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Ghosn fugiu após Nissan cessar monitoramento

Um jato privado deixou o aeroporto de Kansai, em Osaka, às 23h10 e chegou à Turquia 12 horas depois. Ghosn pode ter usado dois jatos durante a fuga

Redação Jornal de Brasília

05/01/2020 9h51

Foto: AFP

O ex-presidente da Renault-Nissan Carlos Ghosn fugiu de sua casa, em Tóquio, após a companhia de segurança privada contratada pela montadora suspender o monitoramento via câmeras, segundo três fontes informaram à Reuters ontem, 4. Ghosn diz que se pronunciará publicamente sobre a fuga na próxima quarta-feira, 8.

A Nissan havia contratado uma companhia para observar o executivo – que estava em prisão domiciliar aguardando julgamento sob acusação de má conduta financeira – para saber se ele não se encontraria com ninguém envolvido no caso. Mas os advogados advertiram que, caso a companhia não suspendesse o monitoramento, Ghosn apresentaria uma denúncia contra a montadora por violação a direitos humanos.

A companhia, então, suspendeu a vigilância no dia 29 de dezembro A Nissan não quis comentar o assunto.

A última imagem gravada de Ghosn é exatamente desse dia. Ele pode ser visto de relance, deixando a residência pela porta da frente por volta do meio dia, mas não é possível vê-lo retornando, disseram fontes. A polícia japonesa acredita que ele possa ter deixado a casa nesse momento para se encontrar com cúmplices que o ajudaram.

Naquela noite, um jato privado que deixou o aeroporto de Kansai, em Osaka, às 23h10 chegou à Turquia 12 horas depois. Acredita-se que Ghosn possa ter usado dois jatos durante a fuga.

Na sexta, 3, a empresa de aluguel de aviões MNG Jet disse que um de seus funcionários falsificou registros para remover o nome de Ghosn da documentação dos dois voos – um entre Osaka e Istambul, na Turquia, e outro entre Istambul e Beirute.

Além do grupo de sete pessoas que foram detidas na quinta, 2 – formado por quatro pilotos, dois trabalhadores de solo de um aeroporto e um funcionário de transporte de carga – a polícia turca desconfia que dois estrangeiros estejam envolvidos na fuga, mas o Ministério da Justiça do país não deu mais informações sobre as nacionalidades nem sobre o papel que possam ter desempenhado.

O governo libanês recebeu um alerta de prisão da Interpol e disse que vai cumprir suas obrigações. Mas isso não deve significar a prisão de Ghosn, e sim um convite para prestar depoimento. O Líbano também já adiantou que não vai deportar o executivo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Oficiais japoneses dizem que Ghosn teria recebido julgamento justo

Os primeiros comentários públicos de autoridades japonesas sobre a fuga do ex-presidente da Renault-Nissan Carlos Ghosn indicam que ele teria recebido um julgamento justo e fugido do Japão porque não queria pagar o preço por seus delitos.

“O réu Ghosn quebrou sua própria promessa de que definitivamente compareceria perante o tribunal e fugiu do país. O que isso mostra é simples: ele não queria se submeter ao julgamento dos tribunais de nossa nação e procurou evitar a punição por seus próprios crimes “, disse o vice-procurador de Tóquio Takahiro Saito. “Não há espaço para justificar tal ação”.

Até este domingo, 5, nenhum funcionário do governo japonês responsável pelo caso Ghosn, que fugiu da prisão em Tóquio na última segunda-feira, 30, havia comentado o assunto, deixando o campo aberto para o ex-presidente da Nissan Motor Co. e seus defensores atacarem o sistema judiciário.

Ghosn disse que em 31 de dezembro foi “mantido refém por um sistema judicial japonês fraudulento, onde se presume culpa, a discriminação é desenfreada e direitos humanos básicos são negados”. Um de seus advogados de defesa, Takashi Takano, disse no sábado, 4, que os réus no Japão não recebem um julgamento justo, em parte, porque os suspeitos podem ser mantidos por semanas ou meses atrás das grades para interrogatórios sem a presença de um advogado.

Ghosn foi preso no Japão em novembro de 2018, acusado de ocultar parte de seu patrimônio. Ele ficou meses na prisão até conseguir, em um acordo de US$ 14 milhões (cerca de R$ 56 milhões), migrar para a prisão domiciliar. Apesar de as acusações da promotoria japonesa terem sido feitas 13 meses atrás, ainda não havia perspectiva de um julgamento em Tóquio.

Estadão Conteúdo

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