quaisquer de suas unidades’.

No pedido liminar para a revisão dos financiamentos a Procuradoria indica que a finalidade da medida é ‘a fim de apurar se os beneficiários realmente atendem/atendiam os requisitos legais, em especial, mas não somente, a renda per capita familiar máxima permitida e se o curso financiado correspondia ao que verdadeiramente o aluno/ex-aluno cursa/cursava na Universidade Brasil’.

O Ministério Público Federal em Jales pede que a apuração seja concluída em até seis meses e quer receber as comunicação das irregularidades ‘para providenciar as devidas responsabilizações penais’.

A Procuradoria também pediu que seja enviado à Justiça um relatório circunstanciado apontando o exato montante dos danos, ‘além do encaminhamento, nos termos da lei, para realização da cobrança dos valores fraudulentamente obtidos em desfavor do aluno/ex-aluno, da Universidade Brasil e Uniesp, solidariamente, sem prejuízo, ainda, da responsabilização solidária dos membros da organização criminosa’.

Ao deferir o pedido, o juiz Bruno Valentim Barbosa ressaltou a ‘evidente necessidade de avaliação do dinheiro público no período em que não houve controle externo’.

Quando a Vagatomia foi desencadeada, em setembro, a Polícia Federal chegou a prender o dono da instituição, José Fernando Pinto da Costa, e o filho dele.

Nesta quinta, 13, a Polícia Federal deflagrou a Operação ‘Verità Protetta’, segunda fase da Vagatomia que fez buscas na residência e no escritório do advogado Adib Abdouni, reitor da Brasil, sob suspeita de fazer ameaças a uma delatora. O juiz afastou Abdouni da reitoria.

A PF indicou que ‘assessorias educacionais’, com o apoio dos donos e da estrutura administrativa da universidade, negociaram centenas de vagas para alunos.

Segundo a corporação, milhares de estudantes por todo o Brasil podem ter sido prejudicados em razão das fraudes.

Uma ex-diretora da Universidade Brasil, de Fernandópolis (SP), disse à Polícia Federal que alunos pagavam até R$ 80 mil por uma vaga na Medicina, e R$ 100 mil quando a vaga fosse por meio do Financiamento Estudantil (Fies). A revelação foi feita por Juliana da Costa e Silva em delação na Operação Vagatomia.

Segundo a PF, entre os estudantes que compraram suas vagas e financiamentos estão filhos de fazendeiros, servidores públicos, políticos, empresários e amigos dos donos da universidade – ‘todos com alto poder aquisitivo, que mesmo sem perfil de beneficiário do FIES, mediante fraude, tiveram acesso aos recursos do Governo Federal’.

Estadão Conteúdo

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado