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Brasil

Governo Bolsonaro espera que EUA barrem conversa sobre Amazônia no G-7; Macron faz apelo

Brasileiros esperam que discussão sobre incêndios só aconteçam sob sua presença; Macron pede que países ajudem a Amazônia

Willian Matos

24/08/2019 10h44

Amazonia

Foto: REUTERS / Bruno Kelly

Com a ligação de Donald Trump ao presidente Jair Bolsonaro, o governo brasileiro espera que os Estados Unidos indiquem, durante o G-7, que só aceitarão discutir os incêndios na região da floresta amazônica com a presença e participação do Brasil. O tema, segundo interlocutores do governo brasileiro, foi tratado na conversa entre os dois presidentes. A visão é de que os EUA apoiam uma postura de soberania do Brasil – e podem se opor ao desejo de líderes europeus, como o francês Emmanuel Macron, que já afirmou que deseja debater o assunto no encontro das sete nações mais ricas.

Trump embarca na noite desta sexta-feira, 23, para a reunião, que acontece neste final de semana na França. O governo brasileiro está seguro de que o americano, junto de outros países, vai barrar qualquer tentativa de levantar o assunto. A previsão é de que Japão e Itália endossem a necessidade de participação do Brasil em eventual discussão sobre a Amazônia.

O presidente dos Estados Unidos tem se mantido em lado oposto aos europeus no debate de proteção ambiental. Ele retirou os EUA do Acordo de Paris e, em junho, durante o G-20, mais uma vez se manteve isolado diante da renovação de compromisso dos demais países em tomar medidas para conter a mudança climática. 

No final desta sexta-feira, Trump se pronunciou pela primeira vez sobre o assunto, em tom diferente do adotado por Macron ou pela chanceler alemã, Angela Merkel. No lugar da cobrança ao presidente brasileiro, como feito pelos europeus, Trump disse que os EUA estão dispostos a ajudar o Brasil e que a relação entre os dois países está “mais forte do que nunca”.

Além de EUA, Japão e Itália, o Brasil conta com o Reino Unido para desempatar o debate e defender que o assunto seja discutido com a participação do Brasil. Na sexta-feira, o premiê britânico, Boris Johnson, divulgou nota na qual disse estar profundamente preocupado com os incêndios e o impacto das chamas na natureza.

Trump, segundo fontes do Planalto, defendeu a soberania do Brasil no assunto ao conversar com Bolsonaro. Desde que as queimadas na Amazônia atraíram pressão da comunidade internacional, o governo tem defendido a tese de que seria uma violação à soberania brasileira discutir o assunto no G-7, sem a presença do Brasil. Na quinta-feira, no Twitter, Bolsonaro afirmou que “asugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI”.

Os EUA e Israel ofereceram ajuda ao Brasil, mas, até agora, o País não fez nenhuma sinalização aos americanos. O Brasil não pretende solicitar ajuda externa. A ideia é que, se for necessário, seja coordenado o apoio entre os países da região amazônica.

A conversa entre Trump e Bolsonaro não se limitou à situação da Amazônia, como ficou claro nas manifestações em redes sociais dos dois presidentes. Eles falaram sobre perspectiva de um acordo comercial abrangente. Brasil e Estados Unidos querem lançar negociações de livre comércio – o que, em um primeiro momento, não irá abranger debates sobre tarifas. A ideia é avançar em marcos regulatórios para preparar terreno para um acordo maior no futuro.

Macron faz apelo para que países ajudem

Em sua chegada para a cúpula do G-7, o presidente da França, Emmanuel Macron, fez um apelo para que todos os países ajudem o Brasil e outros países sul-americanos a combater os incêndios na floresta Amazônia.

Antes do início da cúpula, que começa neste sábado, Macron insistiu para que a floresta tropical esteja no topo da agenda da reunião.

REUTERS/Pascal Rossignol/Pool


Macron também pediu o fim das guerras comerciais que ele disse estarem tomando conta em todos os lugares. Pouco antes de Trump deixar os Estados Unidos, ele novamente ameaçou aplicar tarifas sobre os vinhos franceses em retaliação a uma medida francesa de tributar empresas de tecnologia.

Estadão Conteúdo

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