Menu
Brasil

Enquanto ministro fala sobre cortes, alunos, políticos e servidores protestam na UnB

Aline Rocha

07/05/2019 15h41

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, durante audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado. Foto: Agência Senado

Aline Rocha
[email protected]

Abraham Weintraub, ministro da Educação, reforça que os bloqueios de orçamento da pasta, tanto no ensino superior quanto na educação básica, não são cortes. Ele deu a declaração durante encontro no Senado nesta terça-feira (7). Ele afirma que os congelamentos poderão ser revistos e criticou programas criados pelo PT (como Pronatec e Fies), defendendo priorização de gastos e justificando cortes na área de humanas.

Os bloqueios feitos pelo MEC atingiram R$ 7,3 bilhões, e atingem desde a educação infantil até a pós-graduação. Na fala inicial do ministro na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, o ministro comentou sobre as metas do Plano Nacional de Educação (PNE) com o objetivo de defender seus pontos de vista e apresentar o cenário da educação no país. Apesar de ter indicações, Weintraub ainda não apresentou projetos do governo para a área.

“Não dá para fazer tudo com recurso financeiro finito, então onde a gente vai, como nação, colocar nossos recursos limitados para melhorar nosso desempenho?”, questiona ele. “A gente quis pular etapas e colocou muito recurso no telhado”, completou, defendendo investimentos em creche e ensino técnico.  

Weintraub afirma que os recursos podem ser retomados no caso de crescimento econômico do país. “A economia impôs esse contingenciamento diante da arrecadação mais fraca e nós obedecemos”, diz. “Mas não dá para cortar em nada [nas universidades]? O país está todo apertando o cinto”.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, durante audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado. Foto: Agência Senado

Três universidades federais teriam cortes de 30% no orçamento. Ele afirma que UnB, UFBA e UFF promovem o que ele chama de balbúrdia e não tem foco na qualidade. Em contrapartida, indicadores das três universidades apontam boa produção acadêmica. Quando questionado por senadores o significado de balbúrdia, o ministro não respondeu.

Weintraub não concorda com a cobrança de mensalidades nas universidades públicas e se diz favorável à autonomia universitária e à aproximação das instituições com o mercado produtivo e do empreendedorismo. Ele apresentou dados acerca da produção científica e seus impactos, para justificar planos de cortes na área de humanas, em que afirma que áreas de saúde, biológicas, agrárias e multidisciplinares têm maior impacto científico do que ciências sociais aplicadas, humanidades e linguísticas.

Além dos cortes, o ministro falou sobre suposta doutrinação nas escolas, relacionando com violência física. “A escola não é de ninguém, é de todos nós. Dos professores, pais e dos pagadores de impostos. Isso que está acontecendo de aluno ameaçar professor, matar, cuspir, não é aceitável, assim como não é aceitável o professor passar metade da aula doutrinado. Para qualquer lado. Principalmente ao se tratar de uma criança”, disse o ministro.

Cortes e bloqueios

Os bloqueios, que integram ordem de contingenciamento para todo governo, não pouparam a educação básica, apontada como prioridade da gestão. R$ 680 milhões já foram congelados nessa área. O ministério fez contingenciamento de 17% dos R$ 125 milhões reservados para manutenção de creches e pré-escolas.

Os recursos vêm do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O congelamento do maior financiador da educação básica é de 21%, o equivalente a R$ 1,02 bilhão. 40% dos valores para ensino técnico e profissional também foram suspensos.

Manifestações na UnB

Enquanto o ministro da educação participava de audiência no Senado, alunos, políticos e servidores da Universidade de Brasília (UnB) faziam ato contra o corte de verbas na universidade.

Os manifestantes se concentraram na biblioteca da universidade, onde deram um abraço coletivo. Logo após, a reitora Márcia Abrahão, ex-aluna da UnB, os recebeu. Ela considera a situação “gravíssima”.

Foto: Agência UnB

Os estudantes “abraçaram” a Biblioteca Central da UnB, enquanto verbalizavam que “não vai ter corte, vai ter luta”. Na ocasião, anunciaram que um novo movimento acontecerá em 15 de maio, afirmando “Bolsonaro, preste atenção, no dia 15 vai ter paralisação”.

A UnB tem R$ 48 milhões bloqueados.

Com informações de agências

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado