Menu
Brasil

“Espero que a justiça seja feita”, afirma guarda humilhado por desembargador

Desembargador afirmou ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que foi vítima de “armação” e “abuso de autoridade”

Redação Jornal de Brasília

29/07/2020 8h34

O guarda civil municipal Cícero Hilário, de 36 anos, cedeu uma entrevista ao Portal G1 para esclareceu detalhes a respeito do litígio envolvendo o desembargador Eduardo Siqueira, de 63 anos. Cícero foi humilhado por Eduardo após pedir para que este utilizasse uma máscara de proteção. 

Eduardo Siqueira chegou a pedir desculpas em uma nota pública, cinco dias após o ocorrido. No entanto, após mais quatro dias, o desembargador afirmou ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que teria sido vítima de “armação” e “abuso de autoridade”.

Cícero afirma que acredita no pedido de desculpas do desembargador por tê-lo visto utilizando a máscara de proteção:

“Eu acredito que ele se arrependeu, sim, sobre o ocorrido. Mas a forma mais sincera do pedido de desculpa foi ele, dias após, andar de máscara pela orla de Santos. Acredito que isso aí foi uma demonstração de arrependimento.”

Sobre as afirmações do desembargador ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em que Siqueira contradiz o pedido de desculpas, Cícero diz: “a defesa dele se contradiz com o pedido de desculpa. A gente não esperava essa parte dele.”

A respeito das acusações de Siqueira, de que ele teria sido vítima de “armação” e de “abuso de autoridade”, o guarda afirma que em nenhum momento houve armação. 

“Em nenhum momento houve armação, porque eu não o conhecia, não sabia o cargo que ele ocupa. Para mim, se tratava de um senhor, que aparentemente estaria em um grupo de risco. Aí, fui orientá-lo, pensando na vida dele e das demais pessoas que estavam ali pela praia.”

Durante a abordagem, o desembargador chamou Cícero de ‘analfabeto’ e deu uma “carteirada” no guarda após ser multado por não usar máscara. Ao ser questionado sobre o receio de sofrer retaliações pós o episódio, Cícero afirmou que não teve medo, pois agiu de acordo com a legalidade. Além disso, o guarda foi apoiado em diferentes esferas por sua atitude. 

Sobre os 42 processos disciplinares abertos contra o desembargador e que, em sua maioria, foram arquivados, Cícero relata: “Eu não sei o teor das outras denúncias, o que de fato ocorreu nesses outros processos. Eu acredito na Justiça e espero que, no meu caso, a justiça seja feita.”

Cícero também relatou, durante a entrevista, que os impactos do ocorrido vão além de um aborrecimento. O episódio, amplamente divulgado e reproduzido, gerou consequências inclusive para sua família.

“De forma alguma houve um mero aborrecimento. Tanto para mim quanto para a minha família, principalmente aos [três] filhos. Foi muito chato eles verem esses vídeos nas redes sociais. É uma coisa que vai ficar marcada na minha vida e na deles.”

Defesa

O advogado João Manoel Armôa Júnior defende o guarda municipal na esfera penal, já o advogado Jefferson Douglas de Oliveira representa Cícero na esfera civil. Ambos preparam estratégias para defender o cliente. 

“Nós temos a convicção de que ocorreram prejuízos à honra do guarda municipal Cícero nos âmbitos penal e cível. No momento oportuno, iremos propor as ações competentes”, afirmou Armôa.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado