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Brasil

DF tem a maior quantidade de vítimas dos abusos cometidos por João de Deus

Arquivo Geral

21/12/2018 20h26

Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília

Da Redação com MP-GO
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O Distrito Federal registrou o maior número de vítimas dos  abusos cometidos por João Teixeira de Faria, o João de Deus, na cidade de Abadiânia. Ao todo, 39 mulheres fizeram contato com o Ministério Público de Goiás (MP-GO)  para fazer acusações contra o médium. Na sequência, aparecem Goiás e Rio Grande do Sul, com 21 e 20 vítimas respectivamente.

Há relatos de mulheres de diversos outros estados, como Espírito Santos (11), Minas Gerais (15), Rio de Janeiro (7), Paraná (6), Santa Catarina (4), Mato Grosso (3), Mato Grosso do Sul (1), Maranhão (1), Pernambuco (1), Piauí (1) e Tocantins (1). Também há registro de mulheres que moram em outros seis países: Estados Unidos (4), da Austrália (3), da Alemanha (1), da Bélgica (1), da Bolívia (1) e da Itália (1).

Desde as primeiras denúncias reveladas em um programa de televisão da TV Globo, há duas semanas, o Ministério Público de Goiás iniciou um trabalho de peso para ouvir vítimas e testemunhas sobre as acusações contra o líder espiritual. Foram contabilizados 596 contatos pelo e-mail criado pela instituição. As vítimas utilizaram o canal de comunicação do MP goiano, criado especificamente para o caso que chocou o país.

Nesta sexta-feira (21), a força-tarefa da Instituição divulgou um balanço com os números atuais da operação. Das mensagens recebidas foram identificadas 255 possíveis vítimas de João de Deus. Além disso, o grupo revelou que um novo pedido de prisão foi deferido pelo Judiciário em desfavor de João de Deus, por posse ilegal de armas de fogo.

Perfil das vítimas

De acordo com o balanço do MP-GO, das 255 pessoas identificadas como vítimas dos abusos, que revelaram a idade, a maioria delas (70) tinha idade de 19 a 67 anos quando sofreram a violência; 28 tinham entre 15 a 18 anos e 23 tinham entre 9 e 14 anos.

De acordo com os promotores, os próximos passos incluem, além da continuação das oitivas das vítimas, o depoimento do próprio investigado e a apresentação de denúncia criminal de, pelo menos, três casos, cujos crimes são o de estupro, violência sexual mediante fraude e estupro de vulnerável.

Sobre os relatos, os promotores destacaram que o médium se valia da fé dos frequentadores e também do respeito que elas (as vítimas) tinham por ele. Além disso, o médium se valia da fragilidade das pessoas que, muitas, vezes estavam com graves doenças.

Prisão

João Teixeira de Faria, 76 anos, conhecido como João de Deus, se entregou no dia 16 de dezembro, em Abadiânia (GO). O médium teve seu mandado de prisão preventiva solicitado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) e aceito pela Justiça, após as denúncias com os relatos de abusos tomarem conhecimento público.

João de Deus se entregou, por volta das 16h,  em uma estrada de terra do município de Goiás, às margens da BR-060. A polícia chegou em três carros, e o médium no veículo de um de seus advogados. João de Deus estava em um sítio.

Veja algumas imagens no momento da entrega:

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Entenda

As denúncias contra João de Deus começaram a vir a público em 7 de novembro, quando o programa Conversa com Bial, da TV Globo, divulgou as primeiras denúncias de abuso sexual. A partir daí, outras mulheres que afirmam ser vítimas do médium começaram a procurar as autoridades e a imprensa. Os relatos apresentam vários pontos em comum: qual teria sido a estratégia adotada pelo líder para atrair as vítimas, o local onde o abuso ocorria e as ameaças feitas para as mulheres.

Embora os relatos de abusos tenham aumentado, promotores afirmam ser indispensável que vítimas formalizem suas denúncias. Além dos depoimentos, serão usados como prova laudos realizados por psicólogos. Meireles afirmou que, de acordo com o andamento da coleta de provas, casos semelhantes que já haviam sido arquivados poderão ser reabertos.

A equipe já identificou um caso arquivado e um processo em que João de Deus recebeu uma acusação semelhante, mas foi absolvido. O representante do Ministério Público de Goiás afirmou que as penas, somadas, poderiam chegar a mais de 150 anos.

 

 

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