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Brasil

Dexametasona: especialista atenta às consequências do uso indevido

Por ser de fácil acesso nas farmácias, especialistas alertam para que ninguém compre ou use o remédio sem recomendação médica

Agência UniCeub

24/06/2020 16h39

Por Mayra Christie 
Jornal de Brasília/Agência UniCEUB

Na última semana, pesquisadores da Universidade Oxford, no Reino Unido, divulgaram um estudo mostrando  resultados positivos no uso do corticoide Dexametasona em pacientes em situação grave com covid-19. Ainda não publicado em periódicos científicos, o uso do medicamento reduziu a mortalidade de pacientes em ventilação mecânica. Os pesquisadores entendem que o remédio não é eficaz para utilização em casos mais leves ou como medida de prevenção ao coronavírus. No Brasil, o corticoide já começou a ser utilizado. Por ser de fácil acesso nas farmácias, especialistas alertam para que ninguém compre ou use o remédio sem recomendação médica. 

O professor de farmacologia clínica Danilo Avelar explica que, mesmo não sendo um antiviral, o corticoide vem apresentando bons resultados devido a sua capacidade de inibir a chamada “tempestade de citocinas”, resposta imunológica inflamatória que compromete, principalmente, os pulmões dos pacientes com Coronavírus, comprometendo a função respiratória.

“Inibir a resposta imune inflamatória (que é o principal papel dos corticoides) pode reduzir (ou extinguir) a ‘tempestade de citocinas’, minimizando os danos inflamatórios e, consequentemente, comprometimento pulmonar”, explica o profissional.

Perigo

Por ser um medicamento encontrado em farmácias comuns, o anúncio do estudo da universidade britânica pode preocupar. É importante esclarecer que, o uso sem acompanhamento ou indicação médica pode ter efeitos negativos. Um dos maiores problemas acarretados pelo uso indevido do medicamento, de acordo com o professor de farmacologia, é a diminuição da imunidade, mas pode trazer também outros malefícios à saúde. “Pode causar outros efeitos adversos já conhecidos, como, hipertensão, hiperglicemia/diabetes, osteoporose, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, úlcera gástrica ou duodeno, entre outros tantos”, explica Danilo Avelar.

No Brasil, o Dexametasona já era utilizado, juntamente com outros corticoides e fármacos para tratar de pacientes graves de Covid-19. “Temos também outras propostas ‘alternativas’ de tratamento, associando diferentes fármacos. A própria cloroquina e seu derivado, por exemplo, a hidroxicloroquina (que são utilizados para malária e para algumas doenças autoimunes), ivermectina (que é um vermífugo, utilizado para tratar verminoses tanto em humanos, quanto em outros animais) e  azitromicina ou eritromicina, q são antibacterianos”, explica o professor. A divulgação do estudo, tende assim, a ampliar o uso do medicamento em pacientes graves de Coronavírus.

O que são corticoides? 

Os corticoides são hormônios produzidos naturalmente em nosso organismo, na região do córtex da glândula suprarrenal. Danilo explica que, como fármacos, eles são sintetizados como moléculas idênticas às naturais, e atuam como anti-inflamatórios. “Eles inibem algumas enzimas ou outras substâncias que desencadeiam as respostas inflamatórias (como as citocinas pró-inflamatórias e a fosfolipase A2, que estimula a produção e a liberação de prostaglandinas, que podem desencadear o aumento dessas substâncias causadoras da inflamação”, esclarece o especialista. 

O uso desse tipo de medicamento é indicado para doenças que envolvem inflamação sistêmica, como as doenças autoimunes. “Asma, lúpus, alergias, artrite reumatóide, hepatite autoimune, doença inflamatória intestinal, vasculite, gota, leucemia, linfoma, psoríase, esclerose múltipla, urticária, transplante de órgãos (para evitar reação de rejeição e/ou inflamação), são exemplos de doenças onde o uso de corticoides são recomendados”, informa Danilo.

O professor de farmacologia clínica acrescenta que os medicamentos podem ser encontrados de diversas formas. O especialista explica que, os comprimidos, geralmente, são para doenças reumáticas, alérgicas, respiratórias, dermatológicas, oftálmicas e endócrinas.

Entretanto, os corticoides podem tomar outros formatos a depender do problema a ser tratado. “Pode ser spray nasal, para congestão nasal intensa e rinite, em colírio, para alguns tipos de conjuntivite e para reduzir a irritação, e inflamação em geral. Pode ser também inalatória,  para tratar asma, alergias respiratórias e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica)…”, exemplifica Danilo, que também cita os modelos de pomadas, cremes e gel para o tratamento de doenças de pele e reações alérgicas, como dermatites e os injetáveis, para o tratamento de doenças diversas que vão até tumores malignos.

 

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