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Brasil

João de Deus: um ano após prisão, líder religioso estampa um dos maiores casos de abuso sexual do país

O MP-GO já recebeu aproximadamente 320 denúncias. Destas, 194 formalizaram o processo e foram apresentadas, então, 13 denúncias

Redação Jornal de Brasília

16/12/2019 8h24

João de Deus. Foto: Agência Brasil

Acusado de abusar sexualmente de cerca de 150 mulheres durante atendimentos espirituais, João de Deus foi preso há um ano nesta segunda-feira (16). Desde então ele foi condenado por posse de armas e denunciado por crimes sexuais 13 vezes pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO). Os promotores de Justiça afirmam que este é o maior caso de abuso sexual registrado no Brasil e, segundo eles, não imaginavam a dimensão que as investigações tomariam. João de Deus está detido em Aparecida de Goiânia e sempre negou os crimes. 

“Tenho certeza que é um dos maiores casos do país, talvez do planeta, no que tange a abuso sexual”, disse ao G1 o promotor Luciano Miranda, coordenador da força-tarefa do MP-GO que investiga os crimes.

As primeiras acusações contra João de Deus começaram no programa Conversa com Bial, em 7 de setembro de 2018. Mulheres relataram terem sofrido abusos sexuais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, onde fazia os atendimentos. Como consequência dos relatos, o MP-GO montou uma força-tarefa para receber as denúncias. 

“Na época, eu não tinha a menor ideia do que esperar. No primeiro dia recebemos quase uma centena de e-mails de vítimas querendo colaborar, mensagens do Brasil inteiro e até do estrangeiro. A quantidade de informações foi tremenda. Aí a gente passou a ter ideia do que viria pela frente. Eu sou promotor de Justiça desde 2011 e nunca me deparei com algo dessa grandiosidade”, disse Miranda.

Segundo a integrante da força-tarefa, a promotora de Justiça Ariana Patrícia Gonçalves, foi surpreendente a repercussão que o caso tomou em poucos dias. Durante o último ano, o MP-GO já levou o relato de 144 vítimas para a Justiça e conseguiu prender João de Deus. 

“É um caso que foge da imaginação de qualquer pessoa com relação à magnitude dele. Com relação à quantidade de vítimas, eu não tenho notícia de nenhum caso com tantas vítimas. Até mesmo o caso Abdelmassih teve uma quantidade bem menor de mulheres envolvidas e vitimadas”, disse a promotora, fazendo referência ao caso do ex-médico Roger Abdelmassih, condenado por estuprar 37 pacientes em sua clínica.

O advogado de João de Deus, Anderson Van Gualberto, enviou um comunicado à imprensa dando a versão do acusado, de que ele “não praticou crime sexual contra nenhuma mulher”, e que ele não tem condições físicas para estar no presídio, por ele ser “um idoso que sofre uma série de enfermidades de todos os tipos”. 

Por fim, o advogado diz que “o Ministério Público vem fazendo um espetáculo público com o processo e utiliza a mídia para inflacionar sentimento de ódio e repulsa” contra João de Deus.

Justiça

Desde as primeiras denúncias no programa de Bial, o ministério já recebeu aproximadamente 320 denúncias. Destas, 194 formalizaram o processo e foram apresentadas, então, 13 denúncias:

  • Nove apenas por crimes sexuais –> destas, uma está na fase final e as demais aguardam a devolução de cartas precatórias;
  • Uma por crimes sexuais e falsidade ideológica –> aguardando sentença;
  • Uma por crimes sexuais, corrupção de testemunha e coação –> está aguardando a devolução de cartas precatórias;
  • Uma por posse ilegal de armas de fogo e munição em Abadiânia –> João de Deus foi condenado a quatro anos no regime semiaberto e teve a prisão revogada. A esposa dele, Ana Keyla Teixeira também era ré no processo, mas foi absolvida;
  • Uma por apreensão de documentos, armas de fogo e munição, em Anápolis –> não teve o andamento informado pelo Tribunal de Justiça.

Com a revogação da prisão de João de Deus no caso da posse de armas, há apenas um mandado de prisão contra ele, desta vez por crime sexual. O Ministério Público pede uma nova prisão a cada denúncia apresentada, mas todas as outras foram negadas.

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