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Brasil

Empresa mudará lugar das chuvas em São Paulo para foliões aproveitaram o carnaval

Um radar meteorológico mostra as nuvens carregadas de água, com potencial de chuva, que estão se deslocando para São Paulo. Antes que elas cheguem, recebem as gotículas e precipitam antes da cidade. 

Redação Jornal de Brasília

21/02/2020 15h50

Durante o carnaval de São Paulo, uma empresa decidiu deslocar as chuvas previstas para atingir a capital para outras regiões, como o Sistema Cantareira, no interior do Estado.

“A ideia é fazer chover no lugar certo, como no reservatório Cantareira, por exemplo, e liberar os foliões para apreciar o carnaval de forma mais completa”, disse o vice-presidente de Sustentabilidade e Suprimentos da Cervejaria Ambev, Rodrigo Figueiredo, em entrevista ao G1. 

A Modclima, que realizará o serviço, explica que a ação consiste em depositar gotícula de água nas nuvens da região em que se deseja que chova. De acordo com a empresa, a ação aumenta o tamanho das massas de água que estão se deslocando, aumentando a chance de chuva. 

Um radar meteorológico mostra as nuvens carregadas de água, com potencial de chuva, que estão se deslocando para São Paulo. Antes que elas cheguem, recebem as gotículas e precipitam antes da cidade. 

“O principal objetivo não é evitar as chuvas e sim interceptá-las para que elas aconteçam no lugar certo, como no reservatório da Cantareira. Há o monitoramento da chegada de nuvens com grande potencial de água e, quando as mesmas se aproximam são pulverizadas e assim a chuva acontece”, explicou Majory Imai, Ceo da Modclima.

Ainda segundo Majory, o método é natural e não traz danos ao meio ambiente. “Este é um método livre de químicos e se utiliza apenas água potável aplicada em forma de gotículas de diâmetro controlado. Dessa forma, “imita-se” o processo natural de crescimento vertical da nuvem e precipitação, resultando na indução da chuva. Sem efeitos colaterais ou danos ao meio ambiente.”

Cada avião depositará 300 litros de água na atmosfera. Segundo a Modclima o serviço é certeiro e a eficácia é alta. 

“A cada 10 chuvas semeadas, 7 ocorrem. A ação é localizada, trabalhando em nuvens de 1 a 6 km de diâmetro que, após o período de 15 a 20 minutos, induz a chuva no local”, afirma a CEO da Modclima.

Esta é a primeira vez que a empresa realiza uma ação como essa para garantir o sol durante as festas de carnaval. A empresa está no mercado faz 12 anos e já realizou projetos desse tipo para outros fins, como, por exemplo, na época da crise hídrica em que foi contratada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

O professor de física atmosférica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Theotonio Pauliquevis, explica que não há como garantir que não irá chover durante o carnaval. “Esse método vai conseguir alguns ajustes, mas não vai conseguir fazer o carnaval dos sonhos. Há indicações que ele funciona em um determinado limite, mas ele não consegue evitar uma grande tempestade”, disse.

“É muito controverso no meio científico a real funcionalidade disso. O método pode fazer apenas pequenos ajustes em nuvens. Se for uma nuvem muito carregada, por exemplo, ele pode fazer ela chover, mas ela vai chover na Cantareira, e provavelmente atingirá São Paulo. Por outro lado, tem nuvens que podem nem chover. Então, tem que ser uma nuvem que já ia chover um pouco”, completa o professor.

Aplicação

Quando o projeto começou a se tornar realidade, em 1998, a técnica foi implementada pela Sabesp para provocar chuvas na cabeceira do Cantareira e do Alto do Tietê. Os mais de 500 voos feitos tiveram 50% de assertividade. 

O método já foi usado também no semiárido brasileiro, no interior da Bahia, onde provocaram as chuvas de Mirorós e Gentio do Ouro, municípios que sofriam com uma seca intensa. 

A técnica foi apresentada em 2010 na Convenção de Combate à Desertificação das Nações Unidas (UNCCD), realizada na Alemanha.

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